Ano de 2021 foi muito quente a nível global, em Portugal a seca juntou-se ao calor

Em Portugal continental, o ano de 2021 classificou-se como quente e seco

O ano de 2021,a nível global, de acordo com o Copernicus Climate Change Service (C3S), insere-se num ciclo de sete anos consecutivos de temperaturas recordes, acaba de anunciar o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).

Globalmente, 2021 foi o 5º quinto ano mais quente, superando ligeiramente os valores de 2015 e 2018. Os anos mais quentes foram 2020, 2016, 2019 e 2017.

O ano 2021 teve uma anomalia de + 0.47 °C em relação à normal 1981-2010 no que respeita à temperatura do ar média anual.

Curiosamente, apesar de ter sido o Verão europeu mais quente de sempre, na Europa, o ano 2021 não se encontra entre os 10 mais quentes, verificando-se um anomalia de + 0.59°C da temperatura média do ar em relação à normal 1981-2010.

No Verão passado, na zona mediterrânica (sobretudo Grécia, Espanha e Itália), verificou-se uma onda de calor intensa, com temperaturas do ar muito elevadas, seca e violentos incêndios. Foi registado um recorde de temperatura do ar na Sicília, 48.8 °C mais 0.8 °C do que o máximo anterior.

Em relação à precipitação na Europa, durante 2021, houve muita chuva numas zonas do continente e seca em outras.

Assim, salienta o IPMA, registaram-se valores acima da média em grandes partes da Europa Ocidental e Central e em partes do sul da Europa, mas mais secas do que a média em partes da Península Ibérica, e nas regiões mais orientais da Europa, incluindo o sudoeste da Rússia, Cáucaso e Turquia.

Em Portugal continental, o ano de 2021 classificou-se como quente e seco. O valor médio anual da temperatura média do ar em 2021 foi superior em 0.41 °C ao valor normal 1971-2000.

O valor médio da temperatura máxima do ar foi o 12º mais alto desde 1931, com um desvio de + 0.81 °C e o valor médio da temperatura mínima do ar, foi muito próximo do valor normal.

 

 

Eventos meteorológicos relevantes em 2021 em Portugal:

♦ Depressão “Hortense” – 21 e 22 de janeiro: precipitação intensa, fortes rajadas de vento, superiores a 100 Km/h nas regiões do Norte e Centro, em especial nas terras altas. Os maiores valores de rajadas foram registados no Caramulinho (1003 m), 124 Km/h e em Pampilhosa da Serra (836 m), 123.1 Km/h.

♦ Episódio de neve – 9 de janeiro: ocorrência de neve no interior em cotas muito baixas, da ordem de 250/300 m, em especial no Alentejo.

♦ Tempo muito frio em janeiro (1 a 19): situação de frio generalizado a todo o território com valores da temperatura máxima e mínima do ar muito inferiores ao valor normal climatológica:
o Persistência de vários dias consecutivos com temperaturas negativas (+ de 10 dias consecutivos em 1/3 das estações) em particular nas regiões do interior Norte e Centro.
o Ultrapassados os menores valores de temperatura mínima do ar nas estações de Chaves, Braga e Covilhã (estações com séries com início após 1990), nas quais este episódio de frio terá sido mais intenso, pois foram registados novos valores extremos: -8.3 °C, -7.0 °C e -6.4 °C, respetivamente.
o Onda de frio: apesar de ter ocorrido uma de onda de frio, esta foi relativamente localizada e verificou-se em cerca de 10 % das estações meteorológicas.
o Desconforto térmico associado às baixas temperaturas do ar (em alguns dias potenciado pela intensidade do vento).

♦ Fevereiro o 5º mais quente desde 1931: o valor médio da temperatura média do ar foi +1.68 °C superior à normal. O valor médio da temperatura mínima do ar foi o 3º mais alto desde 1931, com anomalia de +2.35 °C.

♦ Precipitação intensa em fevereiro:
o Dias 4 e 5 – algumas situações depressionárias originaram precipitação intensa na região Sul, acompanhada de trovoada. Foram ultrapassados os maiores valores
diários (00-24h) nas estações meteorológicas de Portel e Faro.
o Dias 9 e 20 fevereiro – precipitação frequente, intensa e generalizada no território em especial nas regiões do Norte e Centro; valores diários muito elevados, tendo sido ultrapassados os maiores valores (00-24h) em algumas estações do Norte e Centro do território. No dia 20, a passagem de uma superfície frontal fria de forte atividade associada à tempestade Karim, originou rajadas da ordem de 100 km/h no litoral e de 110 km/h nas terras altas.

