Dados científicos indicam «bons sinais» de recuperação do stock de sardinha

O stock Ibérico de sardinha foi avaliado no final deste recente mês de Junho pelo Conselho Internacional para a Exploração do Mar

A biomassa reprodutora da sardinha atlanto-ibérica aumentou cerca de 66% entre 2019 e 2020, estimando-se esse valor, para o início de 2020, em 344 mil toneladas, anunciou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), citando a avaliação científica.

Este aumento de biomassa deve-se sobretudo «ao recrutamento da geração de 2019, a mais abundante desde 2004, à grande redução das capturas, e à gestão da pescaria realizada», acrescenta o IPMA.

Em 2020, e pela primeira vez desde 2009, a biomassa ultrapassa já o “trigger” MSY estando agora em “capacidade reprodutiva total”.

O stock Ibérico de sardinha foi avaliado no final deste recente mês de Junho pelo CIEM (Conselho Internacional para a Exploração do Mar), o organismo científico internacional que apoia a Comissão Europeia, e os estados membros da União, no aconselhamento sobre o estado biológico da sardinha atlanto-ibérica, e as oportunidades de pesca, reunindo informação dos cruzeiros de investigação e dos desembarques em lota. O parecer, já divulgado, pode ser encontrado neste link.

O parecer do CIEM seguiu o procedimento regular solicitado pela Comissão Europeia para 2021, e ainda, por solicitação dos governos de Portugal e Espanha, que em conjunto gerem esta pescaria, incluiu a revisão em alta do aconselhamento para 2020, tendo em conta os dados mais recentes das campanhas e da pescaria.

O parecer informa sobre um conjunto de alternativas de gestão que incluem o MSY (maximum sustainable yeld) e a utilização de uma regra de exploração precaucionária no longo prazo, já aferida pelo CIEM.

Portugal e Espanha acordaram, em 2018, gerir a pesca da sardinha com base num Plano de Gestão e Recuperação, que conduziu a uma grande contenção nas capturas e a medidas adicionais de proteção de juvenis e de gestão da pescaria.

Estas medidas resultaram numa redução de 90% da mortalidade por pesca nos últimos oito anos. «A recuperação observada assentou em parte na grande redução do esforço de pesca que tem lugar desde 2012 e se acentuou a partir de 2014, e no conjunto de medidas de gestão decididas pelos dois governos», explica o IPMA.

 

Apesar da falta da campanha acústica espanhola de Primavera, que não se realizou devido à pandemia da COVID-19, o processo pode utilizar na totalidade a campanha acústica portuguesa, realizada com a utilização do navio de investigação espanhol Miguel Oliver, e a colaboração de investigadores do IPMA e do Instituto Espanhol de Oceanografia.

Uma das conclusões dominantes deste estudo prende-se com a melhoria do recrutamento, já determinada no cruzeiro do Outono de 2019.

 

É importante assinalar o facto de o elevado recrutamento de 2019 ter sido gerado por uma biomassa desovante reduzida. Esta situação não é inédita na história do recurso (ocorreu em 1999-2000), e parece indicar que os factores ambientais terão sido determinantes no sucesso do recrutamento.

O IPMA está a estudar se as condições ambientais podem explicar este ano de exceção em relação à década anterior, ou se este foi resultado de ter aumentado a população reprodutora devido à importante redução do esforço de pesca, ou uma combinação dos dois fatores. «Esta questão está intimamente relacionada com a possível transição entre regimes de recrutamento», acrescenta.

Importa ainda salientar a predominância de indivíduos jovens com baixo potencial reprodutivo, cuja sobrevivência é importante assegurar para um futuro de pesca sustentável, bem como a necessidade de ser mantido o esforço de monitorização constante desta espécie, e de assentar os mecanismos de gestão no aconselhamento científico.

 

 

 

 



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