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Um «oásis no deserto», com «vegetação típica de ribeira» e «valores naturais muito grandes de insetos, répteis, entre outras espécies»: é assim que Afonso do Ó, especialista em água da Associação Natureza Portugal/World Wildlife Fund (ANP|WWF), descreve a Ribeira da Foupana, onde, em finais de Junho, foi inaugurada uma Estação de Biodiversidade. 

«No nosso trabalho diário de ir ao terreno, percebemos que, ao longo da ribeira, há vegetação e espécies em muito bom estado. Como não somos especialistas especificamente nessa parte, propusemos à Tágis [associação responsável pela rede de Estações de Biodiversidade no país] vir connosco a este troço e eles ficaram maravilhados com o valor da ribeira da Foupana. Agora, está lá tudo explicado nos painéis dispostos ao longo do percurso», afirma ainda Afonso do Ó ao Sul Informação, referindo que esta é mais uma das 70 estações espalhadas pelo país.

A inauguração do percurso pedestre de cerca de 2,5 quilómetros com placards informativos sobre as espécies de animais e plantas presentes naquela área coincidiu ainda com o final da segunda fase do “Plantar Água”, projeto de restauro ecológico da Serra do Caldeirão, que vem «devolver a ribeira à comunidade e contribuir para que todas as pessoas possam viver mais a natureza».

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Sul Informação

 

«Com a aprovação europeia da Lei do Restauro da Natureza, está na hora de sistematizarmos e unirmos esforços no restauro ecológico dos habitats mais degradados e afetados do nosso país, seja por incêndios, secas, sobrexploração ou abandono. Urge priorizar territórios e ecossistemas onde intervir, definir ações e metodologias que garantam a sustentabilidade e eficácia destas intervenções, e integrar em rede as nossas iniciativas e projetos já em curso»,  afirma também Maria João Costa, coordenadora de Água da ANP|WWF.

Questionado sobre a possibilidade de a construção de uma barragem vir a prejudicar aquele percurso, Afonso do Ó esclarece que tal não acontecerá porque, «a existir uma barragem, será a jusante». Mesmo assim, o especialista explica o porquê de estar contra essa eventual nova infraestrutura.

«A Ribeira da Foupana, como o Vascão, é das poucas linhas de água em Portugal que ainda não tem obstáculos grandes e isso permite um contínuo, quer para os peixes, quer para o resto da fauna e flora. Com uma barragem grande, corta-se com isso, como aconteceu em Odeleite», diz.

 

Sul Informação

 

Ainda assim, Afonso do Ó frisa que a Barragem de Odeleite «fazia falta, porque era essencial ao abastecimento urbano», mas, ao contrário de Odeleite, «a Foupana não vai acrescentar praticamente nada».

«A Foupana é uma linha de água muito pequena, com capacidade temporária e sazonal, com uma bacia muito quente e árida, que só tem água quando chove, e, por isso, vamos estar a criar uma barragem como a da Bravura, que está sempre a 10 e 20%», concluiu o especialista.

Veja aqui como pode chegar à Estação de Biodiversidade.

 

O projeto Plantar Água 2023 está inserido na Iniciativa de Restauro da Paisagem da Serra do Caldeirão, promovida pela ANP|WWF, que teve início em 2007 com um projeto de restauro na Ribeira do Vascão, na bacia do rio Guadiana.
Desta iniciativa fez também parte o Plantar Água 2019-2022, com a instalação de mais de 50 mil árvores e arbustos mediterrânicos em 100 hectares, e o Plantar Montado, que visou recuperar e reflorestar mais 100 hectares de áreas degradadas noutra zona da Serra, classificada no âmbito da Rede Natura 2000.
Todos estes projetos e ações implementadas no terreno têm por base uma rede apoiada por diversos parceiros locais e regionais.

 

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