“Lavrar o Mar” também é contar as histórias dos pescadores do bacalhau de Aljezur e Monchique

Espetáculo será «muito emotivo»

A história não é muito conhecida, mas, nos anos 60 e 70, muitos jovens portugueses tiveram de optar entre ir para a Guerra Colonial ou para a árdua pesca do bacalhau, nas águas gélidas da Terra Nova, ao largo do Canadá. César Tróia, a personagem principal do novo espetáculo do “Lavrar o Mar”, representa-os a todos. “O Presente de César”, que estreia na próxima quinta-feira, 28 de Novembro, é um teatro culinário, em que haverá comida, ação e muito drama.

Na sua versão original, este espetáculo foi concebido para o Teatro Viriato, em Viseu, a pedido da Rede Cultural Viseu Dão-Lafões. Depois de ter dado «uma grande volta naquele território», chega ao Sul pelas mãos de Giacomo Scalisi, o encenador, e um dos responsáveis pelo “Lavrar o Mar”.

As sessões terão lugar de 28 de Novembro a 1 de Dezembro, na Sede do Rancho Folclórico do Rogil, concelho de Aljezur, às 19h30, no âmbito do Festival da Batata Doce.

Já de 5 a 8 de Dezembro, “O Presente de César – Quem vai para o Mar não volta à Terra” estará na Casa do Povo de Alferce (Monchique), com espetáculos à mesma hora.

Para estas exibições, haverá algumas afinações, face ao original. «No fundo, será uma versão mais algarvia desta história, escrita pelo Sandro William Junqueira», explica Giacomo, ao Sul Informação. 

O cerne de tudo, n’O Presente de César, que passará por Aljezur e Monchique, é o bacalhau. Esse peixe que, «não sendo português, é como se o fosse».

 

«O César Tróia é uma pessoa que, num certo momento, é chamada ao serviço militar e tem a tal opção: ou a guerra ou a pesca do bacalhau. Ambas as escolhas eram difíceis. As pessoas morriam muito», refere o programador cultural.

Quem optava por rumar à Terra Nova, ao largo do Canadá, passava seis meses, fora de casa, «abandonando tudo».

«Apanhavam o bacalhau com a chamada pesca à linha, feita em condições tão adversas. Estas pessoas, no fundo, quando iam para o mar, acabavam por nunca voltar. Mesmo que regressassem fisicamente, a cabeça e o pensamento ficavam sempre lá», conta Giacomo Scalisi.

É desses dramas que fala o espetáculo. A história, como já aconteceu em outras iniciativas do “Lavrar o Mar”, será acompanhada de comida, numa espécie de ementa de bordo.

O primeiro prato será uma chora: uma sopa, feita de caras de bacalhau, que era comida por estes bravos pescadores. Segue-se um bacalhau diferente, porque será acompanhado com batata doce, cogumelos e castanhas. Para terminar, haverá pêro de Monchique, acompanhado de línguas de bacalhau fritas com canela e gelado de mel.

Do ponto de vista emotivo, Giacomo garante que este “Presente de César” será «muito forte». «Tem histórias que são pouco conhecidas e que mostram como um prato de que gostamos tanto incorpora uma história profunda de Portugal», diz.

 

 

Nos registos consultados no Museu de Ílhavo, quando lá fez o espetáculo, no âmbito da Rede Dão-Lafões, Giacomo Scalisi conta que encontrou casos «de pessoas de Aljezur e Monchique que foram para a pesca do bacalhau. É algo que vamos mostrar».

O encenador e programador cultural do “Lavrar o Mar” tem «grandes expetatitvas para este espetáculo», principalmente pela «carga emotiva que acarreta».

Por isso, já se sabe, se quiser navegar pelas ondas deste “Presente do César”, o melhor é apressar-se na compra dos bilhetes (10 euros). Pode fazê-lo aqui. 

O “Lavrar o Mar” conta com os apoios das Câmaras Municipais de Aljezur e Monchique. Além do 365Algarve, também apoiam financeiramente o projeto o CRESC Algarve e a Direção Geral das Artes.

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