Traineira “Portugal Primeiro” já está a ser restaurada para ser peça de museu em Portimão

Embarcação vai ser colocada numa estrutura a instalar junto ao Museu de Portimão

O restauro da traineira “Portugal Primeiro”, «uma das mais carismáticas embarcações do género ligadas ao cerco e que operou no porto de pesca de Portimão», tendo em vista a sua musealização, já está em curso e deverá estar concluída até final do ano.

A ideia é que, após a intervenção, a cargo da empresa local Portinave, «a traineira permaneça posteriormente em doca seca, podendo ser visitada pela comunidade», segundo a Câmara de Portimão.

A recuperação desta embarcação é feita ao abrigo de uma candidatura do Museu de Portimão ao Programa Operacional Mar 2020, que irá comparticipar em 424 mil euros este projeto, cujo custo total se prevê que ronde os 620 mil euros.

A iniciativa contempla a instalação de «uma estrutura museológica explicativa», a instalar junto ao Museu de Portimão, que contextualizará a história da “Portugal Primeiro”, remetendo para «uma cenografia do ambiente dos estaleiros navais que outrora marcavam a paisagem da zona ribeirinha de Portimão».

A estrutura será concebida de modo a garantir boas condições de conservação da traineira, «protegendo-a da luz solar». Também será instalado um sistema de rega com água salgada, «bombeada diretamente do rio Arade, além da instalação de um sistema de iluminação cénica que possibilitará a sua visualização e valorização noturna».

«O acesso à embarcação, por forma a visualizá-la no seu todo, far-se-á também através de uma rampa, tornando a sua visita acessível a todos», descreve a autarquia.

No exterior existirá um outro percurso «onde serão cenografados alguns trabalhos relacionados com a construção naval em madeira», incluindo «toda a parte de carpintaria, calafetagem, ferragens e respetivo apetrechamento com equipamentos de bordo, como os acessórios da embarcação, de que são exemplos a cordoaria e as redes», antecipa a Câmara.

 

 

O projeto museográfico “Portugal Primeiro – Uma Traineira com História” pretende que a embarcação «seja pretexto para ponto de reflexão sobre a própria atualidade do contexto marítimo e as questões que levanta hoje em dia aos profissionais do setor, nomeadamente os apoios à pesca, o defeso e as restrições que condicionam o setor, além do saber fazer de outrora até às atuais inovações tecnológicas, à lota e à comercialização do pescado».

A traineira “Portugal Primeiro” começou por ser um galeão a vapor para a pesca da sardinha. Mandado construir pelo industrial conserveiro e armador Júdice Fialho, em 1911, num estaleiro em Vigo, na Galiza, esta embarcação foi a primeira de uma frota de nove galeões, do “Portugal Primeiro” ao “Portugal Nono”.

Em 1948, quando foi adaptada ao motor a diesel, foi transformada em traineira, mantendo a sua popa em leque, característica distintiva. Esteve no ativo até à década de 1980.

Por volta de 1990, depois de ter estado parada alguns anos no cais de Portimão, foi adquirida pela empresa Ribeiro & Quintas, que a recuperou nos estaleiros da Portinave, estando em funcionamento até 2008.

«Por essa altura, houve a intenção de ser dada para abate, o que foi impedido pelo Município de Portimão, que comprou a embarcação com o objetivo de a restaurar e musealizar na zona ribeirinha, junto ao edifício do Museu, integrando-a no discurso expositivo que este equipamento cultural dedica à vocação marítima do concelho», segundo a Câmara.

Nesta decisão pesou a importância assinalável deste barco para a história de Portimão, «enquanto testemunho singular do património marítimo local e de várias atividades com que esteve relacionada, desde a pesca à construção naval e à indústria conserveira, lotas e comercialização de pescado, atividades responsáveis pelo crescimento económico e social da localidade durante o século XX».

 

Fotos: Câmara de Portimão

 



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