Foi artista plástico e um conhecido ativista de defesa do património algarvio. Mas o recém-falecido Fernando Silva Grade foi muito mais que isso: foi professor de biologia, área na qual se licenciou, ambientalista e membro do grupo de música tradicional Dar de Vaia.
Foram todas estas suas facetas que foram homenageadas ontem, numa cerimónia promovida em conjunto pela Tertúlia Farense, a Associação Almargem, a Sociedade Recreativa Artística Farense e a União de Freguesias de Faro, no Museu Municipal da capital algarvia.
Esta noite de festa foi, igualmente, a 138ª sessão da Tertúlia Farense, grupo informal de cidadãos do qual Fernando Silva Grade foi um dos grandes impulsionadores.
«Há uns anos, o António Rosa Mendes disse que a Tertúlia tinha um trio fernandino: eu, o Fernando Silva Grade e o Fernando Santos Pessoa. Esse trio, agora já não existe», ilustrou, pesaroso, Fernando Leitão Correia, o principal dinamizador do grupo informal de cidadãos farenses.
Nesta homenagem, coube um pouco de tudo: uma exposição de obras de Silva Grade, artigos de opinião, fotos, vídeos, mensagens, a música de Afonso Dias e dos Dar de Vaia e testemunhos carregados de memórias.
Entre as situações recordadas, não faltaram algumas com um toque mais humorístico, como a de uma exposição no Museu de Faro que correu muito bem, mas que foi precedida de muitas peripécias, e a da desilusão do homenageado em relação a um aspeto particular do funcionamento da Tertúlia Farense.
«Um dia, estava eu com o Fernando numa das nossas conversas a dois e ele disse: há uma coisa nas reuniões da Tertúlia que temos de mudar! E eu pensei: serão os convidados, os temas abordados, o tempo destinado às intervenções [risos generalizados, pois Silva Grade era conhecido pelas longas exposições]. Mas não. Diz ele: o vinho devia ser de melhor qualidade!», contou Leitão Correia, para uma gargalhada geral.
Ontem, em memória de Fernando Silva Grade, o vinho servido no jantar que precedeu a tertúlia, nos claustros do Museu de Faro, era «de reserva».
Fernando Silva Grade, «incansável defensor do património ambiental e cultural do nosso Algarve», morreu no dia 8 de Setembro, mas, prometem os seus amigos, enquanto depender deles, a sua memória vai perdurar.
Fotos: Hugo Rodrigues|Sul Informação