Refood de Almancil alarga e aumenta apoio em tempos de crise e de Natal

Núcleo de Almancil deste projeto está a preparar cabaz de Natal e surpresa para as crianças apoiadas

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

Sónia Guerreiro está à porta da Refood, em Almancil, já com comida, acabada de receber, num saco de compras. Ao seu lado, estão dois dos três filhos, para quem olha quando diz: «sem esta ajuda, era impossível dar-lhes tudo». Desde o início da pandemia que, nesta instituição, não há mãos a medir para tantos pedidos de apoio, mas, nestes tempos de incerteza, a solidariedade vem ao de cima. 

Há um antes e um depois da Covid-19, na Refood de Almancil. «Antes, apoiávamos cerca de 25 famílias, o que dava 50 pessoas, mas agora, neste momento, estamos a ajudar 215 pessoas, 62 das quais crianças», explica Alexandra Brito, a coordenadora deste núcleo da Refood, à reportagem do Sul Informação. 

As “novas” terças-feiras são o exemplo do que são os dias nesta instituição, em tempos de pandemia.

«Até à semana passada, entregávamos comida às segundas, quartas e sextas-feiras e cada família vinha uma vez por semana. Só que, ao sabermos que há muitas famílias para quem o apoio, uma vez por semana, é insuficiente, passámos a abrir à terça-feira para as pessoas identificadas como tendo mais necessidades», acrescenta.

É o caso de Sónia Guerreiro que vê nesta ajuda uma salvação. Mulher viúva e com três filhos em casa, faz questão de agradecer o apoio dado pela Refood. «É o que me vai permitindo dar-lhes algumas coisas», diz ao nosso jornal. O trabalho como empregada de limpeza ainda o mantém e, confessa, só espera mantê-lo.

 

Alexandra Brito com o presidente do Rotary Club de Almancil – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Dos beneficiários deste apoio, a coordenadora Alexandra Brito ouve as mais diferentes histórias. «Há pessoas que já conhecíamos, outras não, que nos relatam situações de desemprego ou de lay-off».

Nas instalações da Refood, há que tratar das refeições que chegaram para serem entregues aos beneficiários.

Além das sobras que recebem de restaurantes e pastelarias, esta instituição conta com o «grande apoio» do Banco Alimentar, do Pingo Doce e, brevemente, do Continente, supermercados onde fazem recolhas de alimentos. A isto, junta-se um novo apoio, dos Rotários de Almancil, que vai permitir comprar comida para compor os cabazes entregues.

Mas, para que a Refood possa ajudar todos aqueles que precisam, há muito trabalho invisível. Da parte dos voluntários, há quem vá buscar a comida aos estabelecimentos e quem faça depois, nas instalações desta instituição, a separação e entrega.

Maria Cristina Inácio é uma das cerca de 40 voluntárias (o número tem-se mantido estanque, com a particularidade de terem surgido muitos estrangeiros) que dedicam parte da sua vida a ajudar no Refood.

«Como costumo dizer, eu assisti ao nascimento e ao crescimento de tudo isto», diz, sorridente, à reportagem do Sul Informação. 

 

Filipe Oliveira a ajudar uma colega – Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Educadora de infância de profissão, nota um «aumento grande» no número de pessoas que pede ajuda. «Eu, dentro da minha disponibilidade, venho cá ajudar, até porque, quase todos os dias, aparecem pessoas, famílias novas. Ainda hoje isso aconteceu», lamenta.

Numa frase, resume tudo: «não há mãos a medir para tanto trabalho». Foi a pensar nisso que Filipe Oliveira também decidiu que devia dar um pouco do seu tempo a esta causa.

«Eu comecei a ser voluntário há dois meses. Fui bombeiro durante 15 anos e sabe que fica sempre aquele bichinho de ajudar e apoiar. O Refood surgiu meio por acaso, mas identifiquei-me com a causa e é algo de que tenho gostado», conta, por sua vez.

Nestes tempos de Natal, tão associados à solidariedade, este é um trabalho «gratificante, que ganha um novo significado», acrescenta.

A coordenadora Alexandra Brito, que é engenheira civil de profissão, explica que, para assinalar a quadra, a Refood Almancil pensou em duas iniciativas.

«Estamos a preparar um cabaz com alimentos não perecíveis, mas também uma refeição quente, confecionada por voluntários. O nosso objetivo é um: conseguir que as pessoas tenham, pelo menos, uma refeição quente», diz.

 

Foto: Pedro Lemos | Sul Informação

 

Essa refeição, bem como o cabaz, serão entregues no dia 24 de Dezembro, véspera de Natal…mas a ideia é não ficar por aqui.

«Nós conseguimos falar com as crianças que apoiamos para tentar perceber qual seria o seu desejo de Natal, o que sonhavam ter. Vamos fazer de tudo para que consigamos satisfazer os pedidos destas crianças, que, às vezes, são coisas tão irrisórias como umas sapatilhas ou pijamas», conta Alexandra Brito.

É que, apesar da crise, este período «também traz muita solidariedade». «Por exemplo, nós, agora, estamos a apoiar muito mais famílias com crianças, com casos de famílias monoparentais ou em que um dos progenitores está desempregado… São casos diferentes do que estávamos habituados».

Quem quiser apoiar a Refood de Almancil, dando alimentos ou mesmo ajudando a realizar todos os desejos de Natal das crianças, pode entrar em contacto através do 289 355 443 ou 924 083 913. Também pode consultar a página de Facebook, disponível aqui.

Se está interessado em tornar-se voluntário deste projeto, as inscrições são feitas neste link.

 

 

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