Câmara quer hotel e comércio nos terrenos da BelaOlhão, PSD desaprova

PSD acusa o executivo PS de usar o poder público para «realizar operações com interesse puramente imobiliário»

Foto: Hugo Rodrigues|Sul Informação

Os terrenos da antiga fábrica da BelaOlhão vão ser vendidos a privados, para que no local nasça um espaço «turístico, habitacional e comercial», revelou ao Sul Informação António Miguel Pina, presidente da Câmara de Olhão. Um negócio que já foi criticado pelo PSD local, que acusa o executivo PS de «uso do poder da Administração Local para realizar operações com interesse puramente imobiliário».

Os social-democratas votaram contra a proposta de aquisição deste imóvel pela Câmara e pela empresa municipal Ambiolhão e dizem que «a verdadeira intenção do Município não foi a de servir o interesse público, mas sim viabilizar um negócio no valor de 4 milhões e 500 mil euros com objetivos de investimento imobiliário».

Isto apesar de, há um ano, no Dia do Município de 2019, a Câmara ter inaugurado um parque de estacionamento nesta antiga fábrica e falado na rentabilização futura do remanescente espaço «com a transferência das oficinas e outros serviços técnicos».

O PSD acrescenta que «sempre considerou descontextualizada a eventual instalação dos serviços de estaleiros e oficinas da Ambiolhão naquele local privilegiado da cidade» e que o afirmou quando votou contra a proposta de aquisição da fábrica.

A «suspeita» de que o executivo tinha outras intenções «foi confirmada pela proposta do Plano de Pormenor Este de Olhão, que incide sobre a área da antiga fábrica, e vem justificar a aquisição da totalidade do imóvel por parte da Câmara Municipal de Olhão», defenderam os social-democratas, numa nota de imprensa.

 

 

António Miguel Pina confirma que a Câmara se prepara para viabilizar um projeto «turístico, habitacional e comercial» no local, assegurando que tudo foi feito tendo em conta os interesses da autarquia.

«Há possíveis interessados em transformar aqueles terrenos num espaço turístico e comercial. Estamos a falar de um hotel de 5 estrelas, de espaços de comércio e de um estacionamento em cave», disse ao Sul Informação o edil olhanense.

Tudo isto será enquadrado pelo Plano de Pormenor Este de Olhão, que «está praticamente pronto, está em fase de aprovação. Temos a expetativa que desta operação resulte uma mais valia de pelo menos 100% para a autarquia. Vamos ganhar pelo menos o dobro».

Ou seja, a fábrica foi comprada por cerca de 4,5 milhões de euros e o presidente da Câmara de Olhão conta vendê-la por, pelo menos, 9 milhões de euros, «até mais».

 

António Pina – Foto: Nuno Costa|Sul Informação

 

António Pina assegura que se trata de «transformar um espaço industrial num espaço turístico, habitacional e comercial e, em vez de ser o privado a ganhar o dinheiro, usarmos essa transformação – que é no fundo um direito da população – de modo a que a receita reverta para a comunidade, enriquecendo os cofres públicos em vez de enriquecer um privado».

«Para além da questão financeira, que é determinante, a nossa expetativa é que este investimento a Nascente tenha um efeito dinamizador semelhante ao que teve o Real Marina Hotel, que também foi construído numa zona estragada, deteriorada, uma antiga lixeira», acrescentou o presidente da Câmara de Olhão, que lembra que a desde a abertura do hotel «começaram a surgir mais interessados em dinamizar aquela área».

«Se o PSD está contra… O que deveria ter sido feito, então? Transformar uma fábrica em habitação e ser o privado a ganhar o dinheiro? É isso que o PSD quer?»

Quanto às acusações de que se trata do «uso do poder da Administração Local para realizar operações com interesse puramente imobiliário», António Pina defende que se trata apenas de gestão do território.

«A posição do PSD revela uma incompetência tremenda. A Administração Pública gere o território. Se retira daí ganhos para o público, em vez destes irem todos para o privado, sentimo-nos satisfeitos», rematou António Pina.

 

Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação

 

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