Centro de Simulação e Formação Cirúrgica do ABC já está a funcionar em pleno

Fica em Loulé e foi oficialmente inaugurado no passado dia 18 de Abril

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

O Centro de Simulação e Formação Cirúrgica do Algarve Biomedical Center (ABC), em Loulé, já está a funcionar em pleno e dinamizará o seu primeiro curso aberto à comunidade médica já no próximo mês de Maio.

«O que encontramos aqui é um local onde os cirurgiões, em formação ou já formados, podem treinar e melhorar a sua formação cirúrgica, utilizando estes simuladores onde nós fazemos um ato operatório que é efetivamente muito perto do real», começa por explicar ao Sul Informação Daniel Cartucho, coordenador deste Centro, que fica localizado na Rua de Betunes, em Loulé.

O Centro nasceu de mais um investimento, no âmbito do programa regional Algarve 2020, na área da Saúde, promovido pelo ABC, parceria entre a Universidade do Algarve e a Unidade Local de Saúde do Algarve, e financiado pela Câmara de Loulé.

Este espaço – que até já tinha em Novembro passado recebido uma visita de Ana Abrunhosa, na altura, ministra da Coesão Territorial – foi oficialmente inaugurado na passada quinta-feira, 18 de Abril, já com todos os equipamentos disponíveis para usar na investigação translacional e clínica nos campos médico-cirúrgicos, bem como na área dos cuidados intensivos, neurociência, oncologia, cardiovascular e oftalmologia.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

«Estes aparelhos permitem que, se eu for fazer uma cirurgia complexa, numa região anatómica em que não trabalho há tempos, ganhe grande realidade e fique totalmente confiante. Nestas máquinas, é possível fazer gestos, como tirar e pôr um elástico, mas também é possível simular uma cirurgia específica, como tirar uma vesícula, um apêndice ou coisas de outra complexidade», frisa o médico cirurgião Daniel Cartucho.

Além dos aparelhos cirúrgicos, neste Centro há uma sala direcionada para o treino de cuidados intensivos, com um boneco que parece «uma autêntica pessoa».

«Trata-se de uma reprodução tão fiel ao nível, inclusivamente, do som, mas também dos batimentos cardíacos, da falência orgânica, que parece mesmo real. Imaginemos que a pessoa tem um enfarto miocárdico. O que é que isso quer dizer? Pode começar com uma série de sintomatologia, que se expressa toda naquele boneco. E se eu digo que dou ok a este medicamento ou àquele, o doente, quer dizer, o boneco, vai evoluir de acordo com a fisiologia», explica o coordenador.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Na sala de oftalmologia, é ainda possível, com recurso à inteligência artificial, contactar com profissionais que, do outro lado do mundo, tenham acesso ao mesmo equipamento. Assim, tal como foi explicado durante a visita ao centro, será possível tirar dúvidas com alguns dos médicos mais experientes do mundo em certas áreas.

A inauguração oficial deste centro contou com a presença de alguns médicos e de estudantes de medicina da Universidade do Algarve, que, de acordo com Daniel Cartucho, já «mostraram grande vontade de vir para aqui uma ou duas vezes por semana», treinar as suas competências – sempre com tutoria.

Com todos os equipamentos disponíveis, o Centro vai ainda, já a partir de Maio, começar a receber cursos abertos à população cirúrgica.

Em relação ao acompanhamento dos formandos, o médico cirurgião Daniel Cartucho explica que a máquina, independentemente daquilo que o tutor está a ver, vai, no final, quantificar a prestação e evolução.

«A máquina diz desde a força da apreensão ao objeto que eu estou a fazer, o tempo que levei a fazer um determinado gesto e depois diz-me se antes eras um tipo que estava a fazer isto em quatro minutos e hoje já faço em dois, por exemplo. Portanto, além daquilo que o tutor vê da progressão de quem está a utilizar este instrumento, a máquina objetiva e quantifica – e isso é muito interessante», continua.

 

Foto: Mariana Carriço | Sul Informação

 

Os cursos, que começam já no próximo mês, são pagos, dependendo o valor do número de horas e sessões.

«Quem passar por aqui sairá com uma qualificação de diploma também. E é nesse sentido que este rigor, de quem é que vai certificar o que quer seja, é gente de primeiríssimo nível em qualquer local possível», conclui o coordenador do Centro.

Durante a cerimónia de inauguração, Pedro Castelo Branco, presidente do Algarve Biomedical Center, salientou que o ABC tem, nos últimos anos, «considerado como uma das suas prioridades o desenvolvimento da simulação médica e, por isso, esta é hoje uma realidade bem conhecida na região e em todo o país».

Este responsável frisou ainda que, nesse sentido, «surgiu a necessidade de aumentar a oferta formativa», complementada com este projeto.

Em Novembro passado, Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, entidade que financia este projeto, havia já frisado que esta é a prova de que o Município «percebe que os caminhos do futuro passam pela abertura de novos dossiers», nomeadamente na área da saúde, e que, em conjunto com a academia e outros players, procura «abrir novos clusters económicos na região, que irão ter importância para o Algarve e para o país».  

Realçando o «turismo de excelência» que já existe neste concelho, Vitor Aleixo frisou que «podemos ter mais para desenvolver este território e estas comunidades».

Além do Centro de Simulação e Formação Cirúrgica, este edifício conta com um Centro de Excelência de investigação – projetos que implicaram um investimento de 8,87 milhões de euros e que vão ficar instalados não só na Rua de Betunes, mas também num edifício que está a ser construído na rua do cemitério de Loulé.

 

Fotos: Mariana Carriço | Sul Informação

 

 

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