AHP: Dados do INE confirmam que hotelaria «vive crise sem precedentes»

«A situação da Hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes»

Os dados provisórios divulgados pelo INE sobre os resultados de 2020 da atividade turística «não surpreendem o setor hoteleiro e vão, infelizmente, ao encontro do que a Associação já antevia», disse hoje a AHP – Associação da Hotelaria de Portugal.

Desde o início da pandemia que a AHP, a maior e mais representativa associação da indústria hoteleira em Portugal, tem vindo a monitorizar o impacto da COVID-19 na Hotelaria e nos Hostels.

Logo em março de 2020, tinha projetado uma perda de 7,3 milhões de dormidas e 800 milhões de euros, até junho.

Mas, já no final do ano passado, o cenário apontado, tendo como base os resultados de 2019, era ainda mais catastrófico: quebra de 70% nas dormidas (menos 40 milhões de noites) e de 80% nas receitas, alojamento e outras, o que equivale a menos 3,6 mil milhões de euros. Isto só considerando a Hotelaria (Hotéis, ApartHotéis e Pousadas).

E os resultados que o INE divulgou mostram ainda que, em 2020, entre as várias formas de alojamento, a Hotelaria e os Hostels destacaram-se dos demais pelas «ainda mais brutais quebras», com reduções de 64,5%, e 66,4%, respetivamente, muito superiores às registadas pelo alojamento local e pelo turismo no espaço rural e de habitação.

A AHP considera que «igualmente grave é o impacto que ocorre nos diversos destinos». Como a AHP também já tinha previsto, «as maiores quebras são e serão nos destinos urbanos e o especial impacto no principal destino religioso».

Os números do INE revelam que Lisboa teve uma quebra de 76%, o Porto de 72% e Fátima ainda sofreu uma maior hecatombe, com uma redução de 78% nas dormidas, que se deveu principalmente ao colapso das dormidas de não residentes: menos 88%.

Raul Martins, presidente da AHP, esclarece que «2020 foi um péssimo ano, recuámos a valores de dormidas de não residentes de 1984! Mas 2021 não será melhor. A situação da Hotelaria é muito grave e os apoios insuficientes, é importante que se perceba isso».

«As empresas hoteleiras estão há um ano com quebras enormes, e, neste momento, não conseguem honrar os seus compromissos com os ordenados, os fornecedores e os impostos. Não nos podemos esquecer que as empresas hoteleiras empregam cerca de 90 mil profissionais, o que corresponde a 30% de todos os profissionais do setor do alojamento e restauração. É uma grande fatia que não pode ser descurada», acrescentou.

E o presidente da AHP deixa o alerta: «se não existirem apoios urgentes, não será ‘apenas’ o setor hoteleiro, empresas, trabalhadores e famílias que sofrerão, mas toda a economia».

A AHP já solicitou ao governo a criação de uma linha específica de apoio para a hotelaria e medidas financeiras e fiscais exclusivamente dirigidas às empresas hoteleiras, bem como a isenção da TSU, e entretanto aguarda prorrogação urgente das moratória dos reembolsos de capital e juros das linhas de financiamento “COVID-19” e dos demais créditos bancários.

A AHP reforça: «sem as empresas hoteleiras não haverá retoma do Turismo, e o Turismo pode voltar a ser o motor da retoma da economia portuguesa».

 

 

 

 

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