Ao longo dos seus 20 anos de carreira, João de Brito passou incontáveis horas na autoestrada, entre Faro e Lisboa. Ao volante, o cérebro vai divagando: entre as coisas mais mundanas, o ator é assolado também por inquietações pessoais, sonhos profissionais, preocupações. E assim nasceu um espetáculo de teatro poético e jocoso que fala do que é, afinal, isto de se ser de um determinado sítio. Ou de vários.
“A minha casa é a A2”.
No fundo, o título da peça resume bem o que é esta nova aventura de João de Brito, ator farense, diretor da companhia LAMA, mas também «um pouco» lisboeta.
«É uma reflexão de 20 anos de vida artística. Passei metade da minha vida em Faro, metade em Lisboa. Então, pensei em fazer algo sobre como “ocupo” este lugar que é a A2, onde já passei imensas horas», explica, em entrevista ao Sul Informação.
Este é, por isso, um espetáculo construído na A2, ao longo de uma viagem de carro entre Lisboa e Faro: 277,5 quilómetros separam as duas cidades.
Durante o percurso, João de Brito partilha ideias em chamadas telefónicas, usa letras que dão na rádio, come sandes de panado e bebe sumol, surripia devaneios em alguns podcasts, mas também aproveita a contemplação da estrada.
«Nessas viagens, penso muito nas coisas que fiz, nas que gostaria de fazer, no que mudaria. O espetáculo será a acompanhar uma dessas minhas viagens, com uma forte componente em vídeo, em que vou pensando também como seria o meu último espetáculo», desvenda o ator.
A peça tem estreia marcada para o Teatro Ibérico, em Lisboa, no dia 15 de Novembro, com sessões também a 16 e 17. Mas, como não podia deixar de ser, também estará em Faro, no Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), a 6 e 7 de Dezembro.
Este é o espetáculo mais autobiográfico de João de Brito, juntando, confessa, «ficção com realidade».
«A coisa mais difícil foi, sem dúvida, escrever a raiz do texto. Isso foi um desafio, apesar de ter tido ajuda do Sandro William Junqueira e Sandra Pereira», diz.
O certo é que «muitas pessoas se vão identificar com esta peça, mesmo sendo de outras partes do país porque, no fundo, fala daquela questão de onde é que pertencemos».
«É uma peça poética e jocosa. Eu sou de Faro mas também sou de Lisboa. Sou do Farense, mas também sou do Sporting», conclui, sorridente.
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