Please ensure Javascript is enabled for purposes of website accessibility
banner aljezur sempre

Um novo estudo agora publicado na revista Nature Sustainability apresenta uma nova avaliação integradora das necessidades globais de água e alimentos até 2050, tendo em conta o aumento da população mundial e a proteção dos ecossistemas aquáticos.

Os resultados indicam que, para corresponder de forma sustentável à procura crescente de alimentos, será necessário redistribuir culturas agrícolas a nível regional, adotar práticas agrícolas mais sustentáveis e aumentar o comércio internacional de alimentos.

Os recursos globais de água doce estão sob crescente pressão. Atualmente, cerca de 70% da água doce a nível global é utilizada para culturas agrícolas irrigadas, que asseguram cerca de 40% dos alimentos a nível mundial.

jf-quarteira

As Nações Unidas prevêem que a população mundial alcance os 9 mil milhões de pessoas até 2050, o que irá aumentar a pressão sobre a necessidade de água no futuro.

No trabalho agora publicado, os investigadores desenvolveram uma nova avaliação integrada das necessidades globais de alimentos e água até 2050, e de como estes recursos limitados se relacionam entre si, com o objetivo de perceber de que forma devem ser geridos os recursos hídricos tendo em conta as necessidades humanas e os requisitos dos ecossistemas de forma a garantir um futuro sustentável.

 

Sul Informação

“Os resultados revelam que, para produzir a nossa alimentação de forma sustentável e respeitando as necessidades ambientais, será necessário expandir a área de terra utilizada para agricultura em 100 milhões de hectares – aproximadamente 100 milhões de estádios de futebol – até 2050, de forma a corresponder às necessidades de alimento tendo em conta o aumento da população mundial”, explica Amandine Pastor, colaboradora do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, e primeira autora deste estudo.

“Para que tal seja possível, tendo em conta os recursos hídricos limitados, será necessário reduzir as culturas intensivas em áreas secas e redistribuir a produção agrícola de alimentos em regiões abundantes em água”, acrescenta Amandine Pastor, que é também investigadora do Instituto de Investigação para o Desenvolvimento (IRD), em França.

Esta é uma das primeiras avaliações integradoras que quantifica de forma rigorosa o efeito da proteção dos ecossistemas aquáticos nas captações de água, na produção global de alimentos e nos fluxos comerciais: os resultados do estudo indicam que será necessário um fluxo adicional de 10% a 20% de comércio desde regiões abundantes em água para regiões com escassez de água a fim de respeitar as regulações ambientais que asseguram a saúde dos ecossistemas – sendo que os principais fluxos comerciais vão da América Latina para o Médio Oriente e China.

Para este estudo, os investigadores utilizaram cenários de mudanças climáticas e cenários de mudanças socioeconómicas desenvolvidos pela comunidade científica para o Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) e compilaram vários conjuntos de dados, incluindo dados sobre restrição do uso de água de forma a respeitar os requisitos de conservação dos ecossistemas de água doce.

“É importante perceber que os recursos naturais são limitados. Os resultados do nosso estudo indicam que será possível manter a segurança alimentar e os requisitos de conservação dos ecossistemas de água doce até 2050, apesar da crescente poluição e dos crescentes impactos das mudanças climáticas. Mas, para que isso seja possível, devem ser adoptadas práticas sustentáveis e inovadoras, como cultivar em zonas agro-climáticas apropriadas – por exemplo, plantar culturas menos intensivas em água em áreas secas -, desenvolver a agricultura urbana e vertical e reduzir o consumo de carne na dieta humana”, conclui Amandine Pastor.

 

Referência do artigo:
Pastor A.V. et al. (2019) The global nexus of food-trade-water sustaining environmental flows by 2050. Nature Sustainability. Disponível aqui: http://doi.org/10.1038/s41893-019-0287-1

 

Autor: Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais – cE3c
Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

são brás de alportel
faceco

Também poderá gostar

Sul Informação - Dispersores de sementes ajudam plantas a subir às montanhas para escapar das alterações climáticas

Dispersores de sementes ajudam plantas a subir às montanhas para escapar das alterações climáticas

Sul Informação - Plantas em zonas secas adotam estratégias de adaptação diferentes

Plantas em zonas secas adotam estratégias de adaptação diferentes

Sul Informação - Festival mostrou florestas marinhas de Sagres e Vila do Bispo a mais de 100 pessoas

Festival mostrou florestas marinhas de Sagres e Vila do Bispo a mais de 100 pessoas