Chegou à hora marcada: eram 13h00 em ponto quando Marcelo saiu do carro, em frente à Praça do Infante, para assistir à cerimónia do içar da bandeira nacional. O mote estava dado: para trás, tinha ficado uma noite de «festa rija» junto à seleção nacional de futebol, mas o pensamento do Presidente da República já estava na outra festa que começou hoje, em Lagos. E onde aproveitou para falar do presente – não envenenado – que é a reforma do Estado, prometida pelo Governo.
Numa cerimónia em que participaram a Banda do Exército e o Grupo Coral Lagos, Marcelo ouviu – e cantou parte – do Hino Nacional.
Centenas de pessoas iam compondo a Praça, curiosas pelo momento: seria a elas que o Presidente se dirigiria, mal acabou o Hino.
Marcelo tirou selfies, falou com turistas, trocou impressões em inglês, visitou uma exposição sobre Vasco da Gama, percorreu os vários stands das Forças Armadas presentes em Lagos.
Foi também lá, junto a um desses stands, que o Chefe de Estado falou aos jornalistas para dar conta da noite «muito longa» que tinha tido. Tudo por culpa da vitória de Portugal, na Liga das Nações, a que Marcelo assistiu, em Munique, ladeado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro.

«Ainda estivemos com os jogadores, com o presidente da Federação… Falei com os jogadores e lembrei as finais em que tínhamos estado. Já são poucos os que se lembram, mas ainda estavam lá alguns: recordei o Europeu de 2016, a Liga das Nações de 2019 e agora esta nova aventura. Alcançámos duas grandes vitórias», disse Marcelo.
E há razões para o Presidente falar dessa noite atribulada: segundo o próprio, só saiu de Munique às 2h00. Ainda foi levar o primeiro-ministro a Nice (França), de onde só saiu já perto das 3h30. Contas feitas, disse Marcelo, só chegou a Lagos… «lá para as 6 e tal», depois de ter aterrado em Faro.
«Custou, saiu do lombo, mas eles estavam muito felizes. Nunca vi a seleção tão feliz. Acho que até bateu Paris, em 2016. Foi a confirmação, contra tudo e contra todos, de que nós fizemos uma coisa oposta: os espanhóis acabaram com a equipa antiga e fizeram uma só de jovens; nós juntámos várias gerações», considerou.
Mas nem só de futebol falou o Presidente: questionado pelos jornalistas sobre a reforma do Estado prometida pelo Governo – até há um Ministério para o efeito -, Marcelo assumiu que é uma «obra para quatro anos, no mínimo».
«[Reforma de Estado] Sei como vai ser feita. São duas dimensões muito difíceis: falar é fácil, fazer é difícil. Uma é fundamental e passa por digitalizar. Não sei se sabem mas, neste momento, há Ministérios que têm centenas de processos de digitalização diferentes e isso não pode ser, em termos de custos e de coordenação», acrescentou.

«O PRR está a patinar em muitos casos porque é uma burocracia tal. Logo, são duas coisas que têm de funcionar bem: uma é coordenar e conjugar a forma de tratar digitalmente os dados da administração pública, a outra é rever as leis para ser mais rápido acabar com aspetos de processo e pormenores que estão a travar a função pública», disse ainda.
Outro dos temas abordados foi a despesa militar, tema que tem estado na ordem do dia, com Marcelo a explicar, em parte, o porquê de Portugal não atingir, ainda, os 2% do orçamento.
«Vários países fazem uma coisa que é considerar, como despesas militares, uma série de despesas que têm também uma parte militar, como a Proteção Civil. Aparece tudo nas contas como despesa de investimento de defesa nacional e nós não temos seguido esse caminho. Somos penalizados, ou prejudicados, porque, ao fazer as contas, fazemos de outra forma», argumentou.
Feitas as primeiras visitas, cumpridos os primeiros rituais, as comemorações do 10 de Junho continuarão esta noite e amanhã, em Lagos, sempre com Marcelo “ao comando” – amanhã, para a cerimónia oficial, a partir das 11h00, terá também a companhia do primeiro-ministro e do presidente da Assembleia da República.
Até lá, ainda há um concerto, às 21h30, comemorativo do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, pela Orquestra Ligeira do Exército, na Praça Infante D. Henrique.
Ou seja, há muito para festejar.
Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação


































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