Este ano há mais oportunidades de observar aves no Festival de Birdwatching de Sagres

Mais dias, mais atividades e maior abrangência. Na terceira edição, o Festival de Observação de Aves de Sagres voltou a […]

Mais dias, mais atividades e maior abrangência. Na terceira edição, o Festival de Observação de Aves de Sagres voltou a crescer, depois de as duas primeiras edições terem provado ser um sucesso.

Entre 30 de setembro e 7 de outubro, há atividades para todos os gostos para o público em geral e ações dirigidas a grupos específicos, muitas das quais já com lotação esgotada.

Não há, ainda assim, razão para alarme. A maioria das mais de cem atividades têm ainda vagas disponíveis, desde saídas de campo, saídas pelágicas (em busca das aves marinhas, de barco), mini-cursos e sessões de educação ambiental.

Além das atividades cuja inscrição está já aberta, haverá ainda ações às quais só se poderá aderir durante o Festival, para dar uma oportunidade àqueles que não conseguiram inscrever-se online e se dirijam a Sagres.

As inscrições, em 2012, são todas feitas no site do Festival, o que facilita a vida à organização e aos participantes. No mesmo site, também se pode encontrar o programa completo.

Anabela Santos, da associação Almargem, e Nuno Barros da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), entidades que organizam o evento, estiveram à conversa com a Rádio Universitária do Algarve no Programa Impressões, rubrica dinamizada em conjunto pelo Sul Informação e pela RUA FM. O podcast do programa já está disponível no site da rádio.

A grande novidade desta terceira edição do Festival de Observação de Aves de Sagres é mesmo a sua expansão de três dias para uma semana de atividades. Embora as iniciativas mais abrangentes estejam concentradas entre os dias 5 e 7 de outubro, o evento começa a 30 de setembro, com atividades quase sempre orientadas para públicos muito específicos.

O primeiro dia é a exceção à regra, já que está toda a gente convidada a participar numa ação de limpeza. «No dia 30 de manhã haverá uma atividade aberta a todos, que é a remoção de lixo nos locais mais emblemáticos, onde fazemos as saídas de campo. Foi um aspeto que, no ano passado, muita a gente focou, o facto de haver muito lixo», revelou Anabela Santos.

Nos primeiros dias de outubro, sucedem-se os worshops orientados a grupos específicos. No dia 1, depois da inauguração oficial do evento, as atividades são orientadas à população local.

«Haverá uma sessão à noite só para a população de Vila do Bispo, para os informar do programa e das atividades a eles dirigidas. Há saídas de campo só para locais, para eles saberem um pouco o que têm no seu concelho, ao nível de aves», revelou a representante da Almargem.

No dia 2, as oficinas de trabalho são orientadas para empresas de animação turística, enquanto no dia 3 são chamados a participar os técnicos das Câmaras Municipais algarvias. «A ideia é que pelo menos um técnico de cada autarquia se inscreva», disse.

«No dia 4 temos um workshop dedicado a alunos dos cursos de Biologia e Biologia Marinha da Universidade do Algarve, de introdução às técnicas para censos costeiros de aves marinhas, que neste momento já está esgotadíssimo. Originalmente havia vagas para 30 e há quase 40 alunos inscritos», revelou Anabela Santos.

A partir de dia 5 de outubro e até ao final do festival, tudo decorrerá à semelhança das duas primeiras edições, com a diferença de que haverá mais escolha. A oferta está dividida em atividades mais orientadas aos observadores de aves mais experientes e outras dedicadas aos que ainda não conhecem esta realidade a fundo.

«Por um lado, tentámos ir ao encontro dos birdwatchers, aquelas pessoas que são aficionadas pela observação de aves. Há atividades que esgotam rapidamente, poucas semanas depois de anunciarmos o programa, porque, de facto, são para um público muito especial, aquelas pessoas que já observavam aves regularmente, que já têm o material, como telescópios e binóculos e que também já conhecem Sagres antes de existir o festival e já cá vinham observar aves e o fenómeno da migração», revelou Anabela Santos.

«Por outro lado, tentamos atrair aqui novas pessoas. Pessoas que se calhar não sabem identificar aves, ou conhecem poucas espécies, mas têm o gosto pela natureza, que gostam, por exemplo, de caminhadas. Assim, temos outras atividades que não são para experts, mas sim para iniciantes», acrescentou.

Um bom exemplo são os mini-cursos que serão ministrados. «Temos conjuntos de mini-cursos muito simples, de cerca de duas horas, para dar só uma luz sobre temas específicos, para os participantes saberem um pouco mais e, a partir daí, procurarem mais dentro daquelas temáticas, se as interessar. Também temos atividades específicas para famílias e para crianças», explicou Anabela Santos.

 

Caçadores voltam a ter atividades a eles dirigidas

 

A ideia não é nova, mas não teve o sucesso desejado no ano passado, a primeira vez que foi aplicada. A sensibilização dos caçadores algarvios foi um objetivo assumido na segunda edição e terá este ano um reforço, em colaboração com uma associação de caçadores locais.

«No ano passado, tentámos aproximar-nos dos caçadores de Sagres. As coisas não resultaram como nós queríamos. Fizemos uma palestra onde compareceram poucas pessoas. Este ano pensámos melhor, mudámos a estratégia. Fomos ter com uma associação de caçadores, que nos acolheu muito bem e tentámos ver com eles o que lhes fazia falta, o que eles queriam. O Nuno será uma das pessoas que lá estará no dia 29, na sessão que agendámos com eles. Vai fazer pequena apresentação e já temos público garantido», revelou Anabela Santos.

Nesta sessão, explicou Nuno Barros, tentar-se-á uma aproximação aos caçadores, que poderá ser bem menos complicada do que parece. «Dois ou três dos observadores de aves mais experientes em Portugal são pessoas que vieram da caça», revelou. De resto, a possibilidade de colaboração surgiu através do dirigente da associação de caçadores parceira da organização, que esteve no festival em 2011 e quis dar uma ajuda.

«As associações de caçadores já não têm a mesma mentalidade hoje que tinham há anos, nos anos 60,70 ou 80, quando a caça era muito pouco regrada. Hoje, a maioria já tem a consciência que há muitas aves, nomeadamente as de rapina, que estão associadas aos seus interesses e não a competir diretamente com eles», considerou.

«Uma das motivações de ter estas sessões de sensibilização e esclarecimento com populações específicas, como os caçadores, é o facto de eles andarem no terreno e poderem alertar para determinadas situações. É uma maneira de os envolver na monitorização e proteção da natureza», explicou.

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