Vila Real de Santo António já tem uma Pousada de Portugal com «alma»

O Grupo Pestana fez questão de «respeitar o património pré existente»

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

Não há um que seja igual ao outro, mas os 57 quartos da nova Pousada de Portugal de Vila Real de Santo António, que foi oficialmente inaugurada na quinta-feira, dia 1 de Julho, têm algo em comum: «a alma».

Afinal, esta é uma unidade hoteleira diferente, que se divide por vários edifícios e neles se integra de forma harmoniosa, como foi possível perceber durante a abertura desta nova Pousada, a quarta que o Grupo Pestana abriu no Algarve.

Este é um projeto que prima pela originalidade e que é, desde a sua génese, diferente de tudo o que este grupo hoteleiro já fez.

Em vez de recuperar um só edifício histórico, foram intervencionados cinco prédios, divididos por três lotes. Tanto o principal, onde fica a receção, o restaurante e a maioria dos quartos, como o imóvel de apoio, também com quartos, dão para a icónica Praça Marquês de Pombal, o ex-libris do centro histórico daquela cidade.

No principal, que junta três edifícios – o prédio contíguo à Caixa Geral de Depósitos, o edifício senhorial que serviu de sede do PCP e um terceiro imóvel na mesma rua deste último –  foram construídos 39 quartos, divididos por três pisos.

Do lado oposto da praça, num prédio que chegou a albergar serviços da empresa municipal SGU, serão instalados mais 18 quartos.

O facto de o Grupo Pestana ter tido de trabalhar com edifícios históricos foi um desafio, mas também acaba por ser a grande mais valia desta unidade.

 

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

«Os quartos aqui são bastante diferentes. Porque são prédios diferentes, de arquitetos diferentes, de épocas arquitetónicas distintas. Os azulejos mudam de casa para casa», descreveu ao Sul Informação Luís Castanheira Lopes, presidente das Pousadas de Portugal.

«Por isso, o que nós fizemos foi, antes de mais nada, respeitar o património pré existente. Não deitámos nada abaixo, não mudámos janelas, mantivemos tudo exatamente como estava, porque os edifícios e os quartos têm a sua alma», explicou.

«Quando nós entramos ali, cada quarto tem autonomia em relação ao do lado, não é igual aos outros todos», acrescentou.

Para chegar a este ponto, foi necessário passar por um processo com «a sua complexidade», uma vez que, «para criar um único estabelecimento, nós utilizámos cinco prédios».

 

Luís Castanheira Lopes – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

«Foi necessário articular todas as circunstâncias de cada um dos prédios, até porque têm cotas diferentes, têm áreas diferentes, técnicas de construção diferentes. Primeiro, houve esse cuidado técnico, que é sempre demorado. E depois a execução da obra, que também é demorada», enquadrou.

Ainda assim, salientou, a obra foi concluída no prazo previsto. «Temo-la pronta quase há um ano. Só que, com a pandemia, não se justificou abri-la antes».

Isto significou colocar em pausa um investimento que custou «cerca de 3 milhões de euros».

Chegados a Julho de 2021, a Pousada de VRSA está de portas abertas e veio criar 30 postos de trabalho diretos.

«Mas nós sabemos que as pousadas têm sempre uma função dinamizadora de atividades à sua volta. E, seguramente, nós vamos criar postos de trabalho noutras entidades. Porque as pessoas que dormem aqui, almoçam noutro lado, tomam café noutro lado, não fazem a sua vida inteiramente aqui na pousada», disse Luís Castanheira Lopes.

 

Paulo Silva – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

A aposta do Grupo Pestana em abrir a Pousada vilarrealense numa altura em que a pandemia não só perdura, como se está a agravar, não se revelou errada – pelo menos, até ver.

«As coisas estão a correr muito bem. Na altura que estamos a viver, está a correr acima da expetativa. Estamos com 16 quartos ocupados, um número muito simpático para uma abertura, e esperemos que seja um sucesso», revelou ao Sul Informação Paulo Silva, o diretor regional do Algarve das Pousadas de Portugal.

«Nós não sabemos muito bem o que vai acontecer, é um mercado que ainda não dominamos, porque até agora estávamos em Sagres, Estoi e Tavira. Estamos muito curiosos em relação ao futuro, mas achamos que tem todo o potencial para ser uma unidade de referência, diferente daquilo que a marca Pousadas nos habituou», acrescentou.

Para já a perspetiva é boa.

«Se mantiver o cenário atual, está muito simpático. Não tivemos muitos cancelamentos nas Pousadas aqui do Algarve. Como são unidades pequenas, também trabalhamos muito o mercado nacional, não tivemos uma elevada taxa de cancelamento», disse.

No que à unidade de VRSA diz respeito, «já estamos com uma média de 40% de procura em Agosto. Nós sabemos que o cliente de pousadas é muito last minute. À distância de um mês, este número é muito animador».

 

Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

E, tendo em conta que Espanha está ali à vista, do outro lado do Guadiana, Paulo Silva não esconde estar «muito atento ao mercado espanhol. Até pode ser o nosso sustento para épocas mais complicadas no Inverno».

Talvez por isso, o restaurante desta Pousada de Portugal aposta muito em tapas, mas não só.

«Temos alguma oferta virada para o mercado espanhol, que é muito forte aqui, especialmente ao fim de semana. Temos bruschetas, tapas e fizemos algumas inovações com as pizzas, com produtos nacionais. Temos um forno fantástico», descreveu Paulo Silva.

«Posso dizer-lhe que, por exemplo, substituímos as anchovas por sardinhas de conserva, que são ótimas. O queijo que se põe nas pizzas é o nosso queijo de cabra do Algarve e o pepperoni foi substituído pela paiola e enchidos algarvios. E resulta fantasticamente bem», concluiu.

 

Luís Romão – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

Da parte da Câmara, ver nascer uma unidade hoteleira como esta «é muito importante».

«Nós não nos podemos esquecer que VRSA, em termos geográficos, se situa um bocadinho numa periferia. Ver uma Pousada Pestana aqui no concelho é, de facto, um grande orgulho», salienta Luís Romão, presidente da Câmara Municipal.

O edil não esconde que a abertura da unidade «é, de facto, um sonho, com tudo aquilo que acarreta», nomeadamente  «a recuperação de edifícios que estavam devolutos ou sem ocupação», que agora terão «uma nova vida» e darão, «por consequência, mais vida a um espaço central de VRSA que já de si tem uma boa dinâmica».

No fundo, a abertura desta Pousada de Portugal «representa um selo de qualidade e seriedade para a cidade e mostra que o concelho é um sítio apetecível para o investimento e para o turismo», concluiu.

 

Fotos: Hugo Rodrigues | Sul Informação

 

 



Comentários

pub