Homenagear e dar a conhecer o poeta, crítico e ensaísta António Ramos Rosa às gerações mais novas, mas também a toda a comunidade farense (e não só) é o grande objetivo da exposição inaugurada esta quarta-feira, 16 de Outubro, na Biblioteca Municipal de Faro.
António Carlos Cortez, curador da exposição, lamenta que hoje em dia muitas pessoas não conheçam a obra deste «poeta extraordinário de dimensão europeia que, desde os anos 40, foi um grande opositor ao regime fascista, que foi perseguido pelo Estado Novo e ainda assim foi um grande divulgador na cidade de Faro da poesia portuguesa e da poesia europeia».
«Acho que era muito importante que houvesse, da parte das escolas e dos professores, uma verdadeira preocupação em dar a conhecer um dos maiores poetas europeus», disse António Carlos Cortez ao Sul Informação.
Inaugurada no âmbito das comemorações do centenário do nascimento de António Ramos Rosa, a exposição, patente no átrio principal da Biblioteca de Faro, está organizada em quarto núcleos: dois dedicados à poesia, outro dedicado aos livros de ensaio e crítica e um quarto núcleo dedicado à imprensa internacional que se debruçou sobre a poesia do António Ramos Rosa.
Nas palavras de Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro, a obra do poeta deixa, acima de tudo, «um legado de pensamento crítico muito grande» de um homem que «lutou sempre pela liberdade de expressão».
Tendo em conta tudo o que representa, o poeta não teve apenas direito a uma exposição, mas também a um colóquio internacional – “António Ramos Rosa: Poesia Liberdade Livre”, que decorreu durante o dia 17 de Outubro – e a muitas outras iniciativas que decorrem até ao final do ano e também em 2025.
Rogério Bacalhau destacou ainda o protocolo que o Município assina com a Associação Portuguesa de Escritores (APE) para a constituição do novo Grande Prémio Nacional de Poesia António Ramos Rosa APE – CM Faro, que passa a a ser coproduzido entre estas duas entidades, passando de um formato bienal para anual e aumentando o valor do prémio dos atuais 5.000 euros para 12.500 euros.
«De facto, em 2024, um tempo dito democrático, nos 50 anos de 25 de Abril e nos 500 anos de Camões, esta exposição merece ser vista, merece ser frequentada pelos farenses, e não só pelos farenses, pelos portugueses, numa altura em que mais do que nunca precisamos ter noção de que a democracia defende-se com cultura, com memória literária, com memória das artes, ou então estamos todos a fazer outra coisa que não é bem democracia e trabalho cultural», remata António Carlos Cortez.
A exposição estará patente na Biblioteca de Faro até Junho de 2025, mas foi pensada para ser itinerante, de modo a que possa passar pelas escolas do concelho, da região e por todo o país.