«O Verão está a chegar» mas mais enfermeiros nem por isso

A frase é inspirada numa série televisiva de culto e alerta para o que pode ser visto como uma nova […]

A frase é inspirada numa série televisiva de culto e alerta para o que pode ser visto como uma nova temporada de um problema que se arrasta há anos. A delegação do Algarve do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP) alugou espaço publicitário em autocarros urbanos de Faro e Portimão para passar a mensagem “Summer is Coming… E ainda faltam 500 enfermeiros no Algarve” e pressionar o Governo a contratar mais profissionais de saúde, para fazer face ao pico de afluência do Verão.

A campanha assenta num cartoon, que pode ser visto durante o próximo mês em dois minibuses, um da carreira urbana de Faro e o outro de Portimão. Nele, além da frase que alerta para a falta de enfermeiros e da sua tradução em inglês, vê-se um desenho que remete para a personagem John Snow da série “Game of Thrones”, com uma bata e ar exausto. A expressão “O Verão está a Chegar”, que aparece em inglês no cartaz, remete para o mesmo programa televisivo, cujo slogan é “Winter is Coming”.

Segundo Nuno Manjua, delegado regional do SEP, esta ação dá conta daquele que é «o objetivo para este ano» do SEP, ao nível da contratação de enfermeiros, para o Algarve. «Ao longo do Verão vamos dar nota de eventuais dificuldades que possam surgir, em português, mas também em inglês, para as comunicar à imprensa internacional», revelou.

«O Algarve é um destino turístico de excelência. E uma das coisas que os que visitam a região querem saber é as condições de saúde que vão encontrar no destino para onde viajam. Assim, achamos importante fazer este aviso», disse o sindicalista.

Nuno Manjua

É que, lembra Nuno Manjua, «a população do Algarve triplica no Verão e vai ser com muita dificuldade que conseguiremos dar resposta».

«Um dos aspetos que salta à vista é a urgência. Mas quer nos internamentos, quer nos centros de saúde, já hoje existe rutura e prevemos que se agrave», acrescentou.

O delegado do SEP não teme que, ao deixar esta mensagem, possa ser mal interpretado pelos empresários do setor do turismo do Algarve. «Pelo contrário. O que queremos é que os empresários do turismo nos ajudem a exigir, junto do Ministério da Saúde, que acabe a carência crónica de enfermeiros na região», defendeu.

Dos 500 enfermeiros que estão em falta no Algarve, segundo o sindicato, «350 são relativos aos hospitais e 150 aos centros de saúde». E, apesar das promessas e anúncios de contratação de mais profissionais desta área para as unidades de saúde de todo o país, elas têm esbarrado «na burocracia», já que o Governo tem «colocado, sistematicamente, dificuldades de contratação às instituições».

«O Governo tem usado a burocracia para adiar a contratação na tentativa de poupar algum dinheiro. Isto já aconteceu em três momentos. Todas as instituições têm de submeter os pedidos à aprovação do Ministério da Saúde. Quando mudou o secretário de Estado, pediram novamente para enviar as solicitações. Quando saiu o Orçamento de Estado, os processos voltaram novamente para trás. Agora, com a saída do Decreto de Lei da execução orçamental, em Maio, fizeram a mesma coisa», acusou Nuno Manjua.

Mais do que adiar a contratação, o ministério «não tem autorizado, nem de perto nem de longe, aquilo que é pedido» pelas unidades de saúde.

O delegado do SEP no Algarve dá o exemplo do INEM, que fez um pedido para contratar «15 enfermeiros, mas só foi autorizado a contratar três, em todo o país», o mesmo número de profissionais que são necessário «só para o Algarve».

Quanto ao anúncio da contratação de mais 2 mil profissionais de saúde, anunciado pelo ministro do Ambiente, Nuno Manjua diz que «só para fazer face à mudança das 40 para as 35 horas, é necessário esse número de enfermeiros». Por outro lado, «se o problema já é conhecido há um ano, porque só agora avançam para as contratações?», questionou.

Para a semana, no dia 28 de Junho, há greve de enfermeiros, lembrou o sindicalista, que anunciou que será assinalada, no Algarve, «com uma concentração junto ao Hospital de Portimão».

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