«Maestro» Bacalhau tomou posse para continuar «grande concerto» em Faro

Candidato do PS à Câmara João Marques não tomou posse

Rogério Bacalhau – Foto: Nuno Costa|Sul Informação

Rogério Bacalhau, «o maestro» que está a dar um «grande concerto» em Faro, subiu ao palco do Teatro das Figuras, esta segunda-feira, 11 de Outubro, não para orientar a sua «boa orquestra», mas para tomar posse para o seu terceiro e último mandato como presidente da Câmara da capital do Algarve.

As metáforas musicais no discurso de tomada de posse do autarca não se ficaram por aqui, mas já lá vamos, porque antes da subida ao palanque de Rogério Bacalhau, na cerimónia de tomada de posse dos eleitos municipais, houve outros discursos e momentos dignos de realce.

O primeiro a discursar foi Luís Graça, do PS, que terminou o mandato como presidente da Assembleia Municipal. O deputado na Assembleia da República fez questão de felicitar Rogério Bacalhau por ser o primeiro autarca farense a conseguir «a eleição para o terceiro mandato» e prometeu ter sempre «a porta aberta», enquanto parlamentar, para os problemas de Faro.

 

Luís Graça – Foto: Nuno Costa|Sul Informação

 

Graça fez ainda uma revelação que deixou alguns dos presentes surpreendidos: «nos próximos dias, darei entrada na Assembleia da República de uma iniciativa simbólica. Irei propor a elevação de Montenegro a cidade. É o terreno de Faro que mais tem evoluído em várias vertentes, como o comércio, e merece ser uma nova cidade», adiantou.

Seguiu-se a eleição do presidente da Assembleia Municipal que, desta vez, foi mesmo ganha pelo social-democrata Cristóvão Norte. Há exatamente quatro anos, houve uma “surpresa” na votação, que é secreta, e acabou por ser a lista encabeçada por Luís Graça, do PS, a ganhar.

Este ano, houve apenas uma lista em escrutínio e a “surpresa” foi mesmo o número de votos que a lista única arrecadou, que foram 16 dos 31 possíveis. Houve 15 votos em branco.

Tendo em conta que, contando com presidentes de Junta de Freguesia, houve 15 eleitos da coligação Unidos por Faro (PSD/CDS-PP/IL/MPT/PPM), um dos deputados municipais do PS, PAN, CDU ou Chega deu mesmo o seu voto à lista encabeçada por Cristóvão Norte, que tem Francisco Soares como 1º secretário e Cláudia Luz como 2ª secretária.

 

Cristóvão Norte – Foto: Nuno Costa|Sul Informação

 

O novo presidente da Assembleia Municipal de Faro subiu então ao palanque para um discurso que, fez questão de frisar, «tinha sido escrito há quatro anos. Tive que mudar algumas coisas que, felizmente, mudaram para melhor», gracejou.

Cristóvão Norte realçou que, neste mandato, «Faro entrou num tempo novo de grandes transformações, grandes oportunidades e maiores desafios» e apelou à «necessidade de se gerar consenso» neste órgão, tendo em conta que apesar de «os eleitores terem dado maioria absoluta na Câmara, não o fizeram na Assembleia Municipal».

Por isso, defendeu Norte, «a dinâmica democrática não pode ser fã de preconceitos. Perdem Faro e os cidadãos, ganham os bloqueios e os atrasos».

Para que as «convergências necessárias sejam possíveis», o presidente da Assembleia Municipal adiantou que vai tomar «a iniciativa de propor comissões de acompanhamento de matérias fundamentais: o turismo, a habitação, o  ordenamento território, o ambiente, o bem estar-animal, a candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura, a acessibilidade e a mobilidade reduzida».

Na tomada de posse do executivo municipal, houve uma ausência notada: João Marques, candidato do PS à Câmara de Faro, não assumiu o lugar de vereador.

 

O novo executivo da Câmara de Faro

 

Além de Rogério Bacalhau, o executivo para o novo mandato é composto por Paulo Santos, Sophie Matias, Carlos Baía e Adriano Guerra, que já faziam parte da anterior equipa, e por Teresa Aleixo, a única cara nova eleita pela coligação liderada pelo PSD. Eleitos pelos socialistas, tomaram posse Anabela Afonso, Aquiles Marreiros e Paula Matias, que “subiu”, ocupando o lugar de João Marques.

Cumpridas as formalidades da tomada de posse, Rogério Bacalhau iniciou o seu discurso. Com voz trémula, agradeceu à sua família e depois à sua equipa, uma vez que «é certo que o maestro é importante, mas sem uma boa orquestra, de que valem as suas qualidades? Neste caso, o triunfo é muito mais do que a soma de uma boa orquestra e de um bom maestro. O que o eleitorado premiou nesta eleição foi também a partitura deste grande concerto que estamos realizando em Faro».

Um “concerto” que, nos próximos quatro anos, vai ter momentos como a requalificação «do espaço público, em particular as áreas verdes e levando qualidade e conforto às vias de circulação da cidade e freguesias».

 

Rogério Bacalhau – Foto: Nuno Costa|Sul Informação

 

Outra das principais prioridades passa pelo reencontro de Faro «com a sua vocação de cidade costeira».

E os projetos para atingir este fim são vários, «estão maduros e foram minuciosa e demoradamente escrutinados por diversas entidades governamentais: a APA, a Docapesca, os Portos, a Marinha, o Parque Natural… todas elas foram chamadas a pronunciar-se, algumas por mais que uma vez, sobre o que vamos fazer: no Quilómetro Cultural, na Fábrica da Cerveja, na Doca de Recreio e em todo o passeio que vai do Parque Ribeirinho até ao Largo de São Francisco».

Rogério Bacalhau quer fazer estas obras, mas há outras «oportunidades de desenvolvimento, que ficam muitas vezes moribundas, no tampo de uma secretária em Lisboa».

O exemplo dado pelo autarca foi projeto para o Cais Comercial. Há três anos, Ana Paula Vitorino, ministra do Mar, esteve em Faro «a comprometer-se com o andamento do plano de pormenor para o Cais Comercial. Um mandato passou e, entre mudanças governamentais e uma pandemia, tudo permanece sem despacho. E assim a cidade vai perdendo oportunidades de ouro para se chegar à frente como cidade náutica, com uma marina singular, que será simultaneamente, centro de investigação e destino de investimento para público e privados».

 

Rogério Bacalhau – Foto: Nuno Costa | Sul Informção

 

É devido a casos como este que Rogério Bacalhau não vai esperar pela verba do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) para intervir na habitação no concelho.

«O Governo anunciou há meses que, por via do PRR, iria financiar todas as estratégias locais de habitação. No nosso caso, o envelope financeiro prometido é superior a 28 milhões de euros, mas já sabemos que as palavras nem sempre têm correspondência em atos. Com ou sem as verbas prometidas pelo Governo, quero assegurar aos farenses que os projetos de habitação social não cairão. Por isso, estamos já a consultar a banca para constituirmos um empréstimo que nos dê a liquidez necessária para irmos avante com a habitação social que o concelho necessita e que ninguém faz há mais de 20 anos», revelou.

Também a habitação a custos controlados «seguirá, com novos fogos nos 2 lotes já alienados para o efeito».

O mandato 2021-2025 ficará ainda marcado pela candidatura a Capital Europeia da Cultura, um projeto que «suplanta os nossos limites territoriais. Abarca todo o Algarve e representa uma vontade comum a todos os algarvios», enalteceu também Rogério Bacalhau.

«Maestro» Faro já tem.

 

Fotos: Nuno Costa|Sul Informação

 

 

 

 



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