Portugal também suspende a vacina da AstraZeneca

Suspensão tem por base o princípio da «precaução em saúde pública»

Vacina da AstraZeneca – Foto: Hugo Rodrigues | Sul Informação

A Direção-Geral de Saúde e o Infarmed acabam de anunciar, em conferência de imprensa em Lisboa, a «interrupção temporária» da administração da vacina da AstraZeneca, tendo por base o princípio da «precaução em saúde pública». A decisão surge após casos de «reações adversas reportadas em vários países europeus», disse Rui Ivo, presidente do Infarmed.

Também presente na conferência de imprensa, a diretora geral de Saúde acrescentou que, apesar das reações adversas serem «extremamente graves» também são «extremamente raras», tendo sido poucos os casos de reações adversas em 17 milhões de doses da vacina já administradas em todo o mundo.

Graça Freitas pediu às pessoas que já foram vacinadas com este fármaco para se manterem tranquilas e adianta que em Portugal não foram reportados casos semelhantes. No entanto, pediu também que as pessoas vacinadas se mantenham atentas: «se sentir mau estar persistente, durante alguns dias, sobretudo se for acompanhado de nódoas negras ou hemorragias cutâneas, não hesite e consulte um médico».

Quanto às pessoas já vacinadas nos últimos dias, a diretora geral de Saúde acrescentou ainda que «a segunda dose ocorre daqui a bastante tempo», 12 semanas (cerca de três meses) após a primeira dose. Graça Freitas disse esperar que, «durante este tempo, a Agência Europeia do Medicamento nos dê a resposta a estas dúvidas que agora temos». «Vamos aguardar tranquilamente».

Ainda não foi feita uma ligação entre os casos reportados de tromboembolismo e a toma da vacina, explicou, mas espera-se que «durante esta semana haja resultados» dessa avaliação.

Os casos conhecidos foram discutidos a nível europeu, com a Agência Europeia de Medicamentos e as redes de autoridades responsáveis pelos planos nacionais de vacinação, onde participa a DGS.

A principal consequência desta suspensão da vacina da AstraZeneca é que a vacinação que estava prevista para o fim de semana de pessoal docente e não docente do pré-escolar e o primeiro ciclo vai ser adiada, admitiu Henrique Gouveia e Melo, coordenador da task force para a vacinação contra a Covid-19.

«Os planos que já estavam em execução foram postos em pausa a partir de hoje à tarde», até que «as dúvidas deixem de existir», explicou no coordenador da task force.

Enquanto as questões de segurança à volta deste fármaco não ficam esclarecidas, Portugal vai manter as vacinas da AstraZeneca em armazém, garantiu Henrique Gouveia e Melo. O responsável revelou que já foram dadas cerca de 400 mil vacinas, ficando em armazém cerca de 200 mil.

Mas Graça Freitas acrescentou que «não são vacinas desperdiçadas», dado que estão armazenadas em condições. Assim continuarão até que a Agência Europeia do Medicamento e, em Portugal, o Infarmed confirmem a sua segurança.

Prevê-se que a primeira fase de vacinação esteja terminada no mês de Abril. A vacinação com as outras vacinas vai continuar.

Em comunicado conjunto da Direção-Geral da Saúde e do Infarmed – Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde divulgado já depois de terminada a conferência de imprensa, estas entidades esclarecem que «os escassos casos de eventos tromboembólicos notificados no país ao Sistema Nacional de Farmacovigilância têm características clínicas e laboratoriais distintas, de menor gravidade
e complexidade, face aos casos reportados a nível da União Europeia que estão em avaliação».

«Atendendo a que já foram administradas mais de 17 milhões de doses desta vacina na União Europeia e no Reino Unido, os eventos que têm sido reportados são muito raros e representam um número residual entre as pessoas vacinadas, pelo que não há motivos de preocupação acrescida para quem já recebeu esta vacina», acrescentam.

No entanto, recomendam que «os profissionais de saúde que suspeitem de reações adversas em pessoas vacinadas devem notificar, de imediato, essas reações no Sistema Nacional de Farmacovigilância».

O comunicado termina assegurando que «este assunto continuará a ser acompanhado pelas autoridades nacionais de saúde, através
da sua participação na avaliação que decorre a nível europeu em conjunto com as autoridades congéneres europeias».

 



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