Apesar de projetado há várias décadas, só agora vai avançar a construção das infraestruturas do futuro parque industrial de Monchique, com 14 lotes disponíveis para empresas – será dada «primazia» às locais. São 3 milhões de euros de investimento, com 60% de financiamento comunitário, sem o qual este município de pequena dimensão não conseguiria fazer a obra.
Remonta ao executivo liderado pelo socialista Carlos Tuta, que deixou a Câmara em 2009, «a intenção de construir» a primeira zona industrial deste concelho do interior algarvio. E o social-democrata Rui André, que lhe sucedeu e governou até 2021, também «tomou a iniciativa de desenvolver um projeto».
É o atual presidente da Câmara Municipal de Monchique Paulo Alves (PS), que faz ao Sul Informação a resenha histórica de uma área empresarial «que já devia ter sido feita há muitos anos», vinca.
«Quando chegámos à Câmara, em 2021, percebemos que havia a necessidade de aferir do interesse dos empresários locais. E, por outro lado, não havia qualquer financiamento», conta o autarca, acerca das duas condições prévias que era preciso garantir para colocar o projeto em marcha.
Os encontros realizados com o tecido económico do concelho confirmaram, de um lado, «bastante interesse» dos empresários na criação de um parque empresarial.
«Permitirá fixar negócios e potenciar ou atrair a criação de novos negócios, novas empresas e mais emprego, além de poder deslocalizar negócios que, hoje em dia, estão em sítios desadequados e aqui terão condições logísticas e de laboração plenas. Será uma infraestrutura muito útil para o futuro de Monchique», declara Paulo Alves.
O projeto inicial do loteamento foi entretanto revisto, «com alterações relativas às questões atualmente mais prementes de eficiência energética e eficiência hídrica», adianta.

Segundo o primeiro aditamento ao alvará, consultado pelo Sul Informação, essas mudanças passaram pela «criação de espaços verdes resilientes face às alterações climáticas, recorrendo a espécies vegetais com consumo reduzido de água», dotação de «estacionamento de carregamento elétrico», instalação de iluminação pública «alimentada a partir de energia renovável» e criação de uma «ilha ecológica», com recolha seletiva de resíduos.
No início deste mês de Junho, foi, enfim, publicado em Diário da República o anúncio do concurso para a empreitada de construção das infraestruturas da Área de Acolhimento Empresarial de Monchique, pelo preço-base de 2,4 milhões de euros, sem IVA.
No total, o investimento é de 3 milhões de euros, mas há 60% de financiamento, ou seja, cerca de 1,8 milhões, já aprovado pelo Algarve2030, no âmbito da tipologia “020 – Infraestruturas comerciais para PME (incluindo instalações e parques industriais)”.
«Tivemos de garantir financiamento para avançar. Não teríamos oportunidade de construir esta infraestrutura sem fundos comunitários», frisa Paulo Alves, lamentando, porém, que a taxa de financiamento seja «só de 60%».
Como a União Europeia, diz, «olha para o Algarve como uma região em desenvolvimento», isso obriga este município de pequena dimensão «a um maior esforço financeiro».
«Monchique é um concelho diferente, apesar de inserido nesse Algarve. Olhamos aqui para o lado, no Alentejo, e a comparticipação neste tipo de projetos é maior. Os 40% [1,2 milhões de euros] que nos cabem são um ónus pesado, mas que avaliámos de forma positiva, tendo em conta a importância do projeto para o concelho», sublinha.
O loteamento do futuro parque empresarial corresponde a um terreno de 21.760 metros quadrados (m2), pouco mais de dois hectares, propriedade da Câmara Municipal de Monchique, localizado no sítio do Malcriado, na zona de Carreirinha das Moças, a sul do núcleo urbano da vila, junto à EN267.

Os 15 lotes definidos para esta área de acolhimento empresarial terão entre 1.323 e 523m2, com estacionamento para viaturas ligeiras (48), veículos pesados (3), carros elétricos (2) e mobilidade condicionada (3).
O lote nº 5 será afetado à Câmara de Monchique, servindo para «instalar uma incubadora de empresas, com salas de formação e de reuniões, e dar resposta às microindústrias do concelho», salienta Paulo Alves.
As empresas poderão candidatar-se à aquisição dos restantes 14 lotes, de acordo com um regulamento de atribuição que a autarquia vai criar, quando a obra estiver em curso, e que pretende dar «primazia» à economia local.
A construção desta área empresarial implicou ainda o abate de 70 sobreiros adultos, cujas medidas de compensação já foram implementadas. Sem especificar o número de árvores plantadas na zona da Fóia, o autarca de Monchique garante que «supera, em muitas vezes», as que foram alvo de abate.
A empreitada terá um prazo de execução de 18 meses. Para já, o prazo para apresentação de propostas ao concurso decorre até 17 de Julho.
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