O ciclista argentino Nicolás Tivani, vencedor da 2ª etapa da 85ª Volta a Portugal em bicicleta, reconheceu hoje que estava a trabalhar para o colega de equipa e compatriota Tomas Contte, segundo classificado, mas acabou por conseguir pagar uma dívida que sentia ter para com a Aviludo-Louletano-Loulé Concelho.
«No final, o ‘sprint’ era para ele, não era para mim. Quando o chamei para atacar com ele à direita, acabei por passar pela esquerda, vi que criei alguma distância e dei tudo até ao final», descreveu o vencedor, na “flash-interview” da RTP, sobre os últimos metros da tirada de 164 quilómetros entre Santarém e Lisboa, com meta na zona de Marvila.
Depois de, ao longo do dia, tentar resguardar do forte vento o ciclista espanhol Jesús del Pino, o melhor corredor do Louletano na geral individual (sétimo classificado), a dupla argentina juntou-se para “oferecer” a “dobradinha” à equipa algarvia.
«O Contte já me conhece há muitos anos, é um dos meus melhores amigos desde 2016, é um prazer tê-lo como companheiro. Entendemo-nos muito bem», justificou Tivani, que arrancou nos metros finais e criou um espaço de vários metros que os rivais já não conseguiram anular, acabando o colega de equipa por “sprintar” para o segundo lugar.
O corredor argentino, de 28 anos, disse que a Aviludo-Louletano-Loulé Concelho «confia muito» em si desde o início do ano e confessou que se sentia «em dívida» para com a equipa, o diretor-desportivo Américo Silva e o presidente Toni do Adro, porque «já tinha falhado vitórias em etapas este ano».
«Senti que lhes devia algo e dedico-lhes esta vitória. É muito especial para mim, porque ontem não tive um bom dia. Queria estar na frente e perdi 10 minutos. Hoje, outro dia, uma nova oportunidade e consegui ganhar», declarou o vencedor da tirada.
Américo Silva, diretor-desportivo dos louletanos, reconheceu, em declarações à RTP, que o objetivo principal era discutir a etapa com Contte.
«Mas quando estamos a falar de dois ciclistas argentinos com uma união muito grande e que se conhecem muito bem, acabaram por ser eles próprios a decidir esta parte final e fizeram-no na perfeição», sublinhou.
O responsável lembrou que, antes do arranque da Volta, já tinha considerado a formação louletana como a revelação da época, estatuto agora reforçado com esta exibição em Lisboa.
«Não é surpresa para ninguém o que fizemos hoje, porque já vem precedido de vitórias individuais e coletivas. Foi a confirmação da excelente época que temos vindo a realizar», frisou.
Após a 2ª etapa, o suíço Colin Stüssi (Team Vorarlberg), vencedor de 2023, continua a vestir a camisola amarela, com 32s de vantagem sobre António Carvalho (ABTF Betão-Feirense) e 59s sobre Luís Fernandes (Credibom-LA Alumínios-Marcos Car).
Jesús del Pino é o melhor representantes das equipas algarvias na geral individual, ocupando o 7º lugar, a 1m17s do líder, enquanto Delio Fernández, da AP Hotels&Resorts-Tavira-SC Farense, é 12º, a 1m36s.
A 3ª etapa, que se disputa este sábado, numa distância de 161,2 quilómetros, tem partida do Crato e termina no alto da Torre, na Serra da Estrela, numa chegada coincidente com um prémio de montanha de categoria especial.