Projeto mitiga o «impacto visual negativo» da eletrificação da ferrovia na Meia Praia

Câmara de Lagos e Infraestruturas de Portugal estão a estudar o que se poderá fazer

Atual linha férrea na Meia Praia – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

A Câmara Municipal de Lagos e a empresa Infraestruturas de Portugal (IP) já estão a estudar, em conjunto, um projeto para «tentar mitigar o impacto negativo visual e paisagístico» que a eletrificação da Linha do Algarve irá causar, no troço de cerca de seis quilómetros ao longo da Meia Praia.

Hugo Pereira, presidente daquela autarquia, revelou ao Sul Informação, à margem da assinatura da consignação da empreitada de eletrificação do troço Tunes/Lagos da Linha do Algarve, que teve lugar na sexta-feira, dia 24, nesta última cidade, que o que está em causa é o impacto da colocação de cerca de uma centena de postes de catenária «com sete metros de altura», ao longo da linha que bordeja aquela praia.

«Apesar de percebermos que a eletrificação tem de ser feita, desde o principio, na fase de discussão do Estudo de Impacte Ambiental, manifestámos alguma discordância e as nossas reservas em relação a essas catenárias, que terão um forte impacto visual negativo».

Na sua intervenção na sessão oficial, perante Pedro Nuno Santos, ministro das Infraestruturas, o autarca Hugo Pereira já tinha manifestado a necessidade de, na obra de eletrificação na frente marítima da Meia Praia, se impor «uma abordagem personalizada» para essa frente de mar. E é isso mesmo que agora está a ser discutido entre a Câmara de Lagos e a IP.

«Fizemos o estudo prévio, que já foi remetido para a IP, está a ser avaliado para saber se concordam ou não com a nossa proposta. Penso que, em Julho ou Agosto, possamos ter o estudo prévio aprovado para avançar para projeto de execução e tentar ver entre as partes, Câmara e IP, a melhor forma de minimizar o impacto negativo visual».

 

Atual travessia da linha férrea na Meia Praia – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Carlos Gonçalves, vice-presidente da Infraestruturas de Portugal, explicou, por seu lado, a necessidade de usar catenárias na eletrificação de uma linha ferroviária: «os comboios, para terem energia elétrica, esta tem que vir de algum lado e, portanto, a forma que se usa em todo o mundo em sistemas ferroviários deste género é termos um poste de catenária com cerca de cinco metros e meio de altura, a cada 50 metros».

Este responsável defendeu, nas suas declarações ao Sul Informação, que estes «postes e o fio de contacto por cima» «acabam por ter pouca expressão na paisagem, mas obviamente são um elemento novo».

No entanto, Carlos Gonçalves acrescentou que se trata de «uma tecnologia que existe praticamente em todo o país, existe em Lisboa, em frente à área monumental do Mosteiro dos Jerónimos, existe no Douro – ou vai existir no Douro -, existe no Minho e existe em todos os países que têm este sistema».

Apesar disso, a IP está recetiva às ideias da Câmara de Lagos, estando ambas as entidades «a trabalhar no sentido de preparar um plano de requalificação ambiental na envolvente, para minorar, ainda assim, o impacto na paisagem que nós consideramos que não é muito grande».

«Obviamente que a Meia Praia é um local absolutamente extraordinário e portanto queremos contribuir para preservar a sua imagem», garantiu o vice-presidente da IP.

 

Meia Praia – Foto: Elisabete Rodrigues | Sul Informação

 

Levantando a ponta do véu sobre o projeto para a Meia Praia, o presidente da Câmara de Lagos explicou ao nosso jornal que «a ideia é intervir em todo o terreno que confina e é paralelo à linha do comboio».

«É uma zona que, grosso modo, funciona como estacionamento de acesso à praia e em vez de ser feito estacionamento tradicional, o que está a ser previsto é tentar elevar, nalguns pontos, o nível do terreno, criar alguma componente urbanística e paisagística para tentar minimizar e disfarçar a extensão enorme de catenárias que vão ter que ser colocadas para a eletrificação se poder fazer na frente de mar», acrescentou Hugo Pereira.

A intervenção, revelou, «poderá rondar 5 milhões de euros».

E quem paga? «Neste momento, essa é a discussão que existe. Há abertura por parte da IP para suportar a totalidade ou parte do valor», havendo também a possibilidade de recorrer a fundos europeus. «Entre nós e eles, poder-se-á candidatar em conjunto com a empreitada de eletrificação, ou posteriormente, numa candidatura a ser feita por nós».

O vice-presidente das Infraestruturas de Portugal também concorda que «havemos de arranjar forma de, entre as duas entidades, executar aquilo que faça sentido executar».

Na Declaração de Impacte Ambiental (DIA), «está prevista esta intervenção» de minimização dos impactos visuais e paisagísticos da linha eletrificada na Meia Praia. Por isso, assumiu Carlos Gonçalves, «o que decorrer diretamente da intervenção de requalificação, a IP assumirá. Se houver outros trabalhos que faça sentido aproveitar para fazer, obviamente teremos que os articular com o Município».

 

 



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