Portugal e Espanha já chegaram a consenso em relação à solução para a tomada de água no Pomarão, no rio Guadiana, e vão reunir-se e assinar o acordo final a 26 de Setembro, em Madrid, anunciou a ministra do Ambiente e Energia, esta terça-feira, 6 de Agosto, durante uma visita ao Algarve.
Segundo Maria da Graça Carvalho, Portugal não teve de ceder a Espanha para chegar a acordo em relação a este projeto que prevê a construção de uma captação de água superficial no rio Guadiana, a Norte da povoação de Mesquita, a montante do Pomarão.
«Foi uma negociação que correu muito bem e não foi preciso ceder nada. Eles também estão interessados em resolver os seus problemas e nós em resolver os nossos», disse a governante aos jornalistas, à margem da visita à Praia do Garrão, em Loulé, onde também anunciou os novos investimentos para a proteção do Litoral.
O projeto de captação de água do rio Guadiana no Pomarão, no concelho de Mértola, destina-se a contribuir, em média, com cerca de 16 hectómetros cúbicos anuais para abastecimento ao Algarve. A água será levada, através de uma conduta de cerca de 40 quilómetros, até à barragem de Odeleite, no interior do concelho de Castro Marim.
Esta é uma das medidas do Plano Regional de Eficiência Hídrica do Algarve, sendo a obra financiada com verbas do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Deverá custar 61,5 milhões de euros.
Nas suas declarações aos jornalistas, depois da visita ao Garrão, Maria da Graça Carvalho confirmou que, «no fim de Agosto», vai ser feita a reavaliação das medidas para combater a falta de água na região algarvia.
«Neste momento, comparando com o ano passado, a situação é consideravelmente melhor. Claro que seria de esperar, porque choveu bastante no princípio do ano, mas conseguimos chegar, pelo menos, ao princípio de Agosto e estamos melhor que em 2023, que foi um ano difícil», disse a ministra do Ambiente.
«O outro indicador bom é que há uma poupança de água substancial. No mês de Junho, foi cerca de 14% e, de Janeiro até ao fim de Junho, foi de 9%. E há dois setores que diminuíram muito o consumo de água, que foi o golfe, mais de 50%, também porque estiveram proibidos de regar durante meses, e 40 e tal por cento na agricultura, porque não podiam regar durante o período da anterior resolução do Conselho de Ministros», acrescentou.
Segundo a governante, nesta poupança de água, «tem havido um grande envolvimento dos setores económicos e da população, do turismo, muito, com grandes campanhas para poupar água».
«Portanto, vamos fazer essa reavaliação, mas temos esperança que não sejam precisas mudanças muito drásticas», concluiu.
Questionada sobre o que está previsto, no acordo com os espanhóis, além da retirada de água para as albufeiras, a ministra explicou: «em relação ao Tejo, o que pedimos é a garantia dos caudais ecológicos, que não sejam só mensais e semanais, mas também diários, ou pelo menos que haja uma distribuição uniforme em relação aos dias».
Já no que diz respeito ao Alqueva, Maria da Graça Carvalho diz que foi pedida a «monitorização do que é que do lado espanhol estava a ser gasto e fazer as contas».
«Espanha, como é natural, está disposta a pagar o que nos deve da água do Alqueva e assim será», afirmou, referindo que se deverá tratar de uma quantia de dois milhões de euros por ano.
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