150 agricultores já declararam prejuízos com os incêndios, mas pode haver mais

Capoulas Santos estima que o processo de apoio aos agricultores afetados pelos incêndios esteja concluído «até final de Novembro»

São já 150 os agricultores afetados pelo incêndio que lavrou em Monchique, Silves e Portimão que declararam prejuízos causados pelos fogos e o número ainda «poderá aumentar». O ministro da Agricultura esteve no Algarve esta quinta-feira, dia 16 de Agosto,  para visitar uma exploração afetada pelo fogo e falar com as organizações de produtores locais, da área agrícola e florestal, e fez um primeiro balanço das explorações que registaram perdas devido às chamas.

«Neste momento, foram identificadas cerca de 150 explorações afetadas. Metade desses prejuízos tem a ver com construções, com dependências agrícolas. Cerca de um terço está ligado a maquinaria e equipamento – máquinas, tratores, equipamentos de rega, tubagens. Também existem alguns animais mortos, infelizmente. Os restante 20% dos prejuízos são em culturas permanentes, nomeadamente pomar e essencialmente de citrinos», resumiu Capoulas Santos.

Antes de se reunir com os representantes dos agricultores e dos produtores florestais, o membro do Governo passou em Alferce, onde visitou uma exploração agrícola que foi quase totalmente destruída pelo fogo e que é um exemplo do que se perdeu nas chamas.

A Quinta de Alferce, uma exploração com cerca de sete hectares situada à porta da aldeia que lhe empresta o nome, ardeu quase na totalidade. «Está à vista!», diz José António Varela, dono da propriedade, com um movimento de braço a indicar o vale que fica por baixo, onde só restaram árvores calcinadas e cinzas.

«Ninguém esperava uma coisa destas. Perdi tudo o que tinha aqui: as árvores de frutos, as sobreiras. Também perdi duas vacas e um boi. Restam ali duas, mas não sei o que sai dali», contou ao Sul Informação o agricultor de 83 anos.

«Aqui e ali, ainda se vê um biquinho verde, mas… Arderam os limões, ardeu tudo», diz, agastado.

«Eu tinha isto tudo limpo, por isso não me arderam máquinas. O fogo foi de árvore em árvore», pelas copas, descreveu.

É de histórias como a de José António Varela que se fazem os números que têm vindo a ser apurados pelos técnicos do Ministério da Agricultura e dos quais Capoulas Santos fez um balanço preliminar.

As cerca de 150 declarações de prejuízos, entregues até quarta-feira à noite, «dizem respeito a um universo de cerca de 500 agricultores». O membro do Governo estima que este número «possa vir a aumentar», mas acredita que «dificilmente ultrapassará os 250».

O ministro do Ambiente afirmou, ainda, contar em ter tudo resolvido «até final de Novembro».

As associações de produtores agrícolas foram informadas, durante a reunião, que o período de apresentação de candidaturas será aberto «já na próxima semana» e que terá a duração de um mês, como o Sul Informação já havia avançado.

«Depois, teremos um período sensivelmente igual para a aprovação das candidaturas, contratualização e pagamento contra-fatura», disse.

Neste último capítulo, Capoulas Santos salientou que, tal como o nosso jornal já deu conta, a partir deste ano, todas as despesas que sejam feitas a partir do momento da ocorrência podem ser incluídos nas candidaturas. Antes, só contavam os comprovativos de despesa que fossem passados após a data de entrega da candidatura.

«Conseguimos uma alteração dos regulamentos da União Europeia que nos favorece. Assim, mesmo antes das pessoas apresentarem as candidaturas, já podem pedir os comprovativos de despesa, que serão mais tarde considerados válidos para efeito da retribuição dos apoios», anunciou.

Os produtores florestais não foram esquecidos e estão já a ser equacionadas «um conjunto de medidas que, para já, tem a ver com a estabilização de emergência».

«São medidas de apoio que são apoiadas a 100% a fundo perdido para os declives em que haja maior perigo de erosão. Esse concurso vai abrir até final de Agosto e podem candidatar-se as organizações de produtores florestais e as autarquias», disse o ministro.

Aqui, a ideia é criar proteções com pedras, troncos e outro tipo de materiais «para salvaguardar os caminhos rurais que foram afetados, mas, sobretudo, para travar a erosão». Esta medida será complementada com outra, a ser lançada pelo Ministério do Ambiente – cujo titular vem ao Algarve na próxima semana -, destinada à proteção das linhas de água.

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