♦ Tempo quente em março: valores diários de temperatura máxima do ar muito altos entre 14 e 18 e a partir de dia 22, onde destaca o período de 28 a 31 com desvios superiores a 6 °C em relação à normal:
o No dia 31 foram ultrapassados os maiores valores de temperatura máxima em algumas estações meteorológicas da região Norte e interior Sul, sendo de destacar Elvas (30.1 °C) e Aveiro (29.8 °C), estações com séries longas, desde 1941 e 1981, respetivamente.
o Nos dias 29 a 31 foram ultrapassados os maiores valores de temperatura mínima do ar para o mês de março nas estações de Cabril, Macedo de Cavaleiros, Coimbra, Tomar, Alvega, Almada, Sines e Odemira.

♦ Depressão “Lola” – 23 a 28 de abril: ocorrência de precipitação intensa, localmente forte, por vezes acompanhada de granizo e trovoadas.

♦ Maio com valores diários da temperatura mínima muito baixos: os valores diários da temperatura mínima do ar foram quase sempre inferiores ao valor médio mensal; no dia 2 foram ultrapassados os menores valores de temperatura mínima do ar em algumas estações meteorológicas, sendo de destacar Alvega (1.2 °C), Elvas (3.4 °C) e Neves Corvo (4.0 °C) estações com séries longas, desde 1949, 1941 e 1981, respetivamente.

♦ Aguaceiros fortes, granizo e trovoada no dia 31 de maio: região nordeste do território em especial na região de Montemuro- Alvão-Castro – Lamego, tendo sido registado 15.1 mm numa hora no Pinhão.

♦ Fenómenos meteorológicos severos em junho: ocorrência de precipitação forte entre os dias 11 e 20, em especial nas regiões do Norte e Centro, acompanhada de granizo, trovoada e rajadas de vento convectivas fortes. Registaram-se rajadas localmente intensas na ordem de 50 a 70 km/h em alguns locais do interior dessas regiões. No Pinhão foram registadas rajadas entre 79 e 103 km/h no dia 15.

♦ Tempo muito quente 10 a 17 agosto:
o Devido a um transporte de ar quente e seco para o território, ocorreram valores de temperatura máxima do ar muito altos, em especial nos dias 13 a 15 com cerca de 10 a 20 % das estações meteorológicas a registarem valores superiores a 40 °C (dias extremamente quentes); o maior valor da temperatura máxima ocorreu em Reguengos, 44.3 no dia 14.
o Noites tropicais (valores de temperatura mínima do ar ≥ 20 °C) em mais de 10 % das estações no período de 13 a 17 em particular na região Sul, nomeadamente no Algarve, onde se destaca o dia 14 com mais de 30% das estações.
o Onda de calor com duração entre 6 e 9 dias nas regiões do interior Norte e Centro, Vale do Tejo e em alguns locais do Alentejo.

♦ Aguaceiros fortes, granizo e vento forte em setembro: verificaram-se condições de instabilidade sobre o território continental, com a ocorrência de aguaceiros por vezes fortes e acompanhados de trovoada, assim como rajadas de vento localmente intensas, com maior frequência e intensidade na região Centro e alguns locais da região Sul.

♦ Tempo quente em outubro: persistência de valores de temperatura máxima do ar quase sempre acima do valor normal, sendo de realçar os períodos de 6 a 15 e 18 a 21. Ocorreu uma onda de calor com duração entre 6 e 10 dias em alguns locais das regiões do Vale do Tejo e do Alentejo.

♦ Precipitação intensa – 29 e 31 de outubro: precipitação, por vezes, persistente e forte a muito forte nas regiões Norte e Centro e no dia 30 nas regiões Centro e Sul. Foram ultrapassados os maiores valores diários de precipitação nalgumas estações da região Centro.
O vento soprou por vezes forte no litoral, com rajadas até 95 km/h nas estações do Cabo da Roca e da Fóia.

♦ Dezembro muito quente: 4º dezembro mais quente desde 1931; temperatura máxima do ar, a 2ª mais alta desde 1931. De destacar o dia 31, excecionalmente quente, tendo sido ultrapassados ou igualados os respetivos anteriores máximos de dezembro em cerca de 10 % das estações do Continente. Zambujeira registou o valor de 26.4 °C que é um novo máximo para esta estação e constitui um novo extremo para o mês de Dezembro em Portugal continental desde 1941.

♦ Seca Meteorológica: entre abril e final de agosto, aumento gradual da área e da intensidade da seca meteorológica. A 30 de setembro diminuição da área em seca, terminando o ano hidrológico com 43% do território em seca meteorológica. Nos meses de novembro e dezembro verificou-se um novo aumento da área e da intensidade da seca, terminando o ano com 94 % do território em situação de seca meteorológica (58 % seca fraca, 27 % seca moderada e 9 % em seca severa).

 

 

 
 



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