Claques de Farense e Portimonense estão contra criação do “Cartão do Adepto”

Na opinião das claques, o «único cartão que deve ser exigido a todos nós é simplesmente o cartão de cidadão»

Foto: South Side Boys

As claques de Portimonense (Orgulhe 1914) e Farense (South Side Boys) fazem parte de um conjunto de grupos organizados de adeptos que subscreveram um manifesto contra a criação do “Cartão do Adepto”. 

O “Cartão do Adepto”, cujo objetivo é entrar em vigor já esta época, foi uma medida tomada pelo Governo e pela Liga e que permitirá ao seu titular aceder a zonas com condições especiais, em recintos onde se realizem espetáculos desportivos das competições profissionais ou considerados de risco elevado.

A entrada e a permanência nestas zonas são controladas através do Cartão do Adepto e, quem pedir este documento, tem de ter mais de 16 anos e dar todos os seus dados pessoais.

Só que a medida, defendem os grupos organizados de adeptos, atropela, «de forma violenta, os mais básicos pilares do estado de direito em que, em teoria, vivemos».

Num comunicado conjunto, são explicados os argumentos. A «impossibilidade de aquisição deste cartão a menores de 16 anos (curiosamente a idade a partir da qual se pode ser chamado a juízo por delitos penais) condena a uma morte lenta e dolorosa a mística do uso de uma faixa, ou o som do rufar de um tambor para as próximas gerações», começam por dizer as claques.

 

Claque do Portimonense – Foto: Nelson Inácio | Sul Informação

 

«Nunca, em tempo algum, podemos admitir que seja, mais uma vez conotada de forma negativa a liberdade de expressão de quem escolheu apoiar o seu clube de pé, e de bandeira na mão. Nunca poderemos conceber que nos é vedado entrar de mão dada com os nossos filhos ou irmãos no nosso setor, porque levamos um megafone na mão», acrescentam.

Na opinião das claques, o «único cartão que deve ser exigido a todos nós é simplesmente o cartão de cidadão».

«Esta medida pode ainda ser vista como ineficaz e vazia. Não é o cartão que muda a natureza do cidadão. Muito menos o setor onde escolhe apoiar a sua equipa. Ao invés, potencia que os grupos se espalhem pelos estádios, criando maiores riscos e problemas às forças de segurança. É contraproducente», defendem ainda.

Por fim, «ao criar várias zonas para vários adeptos, continuam a estigmatizar e a segmentar os adeptos», dizem.

«Criam-se adeptos de primeira e de segunda. Curiosamente os que nunca falham, os que fazem capas de jornais quando é conveniente e fica bonito… Esses são os adeptos de segunda. Os que através desta lei estão obrigados a uma identificação extraordinária. Rotulados e listados, como se de um perigo público se tratassem», concluem.

 



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