2023 foi o ano mais quente dos últimos 174 anos a nível global

O conteúdo de calor dos oceanos atingiu o seu nível mais alto nos últimos 65 anos

2023 foi o ano mais quente dos últimos 174 anos a nível global, desde que há registos de observação, ultrapassando claramente o anterior ano mais quente, 2016. Os últimos nove anos, 2015–2023, foram mesmo os mais quentes desde que há registos. Os dados são do relatório State of the Global Climate2023, da Organização Meteorológica Mundial (WMO), hoje divulgado pelo Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

O relatório salienta que a temperatura média do ar global em 2023 foi 1.45 ± 0.12 °C acima da média de 1850–1900, valor muito perto do limite inferior de 1.5° C do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas.

O documento apresenta uma síntese do estado dos indicadores climáticos em 2023, dos quais o IPMA destaca a temperatura do ar à superfície, temperatura da superfície e da superfície do oceano à escala global, concentração de gases com efeito de estufa, quantidade de calor dos oceanos, nível do mar, acidificação dos oceanos, gelo marinho do Ártico e da Antártico, placa de gelo da Gronelândia, glaciares, cobertura de neve, precipitação e ozono estratosférico, bem como a análise dos principais fatores de variabilidade climática interanual, incluindo o El Niño – Oscilação Sul.

Em relação aos fenómenos extremos, destacam-se os relacionados com ciclones tropicais, tempestades de vento, cheias, secas e extremos de calor e frio.

Este relatório apresenta também as mais recentes conclusões sobre riscos e impactos relacionados com o clima, incluindo a segurança alimentar e a deslocação das populações.

Gráfico sobre as temperaturas a nível global

 

 


Destacam-se, neste relatório, os seguintes indicadores:
Temperatura do ar: 2023 foi o ano mais quente dos últimos 174 anos (registos de observação), ultrapassando claramente o anteriorano mais quente, 2016, 1.29 ± 0.12 °C acima da média de 1850–1900 (Fig. 1). Os últimos nove anos, 2015–2023, foram os mais quentes desde que há registos.
• Gases de efeito estufa: a concentração dos três principais gases de efeito estufa – dióxido de carbono, metano e óxido nitroso – atingiu níveis recorde observados em 2022, o último ano para o qual os valores globais consolidados estão disponíveis (1984–2022).
Dados em tempo real de locais específicos mostram que os níveis dos três gases de efeito de estufa continuaram a aumentar em 2023.• Oceanos: o conteúdo de calor dos oceanos atingiu o seu nível mais alto nos últimos 65 anos (registos de observação).
Um período prolongado de La Niña, desde meados de 2020 até o início de 2023, deu lugar a condições de El Niño que se estabeleceram até setembro de 2023, o que contribuiu para o aumento da temperatura média global da superfície do mar durante 2023.

• Nível médio do mar: em 2023, o nível médio do mar a nível global atingiu um máximo histórico nos registos de satélite (de 1993 até ao presente), refletindo o aquecimento contínuo dos oceanos, bem como o derretimento de glaciares e mantos de gelo.
A taxa de aumento médio global do nível médio do mar nos últimos dez anos (2014-2023) é mais do dobro da taxa de aumento do nível médio do mar na primeira década dos registos de satélite (1993–2002).

 

 

• Gelo marinho do Ártico: a extensão do gelo marinho no Ártico continua muito inferior ao normal em 2023 (ver figura acima), com a extensão máxima anual e a extensão mínima anual a serem respetivamente o 5º e 6º valores mais baixos desde 1979 (início dos registos de satélite).
A Antártida também atingiu um mínimo absoluto recorde no mês de fevereiro e um mínimo histórico desde junho ao início de novembro.

• Cobertura de gelo na Gronelândia: foi o Verão mais quente já registado na estação Summit, 3.4 °C mais quente que a média 1991–2020e 1.0 °C mais quente que o anterior recorde.

• Glaciares: os glaciares da parte oeste da América do Norte e nos Alpes Europeus tiveram um período de diminuição extrema.
Na Suíça, os glaciares perderam cerca de 10% do seu volume restante nos últimos dois anos.

• Eventos extremos: as condições meteorológicas extremas continuaram a causar graves impactos socioeconómicos.
O calor extremo afetou muitas partes do mundo, incêndios florestais no Havaí, Canadá e Europa levaram à perda de vidas, destruição de casas e poluição atmosférica em grande escala.
Inundações associadas a chuvas extremas do ciclone Daniel no Mediterrâneo afetaram a Grécia, a Bulgária, a Turquia e a Líbia, com perdas de vidas em particular na Líbia.

 



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