Rota do Petisco faz pausa, mas nasce «100 anos, 100 sabores» em Portimão

Não é uma «paragem definitiva, é uma paragem temporária para avaliar»

Este ano, não haverá Rota do Petisco no Algarve, mas este evento gastronómico será substituído por um novo, denominado «100 anos, 100 sabores», que terá lugar só no concelho de Portimão, de 13 de Setembro a 13 de Outubro.

As novidades foram dadas ao Sul Informação por Luís Brito, presidente da Teia d’Impulsos, a associação que, em 2011, lançou a primeira edição da Rota do Petisco.

«Concluímos que estava na hora de tirar uma licença sabática. Aquilo que tem acontecido é que a Rota, nos últimos cinco anos, à exceção dos anos de Covid, tem vindo a perder o entusiasmo, quer por parte dos estabelecimentos, quer por parte dos participantes».

«Feita a avaliação e tendo em conta o compromisso que temos com os nossos parceiros, nomeadamente os municípios, os próprios estabelecimentos e também com os petiscadores, sempre na expectativa de provarem coisas novas, de terem uma nova experiência, entendemos que chegou aqui um momento em que este compromisso poderia estar em risco. Ou seja, a capacidade que nós tínhamos de cumprir com aquilo a que nos comprometíamos podia estar em risco. Havia um sentimento de frustração, nestes anos mais recentes», acrescentou o dirigente associativo.

Um dos problemas sentidos pelos estabelecimentos que participavam na Rota do Petisco, em muitos concelhos algarvios, era que, pelo preço de 4 euros pelo petisco, «o esforço era muito grande, tendo em conta o aumento significativo dos bens alimentares, portanto da matéria-prima, e depois todos os consumíveis à volta, como água, luz, tudo o que está à volta daquilo que é o trabalho do restaurante ou do estabelecimento».

Nos últimos anos, começou ainda a surgir o problema da falta de mão de obra. Alguns dos restaurantes e pastelarias participantes na Rota tinham que fazer um «reforço acrescido», que «já não compensava os benefícios» que o evento poderia trazer.

«Quando a Rota começou, em 2011, a realidade era outra, estávamos em plena crise da Troika, não havia o hábito de ir petiscar aos restaurantes de Portimão durante a semana. Foi para isso que se criou a Rota, para animar o centro da cidade. Hoje é diferente», explicou ainda Luís Brito.

«Estamos perante uma nova realidade social e económica, sustentada num novo paradigma que levanta um conjunto de constrangimentos à realização daquele que já assumiu o papel de maior evento gastronómico do Algarve. Além disso, a Rota do Petisco foi criada com o intuito de trazer mais clientes aos estabelecimentos, mas, a sazonalidade da nossa região é cada vez menor e a mão de obra cada vez mais difícil encontrar e manter», acrescentou o presidente da Teia d’Impulsos.

Por tudo isso, a Teia d’Impulsos optou «por parar, por agora, a Rota, em 2024».

Mas «fizemos questão de nos reunirmos presencialmente com todos os parceiros municípios, para lhes explicar esta nossa opção e para eles perceberem que o investimento que fizeram até hoje não foi em vão, foi um investimento que foi bom, que teve bons resultados. Só que agora não queremos pôr toda essa história em risco».

Não é, afiançou Luís Brito, uma «paragem definitiva, é uma paragem temporária para avaliar, para tentarmos encontrar aqui novos mecanismos e dar uma nova vida à Rota num futuro próximo».

Com a Rota do Petisco em pausa, nascerá o evento gastronómico «100 anos, 100 sabores», que resulta de um «desafio lançado pelo município à Teia d’Impulsos», no âmbito das comemorações dos 100 anos da elevação de Portimão a cidade.

«Vamos convidar os portimonenses e os visitantes a degustarem aquilo que de melhor há na gastronomia no nosso concelho, não só que seja tradicional de Portimão, como a sardinha, mas que seja uma representação de Portugal em geral».

Luís Brito explica que o novo evento terá «algumas semelhanças» com a Rota, mas «não se tratará de petiscos, vai ser em modelo de menus».

Assim, de 13 de Setembro a 13 de Outubro, em todo o concelho de Portimão, os gourmants, munidos do seu “livrinho”, poderão percorrer os 100 estabelecimentos que aderirem.

Mais uma vez, o livrinho, que conterá todos os participantes, terá uma missão social, com as verbas resultantes da sua venda a reverterem para uma IPSS do concelho.

«Este novo evento tem como objetivo dinamizar a cultura e homenagear as tradições da comunidade portimonense, com o apoio de 100 estabelecimentos aderentes, que irão mostrar o melhor da sua cozinha», concluiu Luís Brito.

 

 

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