Hospital Central lança nova discórdia entre PS e PSD

Tema continua a dar que falar na política algarvia

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Do lado do PSD, o tom é de crítica. O Hospital Central do Algarve está previsto no Orçamento de Estado de 2020? «Nem vendo ao microscópio», é a resposta. O PS, por seu lado, congratula-se e fala de uma referência «clara e explícita» à concretização da obra, no documento. Mas, afinal, vamos ou não ter já Hospital? 

Na parte dedicada à saúde, o Orçamento de Estado para 2020, que já foi aprovado na Assembleia da República, faz referência à construção, nos próximos quatro anos, de seis novos hospitais (Pediátrico Integrado/CHU São João – Porto, Lisboa Oriental, Seixal, Sintra, Alentejo e Madeira).

O investimento estimado é de 950 milhões de euros, dos quais 102 já neste ano de 2020.

Ora, como se vê por aqui, não há nenhuma indicação do avanço do Hospital Central do Algarve, um desejo antigo e reivindicado por praticamente todas as forças políticas, da direita à esquerda.

Só que, nas Grandes Opções do Plano para 2020 há uma referência à construção desta infraestrutura. A questão é que as GOP são apenas , um documento orientador que não discrimina, por exemplo, os valores dos investimentos, nem as datas em que avançarão.

Tendo em conta os «tremendos desafios que a saúde enfrenta», o Governo diz, nas GOP, que irá «promover a modernização dos equipamentos de prestação de cuidados do SNS, concretizando os projetos em curso (Hospital Lisboa Oriental, Hospital Central do Alentejo, Hospitais de Proximidade de Sintra e Seixal, Hospital do Funchal, Hospital do Algarve), e avaliando futuras necessidades».

O que aqui está vem apenas confirmar o que já foi dito pela ministra Marta Temido, numa recente visita ao Algarve: a necessidade de se avançar com estudos prévios antes do avanço da obra.

«O que eu gostaria era que nós desencadeássemos os trabalhos para poder, ou pegar no projeto que já temos em mãos, ou revê-lo à luz das novas exigências. Mas, de facto, ter decisões que pudessem ter alguma materialização só em 2021. Não estamos a falar de obras. Estamos a falar de estudos, de garantia de investimento, de decisões sobre a carteira de serviços e o caderno de encargos, para poder responder a essa necessidade dos algarvios», explicou Marta Temido, nessa visita.

Certo é que o tema continua a dar que falar na política algarvia.

Luís Graça, presidente do PS/Algarve, em comunicado enviado às redações na segunda-feira, dia 10, destacou o facto de, «pela primeira vez em muitos anos», existir, «no Orçamento e nas Grandes Opções do Plano, uma referência clara e explícita à concretização do Hospital Central do Algarve, uma luta antiga dos socialistas algarvios que merece ser sublinhada».

«Além dos cinco hospitais cuja construção já havia sido decidida na anterior legislatura, o novo Orçamento de Estado para 2020, aprovado na passada semana com os votos favoráveis do Partido Socialista e a abstenção do PCP, Verdes, BE e PAN, acrescenta agora o Hospital Central Universitário do Algarve», lê-se no mesmo comunicado, em que o PS também realça o investimento que será feito no futuro Centro de Saúde Universitário, em Loulé – essa, sim, uma infraestrutura que já se sabe que irá avançar.

Para o PSD, partido da oposição, os argumentos dos socialistas não são verdadeiros. «O PS/Algarve tornou público que o Hospital do Algarve figurava nas opções do Governo. Nada mais falsamente manipulador», acusa.

«O Governo, assinale-se de forma transparente, embora tragicamente errada para o Algarve, tornou público, num quadro plurianual, as opções para a presente legislatura. O Hospital do Algarve não consta. Não há um euro que seja para o que quer que seja. Aliás, se constasse, não haveria necessidade de a ministra da Saúde, na semana passada, ter anunciado que lançaria os estudos em 2021», defendem os sociais-democratas.

Por outro lado, acusam, a obra «não consta no compromisso enviado para Bruxelas com as novas infraestruturas a realizar até 2023».

O Bloco de Esquerda também já veio a público dizer que o «almejado Hospital Central do Algarve sofreu mais um retrocesso neste Orçamento, não obstante o palavreado da ministra da Saúde em sentido contrário».

«O PS reprovou uma proposta do Bloco (com a abstenção do PSD), que propunha começar a concretizar a sua construção. Curiosamente, no Orçamento para 2019 tinha sido aprovada uma proposta mais ou menos idêntica».

Será o Hospital Central realidade daqui a uns anos? É esperar para ver.

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