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A conservação e o uso eficiente da água devem ser feitos com medidas de fiscalização rigorosas, através de ferramentas tecnológicas com capacidade para identificar padrões de uso excessivo, defendeu hoje um investigador da Universidade do Algarve (UAlg).

Em declarações à Lusa, Nuno Loureiro disse que as medidas restritivas do Governo, ao pretender reduzir em 15% o consumo da água das massas subterrâneas no Algarve, “devem ser acompanhadas de uma rigorosa fiscalização com recurso a ferramentas já disponíveis”.

O investigador referiu que o problema da escassez de água no Algarve “não é novidade absolutamente nenhuma”, já que é um problema com mais de uma década, mas, argumenta, durante vários anos “ninguém queria que se falasse de escassez de água” na região, porque era uma ameaça para a indústria do turismo.

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“Desde há muito que existe um problema do decréscimo dos níveis de água, quer de superfície, quer subterrâneos, e que foi sempre empurrado para a frente, tendo chegado agora ao fim da linha”, enfatizou o responsável.

Para gerir o uso eficiente de um recurso “cada vez mais escasso”, Nuno Loureiro reafirma a necessidade de serem utilizadas as ferramentas tecnológicas para fiscalizar e implementar regras rigorosas de uso da água”.

“Há hoje, na Europa, um conjunto de ferramentas tecnológicas rigorosíssimas de fiscalização para saber quem gasta água. Através de satélite, sei as piscinas do Algarve que enchem e esvaziam, isto é um exemplo, de um pequeno volume de água”, apontou.

Para o autor de vários estudos sobre os recursos hídricos e docente da Universidade do Algarve, o Governo e as entidades de gestão da água “devem aumentar as inspeções e fiscalizações” em áreas residenciais, comerciais e industriais para verificar o uso adequado da água.

Nuno Loureiro argumentou que é possível saber se quem tem uma piscina ou um pomar de laranjas numa zona onde é proibido regar encheu a piscina ou regou as laranjeiras, e questionar sobre a proveniência da água.

“Enquanto não adotarmos essas medidas, andamos a brincar com o presente e com o futuro, porque o que está em jogo não é resolver uma situação pontual, mas sim impor novas regras de utilização da água”, destacou.

Na opinião do investigador, a diminuição das massas subterrâneas e escassez de água no Algarve é um processo que está associado às alterações climáticas, o que obriga a sociedade a olhar “para este novo normal e adaptar-se a novos padrões de utilização”.

Nuno Loureiro adiantou que, além da fiscalização, é essencial investir em estruturas capazes de garantir o abastecimento, como a construção de centrais dessalinizadoras.

“Fala-se na construção de uma para o Algarve, mas são necessárias mais: pelo menos, duas estruturas para esta região”, defendeu.

Além disso, adiantou, são necessários sistemas de tratamento e programas de reutilização, bem como a consciencialização e educação para promover comportamentos em relação ao uso da água.

O Governo anunciou no início de junho medidas restritivas ao consumo de água no sotavento algarvio com o objetivo de reduzir em 15% o consumo da água das massas subterrâneas no Algarve.

O anúncio foi feito pelo ministro do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, após uma reunião da comissão de acompanhamento dos efeitos da seca, quando um terço do país, especialmente no Alentejo e Algarve, está em seca severa e extrema.

 

 



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