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Sul Informação - Parecer ou Ser: A escolha do caminho sustentável

O guia ou a casca da banana!

Sul InformaçãoMuitas vezes, em conversas sobre passeios com guia, surgem as divergentes opiniões sobre integrar ou não grupos, sobre gostar-se ou não de participar em atividades organizadas.

Há quem prefira a aventura de caminhar e descobrir sozinho, mas há também quem queira aprender algo mais ou, pura e simplesmente, se sinta mais seguro e confortável em descobrir um espaço acompanhado por quem o conheça.

Caminhar na companhia de um guia qualificado pode trazer de facto vantagens enormes e tornar esta atividade muito mais enriquecedora. Mas, tal como em tudo, apenas se for na companhia de um bom guia.

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Guiar por guiar, numa postura de comum funcionário público, não trará nada de novo a nada nem a ninguém. É necessário que quem guie tenha consciência e conheça na pele as vantagens e desvantagens deste serviço. Que desenvolva e explore as suas maiores valias.

O guia de natureza deverá tomar consciência de que o seu papel é também o de orientador, incutindo em cada caminhante noções de sustentabilidade, normas de segurança e respeito pelo meio natural circundante. Deverá plantar a semente que germinando fará com que cada
um saia mais desperto para a diversidade e importância do que o rodeia.

Pela experiência pessoal, afirmo que este é um caminho que se faz ao poucos. À timidez inicial de se chamar a atenção para que não saiam dos trilhos, não deixem lixo na paisagem ou não recolham exemplares indiscriminadamente, vai vindo, apenas com o tempo, a segurança para
não fingirmos que não vemos e chamar a atenção, muitas vezes, a pessoas que idade terão para ser nossos pais ou avós.

Muitos há que, com a desculpa do biodegradável, deixam restos de alimentos numa paisagem que encontram limpa mas deixam atrás poluída (até à sua total decomposição). Sim, é biodegradável mas a natureza não necessita da bela casca de banana se por lá não passarmos. Sobretudo porque, se formos honestos, dos nossos próprios jardins afastamos essa máxima da biodegradabilidade e a casca, essa, afastamos para bem longe da nossa vista.

Num trilho dunar ou de pé posto, o susto que é quando, ao olharmos para trás, nos deparamos com a imagem do que nos parece um formigueiro espalhado por entre moitas e vegetação, aenas porque por onde não há trilho está o caminho mais firme e menos cansativo para as
nossas pernas. E, com esta prática infeliz, abrimos carreiros ao lado de carreiros, pisoteamos e desertificamos espaços danificando a vegetação.

A pouca preocupação que temos em deixar intacto um espaço que encontramos bonito e que apreciámos também é prática comum. As vezes que observei o fotógrafo que após a bela fotografia tirada pisa a pequena flor que despertou a sua atenção, perdeu há muito a sua conta.

Porque nos apropriamos egoisticamente do espaço em que vivemos sem pensarmos que atrás virão outros.

Enquanto guias de natureza, temos de nos ir formando de modo a encontrar formas de evitar determinadas práticas. Temos de saber mostrar, sensibilizar e ensinar a respeitar.

Nesta profissão, a vantagem em definirmos bem o nosso público é enorme, uma vez que o prazer de caminhar com aqueles que são os verdadeiros caminhantes e amantes da natureza está também no facto de não termos de nos preocupar com as práticas acima descritas.

Mas os tempos mudaram e, na diversidade de oferta e procura que começa a surgir, e maior procura e moda das caminhadas (porque também de uma moda se trata), chegam até nós pessoas com as mais diversas motivações e formações. E o papel de um guia de natureza é sobretudo o de saber observar e lidar com as diferentes pessoas que chegam, orientando cada grupo de forma a que o impacto ambiental causado seja o menor possível.

Não é fácil, é por vezes melindroso ter de chamar à atenção, e há que saber gerir as expectativas de cada participante com o desejo de agradar a todos e saber tomar as decisões corretas. É preciso irmos um pouco mais longe e percebermos que o nosso papel é também o de educadores e consciencializadores. Para que durante anos sem conta, muitos guias de natureza possam mostrar a cada vez mais pessoas, espaços únicos que souberam explorar de forma sustentável e ajudar a preservar!

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