Precisamos muito deste Natal!

Aproveitemos este Natal com as pessoas que são importantes para nós. Para ouvir e dar. Para sentir. Para estar presente. Para dar o melhor de nós

Os últimos anos foram muito desafiantes.

A pandemia. A responsabilidade individual de cumprir as restrições que foram sendo necessárias, aderir à vacinação e, nos últimos tempos, seguir as recomendações.

Os riscos a que temos estado expostos, o medo de ficar doente ou que as outras pessoas fiquem doentes, as restrições sociais com impacto significativo na vida, muitas vezes com prejuízo das relações interpessoais e das dinâmicas familiares.

As interrupções e as alterações nos modelos de trabalho. O trabalho remoto e híbrido e a necessidade de adaptação e gestão das exigências laborais. Pelas pessoas. Pelos líderes. Pelas organizações.

As perdas. Sim, é necessário falar sobre o que se perdeu. Muitas pessoas perderam os seus empregos. Muitas pessoas viram a sua saúde ficar em causa. Muitas pessoas deixaram de estar com as pessoas importantes, em particular os idosos. Muitas pessoas perderam familiares e/ou amigos e ainda não tiveram oportunidade de vivenciar o seu luto.

No entanto, também surgiram oportunidades que, de outra forma, não teriam acontecido. Algumas oportunidades na área do emprego. Outras no âmbito da conciliação trabalho-família. Muitas oportunidades com a utilização das tecnologias.

Quando a pandemia começou a ficar controlada, começámos a prestar mais atenção ao que se passa a nível internacional.

Uma guerra. E, obviamente, as consequências em larga escala dessa mesma guerra. Tão longe, mas afinal tão perto de nós. A crise económica e financeira. Dentro de nossa casa, com impacto diário para todos, uns mais que outros.

Contudo, se os últimos anos nos trouxeram dificuldades, também nos trouxeram desafios importantes para um futuro que já está a acontecer.

De destacar apenas alguns. Os ambientes de trabalho saudáveis, com a semana dos quatro dias de trabalho e o seu impacto, entre outros, na produtividade, saúde mental, bem-estar e qualidade de vida no trabalho. A importância da promoção da saúde mental nas escolas, desde o ensino pré-escolar. A importância da atuação atempada na prevenção da violência e criminalidade, que sabemos aumentar em épocas de crise.

Um fator comum a tudo isto, amplamente estudado pelas Ciências Psicológicas, é a capacidade que muitas pessoas têm para, apesar das dificuldades, se adaptar a circunstâncias difíceis e, em alguns casos, superar-se e florescer. A par, o apoio social, que desempenha também um papel importante na adaptação a situações difíceis. Por um lado, porque contribui para adquirir competências e oportunidades. Por outro lado, porque cumpre uma função emocional e de partilha de experiências.

Qual pode então ser o nosso maior desafio neste momento?

Tornarmo-nos melhores pessoas. A partir das nossas experiências, por exemplo, com a pandemia e a crise que estamos a viver. Com base nas nossas caraterísticas e experiências prévias.

Porque as situações desafiantes fazem sobressair o que há em nós. O pior. E também o melhor.

Este Natal não vai ser igual aos anteriores.

Aproveitemos este Natal com as pessoas que são importantes para nós. Para ouvir e dar. Para sentir. Para estar presente. Para dar o melhor de nós.

Aproveitemos este período para refletir sobre o nosso contributo individual para um mundo melhor.

Porque o futuro é feito por cada um de nós.

Boas Festas para tod@s!

 

Autora: Marina Carvalho é psicóloga, especialista em Psicologia Clínica e da Saúde e em Psicoterapias.
Diretora do Departamento de Psicologia e Educação Física do ISMAT.
Assistente Principal de Saúde no Serviço de Psiquiatria do CHUA – Unidade de Portimão.
Investigadora Integrada no Instituto de Saúde Ambiental – Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa.

 

 
 

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