O Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) vai ter um serviço de Medicina Nuclear, instalado na unidade de Portimão e a funcionar «dentro de 120 dias», ou seja, em meados de Setembro próximo.
Num investimento de 1,5 milhões de euros, o novo serviço, que foi apresentado ontem no hospital de Portimão, será o único do género em todo o Sul do país, não só ao nível do Serviço Nacional de Saúde, como dos hospitais privados.
O equipamento a instalar é «de alta tecnologia, lançado há menos de um ano a nível mundial», anunciou Jorge Oliveira, diretor-geral do Siemens, empresa que ganhou o concurso público internacional para instalar o novo serviço (instalações e equipamento).
Trata-se, aliás, do «terceiro equipamento destes a nível nacional», sendo que «não havia nenhum a Sul do Tejo», acrescentou aquele responsável.
Elísio Sousa, diretor do novo Serviço de Medicina Nuclear, explicou que este equipamento é «extremamente importante para a população real do Algarve, que ultrapassa largamente o meio milhão das estatísticas», bem como para o vizinho Alentejo.
O novo equipamento, que vai permitir «salvar mais vidas», «tem as vertentes de diagnóstico (através das imagens que gera), laboratório e terapêutica», permitindo «ser precoce no diagnóstico das patologias» e «mais assertivo na terapia, nomeadamente através de radiofármacos».
Destina-se a «promover o diagnóstico e tratamento, nomeadamente nas áreas de cardiologia pneumologia, reumatologia, endocrinologia, nefro-urologia, neurologia, oncologia, em exames pré e peri-operatórios».
«Vai melhorar a qualidade de vida dos doentes? Vai! Vai aumentar a quantidade de vida dos doentes? Vai! Vamos ter um diagnóstico mais precoce, vamos ter terapêuticas mais eficazes, doentes que não vão precisar de se deslocar», resumiu o médico especialista, que, com a sua equipa, é uma nova aquisição do CHUA.
José Apolinário, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) do Algarve, entidade que gere os fundos comunitários, salientou, por seu lado, que «o Algarve é uma região historicamente com pouco investimento na área da Saúde». O último grande investimento, recordou, foi precisamente o hospital de Portimão, onde estava a decorrer a cerimónia, inaugurado há mais de vinte anos, em Julho de 1999.
Revelando que há 7 milhões de euros de financiamento de fundos comunitários através do FEDER só para projetos do CHUA e da Administração Regional de Saúde (ARS) no Algarve, o presidente da CCDR frisou: «o que está aqui em causa é investir na qualidade do sistema de saúde, investir em investigação e desenvolvimento, porque certamente isso trará retorno no futuro. Essa é a melhor forma de garantir maior competitividade a longo prazo» para o Algarve.
Ana Varges Gomes, presidente do Conselho de Administração do CHUA, em declarações ao Sul Informação no final da cerimónia, salientou que a criação deste novo Serviço de Medicina Nuclear «não é um processo simples», já que passa por um «projeto completo que inclui as instalações e o equipamento. Não é só levantar paredes, nem apenas instalar um novo equipamento».
A escolha da unidade hospitalar de Portimão para o Serviço tem a ver com o espaço, já que o hospital de Faro está a rebentar pelas costuras. «Aqui temos mais espaço e capacidade para instalar este serviço», explicou Ana Varges Gomes.
Aquela responsável fez ainda questão de sublinhar a presença da equipa que vem assegurar o novo serviço. Além do médico especialista Elísio Sousa, que é o diretor do Serviço, há também os técnicos especializados, num total de cinco pessoas, que «vieram de novo, foram contratados para estar aqui».
«Este é mais um passo para termos um centro hospitalar universitário com cada vez mais possibilidades de atrair outros profissionais para trabalharem connosco, terem a qualidade que necessitam nos equipamentos e nos ajudem a fazer os seus diagnósticos, atraindo assim mais gente que se possa fixar na nossa região», disse Ana Varges Gomes.
«Os equipamentos ajudam a atrair as pessoas, se fosse um equipamento obsoleto seria difícil, mas este é topo de gama, um dos primeiros a nível nacional desta categoria», acrescentou.
Mas o CHUA não vai ficar por aqui. Questionada pelo Sul Informação sobre quais os futuros investimentos previstos, a responsável anunciou a aquisição de um Angio TAC «a breve prazo», num investimento de «à volta de 1 milhão de euros», já candidatado a fundos comunitários.
O Angio TAC, explicou, «vai permitir fazer estudos do ponto de vista cardíaco, sem necessidade de fazer cateterismo, por exemplo quando há uma suspeita de um enfarte. É um exame menos invasivo, que permite uma melhor qualidade de imagem, outro tipo de exames».
Segundo Ana Varges Gomes, «será o primeiro Angio TAC a nível do Serviço Nacional de Saúde».
Mais uma vez, reforçou, também esse equipamento será importante para «aumentar a nossa capacidade de investigação» e assim tentar atrair mais profissionais de Saúde para o Algarve.
Horácio Guerreiro, diretor clínico do CHUA, também já tinha referido isso mesmo: «estes equipamentos são fundamentais para captar recursos», já que médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde preferem estar onde estão os melhores serviços e equipamentos.
O equipamento de Angio TAC poderá, aliás, ser importante para a Cirurgia Cardíaca que, segundo Horácio Guerreiro, irá «iniciar este ano» no CHUA, havendo mesmo «uma equipa preparada para vir para cá».
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