O antigo Presidente da República Ramalho Eanes destacou a «generosidade» do atual chefe de Estado em condecorá-lo e elogiou o discurso de Marcelo Rebelo de Sousa nas cerimónias do 10 de Junho, realçando a ideia de comunidade.
Ramalho Eanes falava aos jornalistas no final da cerimónia do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, que este ano se realizaram em Lagos, e nas quais foi condecorado pelo Presidente da República com o grande-colar da Ordem Militar de Avis.
O antigo chefe de Estado referiu que essa condecoração distingue «todos os militares, todos os trabalhadores portugueses, todos os intelectuais, enfim, toda a comunidade nacional?, sendo «muito generosa».
Depois, destacou as mensagens inerentes ao discurso hoje proferido por Marcelo Rebelo de Sousa: «mostrou de onde viemos, o que em conjunto fizemos, os erros que cometemos enquanto comunidade, mas também apontando a capacidade de os ultrapassar».
Ramalho Eanes disse que cabe agora aos portugueses «enfrentar um desafio terrível, que é um desafio interno potenciado no exterior».
«Em conjunto, os portugueses querem fazer o futuro», acrescentou.
O Presidente da República condecorou hoje o antigo chefe de Estado general António Ramalho Eanes com o grande-colar da Ordem Militar de Avis, durante a cerimónia do 10 de Junho em Lagos.
De acordo com o portal das ordens honoríficas, «a Ordem Militar de Avis destina-se a premiar altos serviços militares, sendo exclusivamente reservada a oficiais das Forças Armadas e da Guarda Nacional Republicana, bem como a unidades, órgãos, estabelecimentos e corpos militares».
Segundo a Presidência da República, esta é a primeira vez que é atribuído o grande-colar da Ordem Militar de Avis, o mais alto grau desta ordem militar.
O general Ramalho Eanes foi o primeiro Presidente da República eleito por sufrágio universal em democracia, nas presidenciais de 1976, e cumpriu dois mandatos na chefia do Estado, até 1986.
Em Novembro do ano passado, Marcelo Rebelo de Sousa descreveu-o como «um sábio atento ao presente e ao futuro» e, em Janeiro deste ano, quando o antigo Presidente completou 90 anos, agradeceu-lhe pelo serviço prestado a Portugal.
«Serviu Portugal nas Forças Armadas. Serviu Portugal no 25 de Abril. Serviu Portugal durante a revolução. Serviu Portugal antes, durante e depois do 25 de Novembro de 1975. Serviu Portugal com a sua candidatura à Presidência da República. Serviu Portugal com a sua recandidatura e reeleição no segundo mandato na Presidência da República», escreveu o chefe de Estado, numa mensagem de felicitações a Ramalho Eanes.
António Ramalho Eanes nasceu em Alcains, Castelo Branco, a 25 de Janeiro de 1935.
Como militar, participou na Guerra Colonial. Depois do 25 de Abril de 1974, foi o comandante operacional do 25 de Novembro de 1975, que marcou o fim do chamado Período Revolucionário em Curso (PREC), e chefiou o Estado-Maior do Exército.
Após deixar a Presidência da República, veio a liderar o Partido Renovador Democrático (PRD), força política que nasceu quando estava a terminar o seu segundo mandato, inspirada na sua figura, e que foi a terceira mais votada nas legislativas antecipadas de 1985.
Foto: Pedro Lemos | Sul Informação