Figuras tem Fernando Daniel e Silvia Pérez Cruz num mês de Junho «cheio de música e teatro»

Diretor do teatro espera que as «saudades» da Cultura levem muito público aos espetáculos

Fernando Daniel | Foto: Martyna Mazurek | Sul Informação (Arquivo)

Fernando Daniel, “Panóptico”, “Maria, A Mãe” e Silvia Pérez Cruz são alguns dos destaques da programação de Junho do Teatro das Figuras, em Faro, neste que será «um mês cheio de música e teatro».

Com o país ainda a “desconfinar”, depois de vários meses sem que fosse possível assistir a espetáculos, Gil Silva, diretor do Teatro das Figuras, sente que «as pessoas estão ávidas de consumir cultura e de voltar às salas de espetáculo».

Em entrevista ao Sul Informação, o responsável disse esperar que estas «saudades façam o público regressar». Para mais porque, em Junho, propostas não faltam.

 

Gil Silva, diretor do Teatro das Figuras. Foto: Rúben Bento | Sul Informação (Arquivo)

 

Gil Silva começa por destacar a estreia nacional de “A Gaivota”, pela companhia João Garcia Miguel, que é uma coprodução com o Teatro das Figuras. Esta peça terá duas sessões únicas, já este sábado e domingo, dias 5 e 6, às 19h30.

“A Gaivota” é uma produção original que, «através do caos dos corpos em mutação, nos faz refletir, interrogar e dialogar sobre noções de transexualidade, identidade, expressão, corpo, fisicalidade, interioridade, humanidade, reinvenção vs. extinção, até à mudança total de identidade e de género», revela a sinopse.

 

“A Gaivota”, pela companhia João Garcia Miguel

 

No dia 12, a programação continua com outra estreia nacional: “The Odder Sideshow”, com a companhia “Fric à Frac” a trazer a Faro circo contemporâneo.

O espetáculo, coproduzido com o Teatro das Figuras, contará com arremesso de facas, engolidor de fogo, escapismo, blockhead, malabarismo com motosserra e equilibrismo sobre catanas, interligando com técnicas de palhaço e teatro físico. Ou seja, no mínimo, interessante.

A 16 de Junho, às 19h30, sobe ao palco Silvia Pérez Cruz, «uma grande artista internacional, que vai ser um dos grandes nomes do mês», afirma Gil Silva.

A cantora espanhola irá apresentar o seu mais recente álbum, “Farsa”, criado com influência de outras artes, como o teatro, cinema, dança, poesia, pintura ou o cinema de animação. Este novo trabalho «responde à sua inquietação em relação à dualidade do que se mostra e o que realmente somos».

Silvia Pérez Cruz vai fazer-se acompanhar pelo contrabaixista Bori Albero e pelo violinista Carlos Monfort.

 

Silvia Pérez Cruz

 

Outro dos destaques do mês, também na música, será a atuação – neste caso atuações – de Fernando Daniel. O primeiro concerto, marcado para 19 de Junho, esgotou, o que levou à «abertura de uma data extra no dia 20», adianta o diretor do Teatro.

Pensado para teatros, no espetáculo “Presente em Acústico”, Fernando Daniel interpreta, ao vivo, as canções do seu segundo álbum. A pandemia obrigou ao adiamento dos seus concertos, mas o cantor chega a Faro antes da estreia nos Coliseus do Porto e Lisboa.

Voltando ao teatro, no dia anterior, dia 18, estreia-se “Panóptico”, uma peça da Associação Cultural ArQuente, que resulta do “Ciclo Emergente 2020”, e que é coproduzido com o Teatro das Figuras.

«Muito para lá da idealização de uma prisão, tornamo-nos carcereiros de uma imagem fabricada. A ampliação do alcance da tecnologia voyeurista sobre os gestos diários, o distanciamento do mundo físico, a crescente cibernetização. Os vícios, as rotinas e indulgências privadas e a exposição “na rede” a todos os níveis: pessoal, íntimo, próximo, social, sistémico. Dançamos no inferno. O inferno são os outros. E o diabo, alguém disse, é o aborrecimento», é o mote para “Panóptico”.

No final do mês, a 24 de Junho, o “Ciclo Às Quintas No Teatro” vai trazer ao Teatro das Figuras “Maria, A Mãe”. Com interpretação de Custódia Gallego, João Gaspar, Lucília Raimundo e Elmano Sancho (também autor e encenador), a peça é uma coprodução Teatro da Trindade, Casa das Artes de Famalicão e Loup Solitaire.

“Maria, A Mãe”, o segundo texto da trilogia “Sagrada Família”, de Elmano Sancho, aborda a perda, a dor, a solidão, a velhice, o esquecimento e a morte.

 

“Maria, A Mãe” terá interpretação de Custódia Gallego, Elmano Sancho, João Gaspar e Lucília Raimundo

 

Para encerrar a programação de Junho no palco, no dia 26, a peça “Geocide” vai contar «a história de um mundo, o nosso ou qualquer outro, igual, apenas com uma diferença infinitesimal de foco que o transforma completamente».

Este espetáculo «propõe uma experiência essencialmente performativa, visual e sonora, que navega pelos temas da mobilidade demográfica, do antropoceno, das narrativas distópicas, das visões de futuro apocalípticas, do aceleracionismo, do tecnocentrismo, do pós-humano, da biopolítica e da geopolítica», realça o Teatro das Figuras.

A peça insere-se no “Ciclo Às Quintas No Teatro” e é uma coprodução Estrutura, Centro Cultural Vila Flor, 23 Milhas – Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré.

Além da música e do teatro, há também espaço para a exposição “Capacidade de Carga”, de José Jesus, que é inaugurada no dia 25, no foyer.

A mostra vai ter obras produzidas durante o confinamento, que são «um conjunto de objetos de uma antropologia forçada ou fictícia», partindo da ideia de sustentabilidade, explica o Teatro.

A programação completa pode ser consultada no site ou nas redes sociais do Teatro das Figuras.

 

 



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