Exposição que celebra o centenário do arquiteto Manuel Gomes da Costa abre hoje em Faro

A mostra foi produzida e estreada em 2009, ainda em vida do arquiteto

Casa Alfredo Gago, Faro. Projeto de 1956

«mgc100 – Moderno ao Sul» é o título da exposição que celebra o centenário do nascimento do arquiteto modernista Manuel Gomes da Costa, e que abre hoje, dia 14 de Outubro, pelas 18h30, na Sala de Atos do Cabido da Sé de Faro.  A mostra fica patente até 15 de novembro.

Trata-se da reposição, 12 anos depois, do evento de 2009 – Moderno ao Sul – criada com o intuito de, então ainda em vida, celebrar a carreira do arquiteto Manuel Gomes da Costa (1921-2016) e dar a conhecer, através de 40 obras, a progressão e abrangência da ação profissional do arquiteto no Algarve.

Já em 2009, o objetivo era claro: integrar a obra na memória coletiva dos algarvios de forma a que, através do seu conhecimento, a população atuasse como vigilante deste património “novo”, agora reconhecido e em grande perigo de transformação e que, por desconhecimento, arriscaria (e arrisca) uma crescente degradação e desaparição gradual, como aconteceu muitas vezes até aqui.

Em simultâneo e em lenta, mas firme progressão, o nome de Gomes da Costa e alguns dos seus colegas contemporâneos, como Manuel Laginha e Vicente Castro, foram catapultados para a riquíssima esfera do Moderno Português, à medida que muitas teses, estudos, artigos e livros foram sendo desenvolvidos por estudantes, arquitetos e historiadores de arquitetura em muitas Universidades de Portugal e Espanha.


Exposição patente: de 14 de outubro a 15 de novembro
Horário:
De segunda a sexta-feira: das 10h00 às 18h00;
Sábado: 10h00 às 12h30;
Domingo – encerrado
Entrada livre

Muitas ações de divulgação e proteção deste património foram desenvolvidas entretanto, como são os recentes exemplos da recriação de casas modernistas de Faro para o ambiente do jogo Minecraft pelos alunos das escolas do concelho, através do projeto MI.MOMO.FARO – Minecraft e a Arquitetura Modernista em Faro, ou a classificação de interesse Municipal do Eixo de ligação entre o mercado e a Escola Secundária João de Deus, que define regras restritas de intervenção em edifícios Modernos, numa sucessão contínua de ruas e bairros da cidade, constituindo, até agora, algo de raro no país.

Repor a exposição «mgc100 Moderno ao Sul» é uma celebração da arquitetura, da vida e obra do arquiteto Manuel Gomes da Costa e tudo o que aconteceu ao longo destes últimos 12 anos.

Graças aos esforços da Câmara Municipal de Faro e, então, em 2009, do Museu Municipal de Faro, foi e é possível, em simultâneo, fazer um ponto de situação e um pontapé de saída relativamente a uma série de ações que serão desenvolvidas num futuro próximo e que farão com que Faro se afirme como uma importante Capital do Moderno Português.

 

Quem foi Manuel Gomes da Costa

Foi no ano de 1953 que o Arquiteto Manuel Gomes da Costa chegou ao Algarve com uma bagagem fresca de novos valores linguísticos e uma nova arquitetura que rompia com os padrões do tempo do regime.

Ao longo de mais de cinco décadas de trabalho árduo, perseverante e solitário, MGC projetou e construiu centenas de obras, que, para além do programa habitacional mais corrente, teve também muita expressão no âmbito do equipamento público, dentre os quais se destacam, entre outros, a Creche de Aljezur, a Colónia de Férias de Alcantarilha, o Colégio da Nossa Senhora do Alto em Faro, a Capela de Santa Luzia ou a Cooperativa Agrícola de Santa Catarina da Fonte do Bispo.

Fácil de reconhecer, o “estilo” Gomes da Costa evoluiu ao longo do tempo. De uma linguagem próxima da “Escola do Porto” e dos mestres brasileiros como Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo Reidy ou Vilanova Artigas (nos anos 50 e 60), para um estilo cada vez mais pessoal e livre no fim da sua carreira como arquiteto (2002). Em qualquer dos casos, MGC procurou uma arquitetura informada que refletisse com responsabilidade os valores do seu tempo; “leve, solta, democrática, humana, adaptada ao lugar e ao clima”, ao serviço e ao alcance do maior número de pessoas.

Personagem singular, foi talvez o maior representante da Geração Moderna no Algarve pela excecional qualidade e quantidade de trabalho. A persistência e coerência do trabalho de MGC desde o princípio da sua carreira, representam esse “espírito de missão”, de equipar a sociedade para o futuro com os meios técnicos e linguísticos da sua época.

Grande parte destes edifícios do Período Moderno e da sua autoria, são importantes testemunhos formais da realidade do séc. XX em Faro e no Algarve. Património único e irrepetível, é possível, através dele, estabelecer novas conjunturas, revendo-se a continuidade da História através da análise do acontecimento individual.

 



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