Querem «criar no Algarve coisas que são belas, sustentáveis e acessíveis», aceitando o desafio feito pela União Europeia através da iniciativa Novo Bauhaus Europeu. Para isso, atores de diferentes áreas reuniram-se no Museu do Traje de São Brás de Alportel, no dia 21 de Julho, para participar numa sessão colaborativa e de co-design – e já há ideias para projetos futuros.
O Novo Bauhaus Europeu é um movimento criativo e interdisciplinar de âmbito europeu «que proporciona um espaço de encontro para conceber futuros modos de vida, situado na encruzilhada entre a arte, a cultura, a inclusão social, a ciência e a tecnologia», segundo a Comissão Europeia.
Tem por objetivo «aproximar o Pacto Ecológico dos sítios onde vivemos e mobilizar um esforço coletivo para imaginar e construir um futuro sustentável, inclusivo e belo para todos».
Na passada semana, ao longo de um dia, duas dezenas de representantes de entidades e projetos da região algarvia juntaram-se para aceitar este desafio, partindo de uma série de perguntas: Quais os projetos belos, sustentáveis e para todos que existem no Algarve? Quais as ideias e iniciativas Novo Bauhaus Europeu existentes noutros países da Europa e que podem ser implementadas no Algarve? Como podem as entidades Algarvias cooperar e co-criar com o objetivo de participar ativamente neste grande movimento Europeu?
E já há quem lhes queira responder.
«Esta foi a primeira e única sessão que foi presencial, até agora, até porque começamos o projeto numa altura de pandemia. Alguns dos atores não se conheciam, pelo que foi uma oportunidade para se conhecerem, para apresentar o que estão a fazer e o que gostariam de começar a fazer em conjunto», explicou, em declarações ao Sul Informação, Sofia Martins, da candidatura de Faro a Capital Europeia da Cultura 2027 (Faro2027), um dos parceiros do projeto.
«Desta forma, já foi possível pensar em alguns projetos conjuntos. Houve seis ideias que dali saíram, que ficam, a partir de agora, sob a alçada dos diferentes atores, que as vão tentar alavancar. A bola está do lado de quem co-criou», acrescentou.
Revitalização do espaço urbano e das açoteias, novos modelos de residências artísticas, empreendedorismo de base social, renovação e (re)adaptação de saberes tradicionais, educação alimentar e hábitos de consumo sustentável foram alguns dos temas debatidos e sobre os quais os agentes criativos presentes no evento mostraram vontade de investir e co-desenvolver.
Os participantes nesta sessão, todos eles representantes de entidades e projetos do Algarve e com «perfis diversos e complementares das áreas que aborda o Novo Bauhaus», foram escolhidos pelo «grande contributo inovador e transformador que trazem à região».
«Percebemos que, para haver um espaço de co-design, de desenho colaborativo, não faria muito sentido fazer uma chamada aberta a todas as pessoas, mas sim identificar aqueles que já tinham projetos que são ou belos ou sustentáveis ou para todos, para lhes dar uma oportunidade para que se encontrassem e se fundissem», explicou Sofia Martins.
«Não conseguimos nunca fazer um match perfeito. Nunca sabemos muito bem, pois depende das pessoas, de quem aceita ou não e das expetativas que têm. Mas procurámos identificar alguns atores que já tivessem projetos nestas áreas e que tivessem potencial de trabalhar em conjunto», reforçou.
Desta forma, «a sessão de partilha e desenho colaborativo permitiu explorar novas articulações e sinergias, entre profissionais e projetos desenvolvidos e ambicionados para a região do Algarve, cruzando as áreas da sustentabilidade, acessibilidade, tecnologia, arte e cultura».
Esta é apenas uma das linhas de ação do grupo de entidades que estão a dinamizar o Novo Bauhaus Europeu no Algarve, composto pela Associação Designers do Sul, pela Associação Al Mouatamid Ibn Abbad, pelo Europe Direct Algarve, pela CCDR Algarve, pelo Sul Informação e pela Faro2027.
A outra, é a criação de uma “Galeria Digital de Projetos Inspiradores”, onde vão caber iniciativas já existentes, que estão agora em andamento ou que já foram implementadas.
«Às vezes ouvimos falar deste ou daquele projeto que é giro, mas não há nenhum lugar onde possamos encontrar as iniciativas que têm algum enquadramento nesta filosofia do Novo Bauhaus Europeu, saber onde existem e onde ir buscar mais informação sobre eles», disse Sofia Martins.
Por acharem «que não fazia sentido nesta altura» fazer um evento «onde houvesse uma série de pessoas a expor», os dinamizadores do movimento decidiram «fazer isto de forma digital».
«Desta forma, qualquer pessoa pode aceder à informação quando quiser. Fica online uma galeria das coisas que existem na região. É quase como fazer um mapa do que está a acontecer no Algarve, nesta área», resumiu.
Aqui, «a ideia é não só identificar os projetos, mas também deixar contactos, para potenciar sinergias».
Para o futuro, a ideia é publicar a galeria, que em breve estará disponível no site da Faro2027.
Em Setembro, o Novo Bauhaus Europeu entrará numa nova fase, em que «será feita uma call, para financiar cinco projetos de outras tantas cidades, a nível europeu».
«Ainda não sabemos quanto dinheiro será, nem as regras do jogo. Mas quem sabe se não haverá uma iniciativa destas que nós co-desenhámos nesta sessão que se possa candidatar?», deixou no ar Sofia Martins.
Os organizadores da iniciativa destacaram ainda a disponibilidade do Museu do Traje de São Brás de Alportel em acolher esta sessão.
Entidades presentes na Sessão de Co-Design de futuros projetos no âmbito do movimento Novo Bauhaus Europeu
Alexandra Teodósio (Vice-reitora da Universidade do Algarve, em representação da UALG e projeto Hippocampus)
Anabela Santos, Associação Almargem e Via Algarviana
André Pacheco, projeto Culatra 2030 – Comunidade Energética Sustentável
Andreia Pintassilgo, Loulé Design Lab e Loulé Criativo
Artur Gregório, Associação In Loco;
Carla Barreto, Qrer – Cooperativa para o Desenvolvimento dos Territórios de Baixa Densidade
Carla Martins, Estúdio de projetos Martins Arguello e projeto Linked.green
Catarina Ramos, ADS – Associação de Designer do Sul
Cristina Veiga Pires, Centro de Ciência Viva do Algarve e Geoparque Algarvences
Joana Carmo e João Vargas, Museu Zero
João Ministro, Proactivetur e projeto Tasa
Maria João Cabrita, Recreativa Républica 14
Marlis Weissenborn, Museu do Traje/ Amigos do Museu São Brás de Alportel
Nelson Horta, Associação Poeta Aleixo e Casulo – Incubadora de Inovação Social Loulé e Algarve
Nicolas Blanc, Sciaena e projeto Marmotto
Raquel Ponte, Geek Girls Portugal
Rute Gago, Município de Faro e projetos Açoteia Rooftop festival e Living Street
Silvia Palma, Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa e projeto MI.MOMO.FARO
Fotos: Jorge Mestre Simão, Faro2027
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