Um festival que quer «cruzar públicos distintos» e fazer do Algarve «um destino cultural» também nos meses de época baixa: assim é o Pedra Dura – Festival de Dança do Algarve, que regressa a Lagos para promover, entre 9 e 18 de Novembro, um encontro «frente a frente» e «corpo a corpo».
Depois do «sucesso» da primeira edição, que contou com uma programação mais reduzida, este ano, os diretores artísticos quiseram alargar o leque de opções e, por isso, durante duas semanas, haverá espetáculos de artistas nacionais e internacionais, noites com DJ, filmes, masterclasses, conversas e ainda propostas relacionadas com a ciência, as escolas e os públicos.
A programação tenta, de acordo com Daniel Matos, diretor artístico, «ser o mais vasta possível» e para todas as faixas etárias.
«A ideia é que seja um festival que consiga cruzar públicos distintos e colocar as pessoas que habitualmente não frequentam os mesmos espaços a comunicar», diz ao Sul Informação este responsável.
Além das parcerias que vêm da primeira edição, como é o caso do Centro de Ciência Viva de Lagos ou da Escola de Dança de Lagos, o Pedra Dura conseguiu para este ano mais apoios, nomeadamente da DGArtes, que permitiu um maior financiamento.
O Festival abre hoje, 9 de Novembro, com a projeção do filme “Ø ILHA”, de Cláudia Varejão e Joana Castro, às 21h45 no Centro Cultural de Lagos.
No mesmo dia, em colaboração com a CAMADA – Centro Coreográfico, Daniel Matos inaugura o palco do Centro Cultural de Lagos com 11 Angels Saying, às 11h00, onde será desenhada uma partitura coreográfica para 11 anjos.
Com uma programação diversificada e sempre em atualização, o Pedra Dura vai lançar um foco sobre o trabalho de Luara Raio, bailarina e coreógrafa brasileira, que chega em dose dupla com Flecha, onde apresenta uma dança entre a degeneração e regeneração do corpo, e Pedra Lançada, uma palestra-performance de ativação de tarot, aberta à participação do público.
Já a artista Flora Detráz vem de França para apresentar Tutuguri, no dia 10, às 21h00, no Armazém Regional de Lagos, «um espetáculo onde se manipula o som e o espaço com uma voz que deixa transparecer o poder da subtileza».
Entre a delicadeza e o ataque do detalhe do corpo e da palavra, Sofia Dias e Vítor Roriz ocupam o palco do Centro Cultural de Lagos com a peça “Um gesto que não passa de uma ameaça”, que sobe a palco no dia 11, às 21h00.
Marta Cerqueira e Simão Costa apresentam Movediço #3, no dia 15, às 10h30, um espetáculo sobre o que se move e o que se muda de lugar. Entre fendas, escarpas e trilhos, a violoncelista e cantora Joana Guerra apresenta também o seu ultimo álbum Chão Vermelho, num concerto a solo.
Em parceria com o Festival Dance On Screen Graz (Áustria), dirigido por Valentina Moar, o Pedra Dura abre espaço para a relação da dança com o ecrã através de uma seleção de video-dança internacional no programa Osso-Locomotiva, no dia 18, às 16h30. Em paralelo, o Pedra Dura desenhou o ciclo “O Invisível Indizível” na mostra de cinco sessões de filmes para a infância dedicadas às escolas primárias do concelho de Lagos.
Já através da parceria com o Centro Ciência Viva de Lagos são propostas conversas em torno do Som e da Semiótica, passeios geológicos pelas arribas da Ponta da Piedade e uma observação noturna do céu.
Como forma de contribuir para a formação das comunidades locais, serão ainda organizadas masterclasses com os bailarinos e coreógrafos Luís Guerra, Natacha Campos e Elizabete Francisca, bem como uma sessão de Yoga com Om Soraia, a decorrer no dia 12, às 10h00, na Escola de Dança de Lagos.
Em complementaridade com o trabalho de cena, o Pedra Dura vai acolher a inauguração do CenDDA – Centro de Documentação de Dança do Algarve, um projeto que procura «recolher, adquirir e arquivar materiais que traduzem uma dança em mutação, através da criação de uma Biblioteca e de um Arquivo / Mediateca sediados no Centro Cultural de Lagos».
No sentido de estreitar relações com o público, o festival conta ainda com o projeto “Podemos tratar- nos por tu?”, coordenado por Tiago Mansilha, que consistirá num ciclo de conversas entre o público e os artistas e no lançamento do Podcast Pedra Dura.
Criado após um convite da Câmara de Lagos para celebrar os 30 anos do Centro Cultural, o Pedra Dura nasceu também da «necessidade muito grande de criar um festival com estas especificidades na região Sul porque é uma região que tem um festival dedicado à dança, mas com programações muito distintas», explica Daniel Matos. Como em 2022 «correu muito bem», tendo juntado em alguns eventos quase 130 pessoas, decidiu-se avançar para mais edições.
Quanto à data escolhida, o diretor artístico esclarece que a ideia é que seja sempre em Novembro «para que haja retorno não só para público visitante como para o local».
«Sabemos que o Algarve é uma estância balnear, que vive muito de turismo e de uma época sazonal, e, por isso, a nós, como profissionais da área da cultura, interessa-nos que este festival possa acontecer numa época não turística para que se valorize o território como um território que possa funcionar durante o ano inteiro», remata.
O Pedra Dura conta com atividades gratuitas, à exceção dos espetáculos que acontecem no Centro Cultural de Lagos, que têm um custo máximo de 5 euros.
Veja o programa completo aqui.
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