O poder transformador de um livro

Um livro poderá ser a bússola que o guiará no caminho de crescimento pessoal ou o ajudará a construir uma visão diferente

Estas palavras surgem em resposta a um comentário que li recentemente, de alguém que procurava sugestões de livros de desenvolvimento pessoal capazes de impactar a vida dos seus leitores.

Entre as várias recomendações, uma resposta em particular deixou-me perplexa: «Não me interesso por esse tipo de livros».

Esta afirmação, que soou como se a leitura deste género fosse um pecado capital, levou-me a refletir sobre a importância e o potencial transformador destas obras. Lembrei-me da famosa frase de um antigo anúncio publicitário que dizia: «Não negue à partida uma ciência que desconhece».

Os livros de desenvolvimento pessoal e de autoajuda são dos géneros literários mais lidos em todo o mundo. Existem obras excelentes e outras nem tanto, mas a verdade é que tudo depende das necessidades e dos gostos individuais do leitor.

Um dos aforismos mais célebres da história, «conhece-te a ti mesmo», que se diz ter sido inscrito no pórtico de entrada do templo do deus Apolo, em Delfos, na Grécia, no século IV a.C., ilustra a necessidade inerente ao ser humano de se conhecer.

Os livros de desenvolvimento pessoal representam a moderna encarnação deste lema, fornecem-nos um mapa de navegação pelas complexidades do ser, servindo como possíveis faróis na jornada da existência humana.

Um dos poderes mais notáveis destes livros reside na capacidade que têm de nos inspirar a sonhar. Desafiam-nos a questionar limites autoimpostos e incentivam-nos a perseguir objetivos com uma visão renovada. Tudo o que precisamos é de estar recetivos.

Tive a oportunidade de ler três livros deste género, que tiveram um impacto significativo em diferentes momentos da minha vida.

Para começar, recuando aos anos 90, quando tinha 25 anos, o primeiro livro que me marcou foi «Quem Mexeu no Meu Queijo?», de Spencer Johnson.

Não se deixe iludir apesar do número reduzido de páginas e da aparente simplicidade da história, uma parábola envolvendo ratos e duendes. Este é um livro transformador.

Uma das frases que mais me impactou na altura foi: «O que farias se não tivesses medo?» Esta pergunta contribuiu para moldar toda uma carreira profissional e pessoal. A mensagem é simples: não se acomode, não considere nada como garantido, lute pelo que deseja alcançar, pois a mudança faz parte da vida. Inspirador, não?

Outro livro que deixou marca foi «Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas», de Dale Carnegie. Com mais de 15 milhões de cópias vendidas, esta obra é um dos grandes clássicos da literatura motivacional.

Quando assumi o primeiro cargo de direção, este livro permaneceu na mesa de cabeceira, e os seus princípios continuam a guiar a minha vida pessoal e profissional. Segundo Carnegie, o segredo para o sucesso está nas relações genuínas que construímos com os outros. Não podia estar mais de acordo.

Um dos ensinamentos fundamentais que absorvi desta obra foi a importância de tratar as pessoas pelo nome. Repare como em muitas empresas os colaboradores têm crachás. Que tal começar a usar essa informação ao solicitar algo ou para desejar um simples «bom dia»? Todos queremos ser reconhecidos, e ouvir o nosso nome é algo que nos proporciona satisfação. Fica a sugestão.

Por último, mas não menos relevante, quando enfrentei um burnout, o livro «O Poder do Agora», de Eckhart Tolle, ajudou-me a permanecer no presente, a acalmar a mente e a encontrar alguma paz interior. Embora não tenha sido a solução, foi um apoio valioso.

Os livros de desenvolvimento pessoal têm a capacidade de oferecer conselhos práticos sobre como enfrentar desafios emocionais, superar a autossabotagem e (eventualmente) encontrar um propósito mais profundo na vida.

Com uma leitura cuidadosa e alguma reflexão, ajudam-nos a compreender vulnerabilidades e a trabalhar para as aprimorar. Num mundo repleto de incertezas e adversidades, estas obras ensinam-nos a encarar os desafios com mais coragem e (algum) otimismo.

Não são um atalho, mas sim janelas que se abrem neste zeitgeist incerto, convidando-nos a explorar o território do potencial humano.

Não subestime o poder transformador de um livro. Este poderá ser a bússola que o guiará no caminho de crescimento pessoal ou o ajudará a construir uma visão diferente, talvez essencial num determinado momento da sua vida. Comigo, estes três livros resultaram. Deixo-lhe a reflexão e estas propostas.

 

Autora: Analita Alves dos Santos é autora e mentora literária

 

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