O «degradadíssimo» Bairro Operário de Loulé vai ter uma nova cara

Obra conta apoio do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR)

D. Maria da Conceição Crispim – Foto: Pedro Lemos |Sul Informação

Maria da Conceição Crispim mudou-se para o Bairro Operário de Loulé ainda criança. Há 70 anos que ali mora e também há muitos que desejava ter obras na sua casa. O dia mais aguardado chegou ontem, 19 de Julho: a casa da dona Maria da Conceição vai ser uma das 18 que sofrerá obras de renovação e ampliação. 

«Isto era uma necessidade grande», comenta a moradora, de sorriso nos lábios.

O auto de consignação das obras no Bairro Municipal, que tinha sido assinado há minutos entre a Câmara de Loulé e construtora Costa e Carreira, foi acompanhado pela dona Maria da Conceição e por outros moradores.

«Toda a gente no bairro está contente. As casas são pequeninas, os quartos também e tínhamos esta necessidade», acrescenta, aos jornalistas.

No total, vão ser reabilitadas e ampliadas 18 casas. Para uma segunda fase, ficarão mais 30.

O investimento, nesta primeira parte da obra, é de cerca de 2,8 milhões de euros. As famílias, que terão de sair de suas casas, serão realojadas em casas adquiridas pela Câmara de Loulé tanto na cidade, como noutros locais.

Ao longo dos anos, os próprios agregados familiares foram edificando diversos acrescentos, já que as áreas eram diminutas, o que levou a uma degradação do bairro, ao nível da organização dos espaços, de salubridade e do ordenamento urbano.

Já em 2000, realizaram-se obras profundas na sua rede de infraestruturas.

 

Foto: Pedro Lemos |Sul Informação

 

O arquiteto Luís Pires foi o responsável pela conceção do projeto desta nova empreitada no Bairro Municipal Frederico Ulrich, popularmente conhecido como Bairro Operário de Loulé.

Aquele é um local com história: quem o concebeu, nos anos 40 do século XX, foi o arquiteto louletano Manuel Laginha, um dos expoentes máximos do Modernismo em Portugal.

A traça original, garantiu Luís Pires, manter-se-á «inalterada».

«O exercício que eu fiz foi pensar como que é o arquiteto Manuel Laginha faria se esta obra lhe fosse pedida a ele», confessou aos jornalistas.

«O programa que nos apresentaram passa por pensar aquelas áreas que hoje são impraticáveis: não tinham comodidade, nem isolamento térmico», ilustrou.

Assim, «além da reabilitação do edificado, haverá uma ampliação», uma vez que os quartos «sairão do edifício existente e vão passar a ter espaço próprio», segundo o arquiteto.

«Tudo o que existe, em termos de edifício, será área coletiva. A área íntima da habitação, como os quartos, será a ampliação», resumiu.

Para Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, estas são obras da maior «importância».

 

Foto: Pedro Lemos |Sul Informação

 

«Este é o mais antigo e principal núcleo urbano de natureza social existente em Loulé. As moradias estavam muito degradadas e as pessoas têm de viver com dignidade», considerou.

Esta requalificação era, de resto, algo com que o autarca louletano «sonhava há muitos anos».

«Durante muitos anos, viveram aqui familiares meus e posso dizer que fui feliz neste bairro, durante a minha infância», confessou.

Com 720 dias de obra previstos, o presidente da Câmara espera ainda poder inaugurar a empreitada antes do fim do seu terceiro e último mandato.

«Pode ser que consiga ver o fim da obra, em cima da meta. Eu adoraria, porque conheço muitas destas pessoas e gostaria de ter a felicidade de entregar-lhes as chaves», concluiu.

 

 

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