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“Sou pescador com muito orgulho!” afirma Hugo Padinha Martins, um dos pescadores mais jovens na Ilha da Culatra. Orgulhosamente enraizado na tradição pesqueira da sua família, Hugo, de 29 anos, é o pescador mais novo da Culatra a trabalhar por conta própria.

Natural de Faro, mas desde sempre a viver na ilha, Hugo começou a sua jornada nos mares há uma década, com 19 anos. O pescador conta sobre a influência da família que o levou para o mundo da pesca. “Na minha família, são todos pescadores e então sempre foi um sonho cumprir o legado, um objetivo que me propus a mim próprio de ser pescador”. Desde criança, sempre foi ajudar o seu pai, recorda.

 

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Antes de se lançar às águas e ser pescador, Hugo estudou e concluiu o 12º ano de escolaridade. Contudo, a continuação dos estudos não estava nos seus planos: “nunca gostei muito da escola e, por isso, preferi a pesca, preferi trabalhar”.

Optou por trabalhar, ganhar o seu dinheiro e formar uma família. Inicialmente, colaborou numa empresa, em conjunto com outros pescadores. Em breve, seguiu o seu próprio caminho e começou a trabalhar por conta própria, tal como a maioria da sua família.

O seu dia de trabalho, da madrugada ao anoitecer, é um ciclo que se repete inúmeras vezes. Largar a rede ao mar e voltar para ir buscá-la no dia seguinte. Um processo que parece fácil para a maioria, mas apenas com a experiência ganha ao longo dos anos se consegue o sucesso.

 

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A rotina inclui longas horas de trabalho em terra também, a reparar redes e escolher o peixe adequado para consumo, por exemplo.

A venda do pescado acontece toda na lota, uma etapa crucial no processo que define o sucesso do dia de trabalho.

No entanto, os recentes conflitos e guerras noutras partes do planeta têm impactado diretamente o preço dos combustíveis, uma despesa diária e indispensável. Isto afeta de modo imediato o possível lucro dos pescadores. “É um preço um bocado alto pela gasolina que estamos a pagar, sem apoios”, lamenta.

Devido a estas adversidades, o pescador este ano decidiu começar, em paralelo, um negócio com ostras, também por conta própria.

 

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Apesar dos desafios, Hugo mantém uma perspetiva firme sobre o seu futuro na pesca: “Até sempre, é o meu trabalho. Faço outras coisas, tenho ostras também, mas o foco principal é a pesca, é o que eu gosto de fazer. A pesca é o meu objetivo principal”.

No entanto, expressa preocupação sobre o futuro da profissão. A falta de interesse dos jovens na pesca e os desafios inerentes ao trabalho no mar levam Hugo a acreditar que a tradição está em risco de extinção.

“Cá na ilha sou o pescador mais novo, a trabalhar sozinho. Dá muito trabalho e a malta nova gosta mais de estar com os pés secos, e, no inverno, estarem no quentinho do ar condicionado do que estar no mar a apanhar chuva e vento”.

Além de todos os desafios profissionais, Hugo relata uma preocupação mais ampla: o impacto ambiental da sua atividade. O pescador aponta para a necessidade de mudanças na mentalidade, não só dos mais jovens, mas também dos mais velhos que persistem em hábitos antigos e poluentes.

“Temos de tratar o que é nosso melhor. Nós estamos cá de passagem, mas há de vir mais gente a seguir a nós e eles também vão precisar disto”.

 

 

Texto e fotos de Pedro Alves, realizados no âmbito do curso de Fotografia Profissional 22|24 da ETIC_Algarve, Escola de Tecnologias, Inovação e Criação do Algarve.

 

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