Primeiro estranha-se os métodos do IKTIMED, depois colabora-se

Ao princípio ainda se nota alguma timidez, mas depressa a língua se solta e a troca de ideias para possíveis […]

Ao princípio ainda se nota alguma timidez, mas depressa a língua se solta e a troca de ideias para possíveis colaborações futuras começa. O CRIA- Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia da Universidade do Algarve juntou na mesma sala e à mesma mesa empresários dos setores da tecnologia e turismo e agroalimentar, numa reunião realizada no âmbito do projeto IKTIMED.

A UAlg aproveitou a realização da 1ª Feira de Cooperação Empresarial do Sul ExpoSinergia, que decorreu entre 21 e 24 de março no NERA, em Loulé para entrar numa nova fase do projeto Europeu IKTIMED – Aumento de Transferência de Conhecimento e Inovação na área do Mediterrâneo, do qual é parceira.

Esta é a fase final do projeto, que se segue a um trabalho de cerca de dois anos, coordenado por João Mil-Homens do CRIA. O objetivo principal do IKTIMED é fortalecer a competitividade das PME do Sul da Europa, promovendo uma nova parceria público-privada de apoio à inovação.

Depois de dois anos a preparar o terreno, os parceiros de vários países europeus passaram agora para uma fase de promoção da colaboração empresarial efetiva, através deste tipo de reuniões. A da semana passada foi a «reunião zero» entre empresas algarvias, que são desafiadas a criar comunidades para crescer em conjunto.

O encontro acabou por não ter «a adesão esperada», talvez por «ser à mesma hora do jogo da seleção», mas isso não desanima os animadores desta fase do projeto, João Amaro e Jorge Graça.

O convite inicial foi lançado a 20 empresas da região, dez por cada um dos setores, mas apenas estiveram no almoço-reunião da passada semana oito. Mas, frisou João Amaro, há parceiros que, apesar de não terem podido comparecer, querem participar nas reuniões futuras e este «não é um grupo fechado».

«Esta primeira reunião serviu sobretudo apresentar esta dinâmica. Não é muito habitual organizar as empresas por setores», disse João Amaro. Os convidados foram divididos por duas mesas de trabalho, dependendo do seu setor de atividade, onde puderam trocar impressões ao mesmo tempo que almoçavam, num registo mais descontraído.

«Algumas empresas estiveram connosco no evento que houve em Barcelona de lançamento destas comunidades, bem como outras avisaram previamente que não iam poder estar presentes», revelou. Nessa ocasião, acompanharam o CRIA cinco empresas da região.

«Estas coisas são sempre interessantes para as pessoas se ficarem a conhecer, a saber o que fazem. Há sempre aquele choque inicial, mas também áreas de interesse comum que são descobertas. Foram apanhadas um pouco de surpresa, mas vão daqui a pensar sobre este desafio e na próxima reunião já irão surgir ideias concretas», continuou o co-animador dos encontros.

A ideia da reunião zero era, precisamente, apresentar os empresários uns aos outros, para que, nas quatro reuniões seguintes, que decorrerão em abril e maio, já se possa avançar com trabalho concreto.

E o lançar do “bichinho” parece já ter dado alguns resultados. «O projeto tem a grande vantagem de criar redes e tentar perceber que oportunidades podem surgir entre pessoas que trabalham na mesma área, no nosso caso agroalimentar», ilustrou José Diogo, da empresa Sparos, que se dedica a produzir rações para peixe de aquacultura.

Para o representante da empresa algarvia, neste tipo de eventos «surge sempre qualquer coisa, que nós percebemos que podemos aproveitar». «Tudo dependerá da nossa capacidade de conseguir desenvolver essas ideias nas próximas reuniões», acrescentou.

«Este casamento demora sempre um tempo. Agora, que há muita gente com ideias de coisas novas que querem fazer e que têm a perceção de que não têm, por si só, as competências necessárias e que seria muito interessante juntar-se com A ou B, isso há», reforçou João Amaro.

 

Ser facilitador pode ser uma tarefa difícil

Os dois animadores das reuniões, que são ex-membros do CRIA com vasta experiência na dinamização de projetos desta natureza, assumem uma tarefa que não é simples, apesar de a sua função ser apelidada de facilitador.

«A nossa função é facilitar [a relação entre empresas], mas acaba por ser sempre difícil. As nossas áreas de formação e conhecimento não dão para apanhar todos os temas. Mas tentamos dar ideias, espicaçar», para estimular a criatividade dos convidados. «Só o facto destas empresas terem aceite o desafio, já significa que estão dispostas a fazer algo diferente do habitual», considerou Jorge Graça.

Apesar de terem selecionado 20 empresas, por considerarem que seriam as que teriam mais interesse e capacidade em colaborar umas com as outras, os responsáveis pelas reuniões mantém as portas abertas. «Se houver outras empresas ou organismos que os convidados quiserem trazer para o grupo, estamos perfeitamente abertos a isso», revelou.

Na reunião participou uma representante do projeto TASA, que pretende inovar sobre o artesanato, que tem associados a si diversos jovens artesãos, que são também empresários por conta própria.

«Este projeto pode ser um complemento ao TASA. Podemos saber o que fizeram parceiros que já passaram por algumas dificuldades, que nós ainda estamos a tentar perceber como as vamos resolver. Também podemos desenvolver produtos ou aproveitar os que já foram criados e dar-lhes seguimento», referiu Andreia Pintassilgo, do projeto TASA.

«Por exemplo, podemos usar os saleiros, que podem vir a ser um bom complemento ao Sal Marinho. Também temos recipientes de barro e de palma que podem ser usados para embalagem para muitas coisas», exemplificou.

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