«Bora, malta nova», que as aulas já começaram

A GNR esteve a ordenar o trânsito para evitar grandes ajuntamentos

Há ansiedade, espelhada em longos cumprimentos de despedida, mas também alguma alegria, contida, num regresso diferente. O ano letivo já começou e nas Escolas Básica nº1 e EB 2,3 António Contreiras, em Armação de Pêra, esta segunda-feira, 21 de Setembro, sentia-se um misto de medo e esperança com o retorno às aulas presenciais, em tempos de Covid-19. O futuro pode ser incerto, mas, «se todos cumprirem a sua parte, isto vai correr bem». 

Pouco passava das 7h30 e já Carlos Ferreira da Silva, diretor do Agrupamento de Escolas Silves Sul, estava à porta da Básica nº1 e da E.B 2,3 António Contreiras, separadas apenas por um pequeno largo.

«Esta preparação começou há oito semanas», começa por contar Carlos Ferreira, no meio da azáfama, à reportagem do Sul Informação. 

Foi nessa altura que tudo começou a ser estudado e debatido, «com a equipa espetacular que temos no concelho», acrescenta.

Entre as medidas tomadas, salta à vista a colocação de cancelas e baias no largo que divide as escolas, evitando grandes aglomerados, e a criação de um corredor específico para entrada dos alunos.

 

Pai Afonso Bono com o filho

 

E eles foram chegando, logo a partir das 7h45, até porque as aulas, este ano, começam às 8h00. Acompanhado pelo pai, Afonso Bono, que vai para o 5º ano, não escondia o nervosismo…e a timidez.

Já o encarregado de educação mostrava-se confiante. «É um ano completamente diferente, há ansiedade, mas, dentro daquilo que o Agrupamento implementou, acho que estamos seguros», diz. O regresso às aulas presenciais, defende, tinha de acontecer.

«Este convívio faz parte da educação e do próprio crescimento dos alunos. O mundo tem que seguir. Além disso, ficando os miúdos em casa, é mais difícil para nós porque nem todos temos qualidades de professor», comenta, entre risos.

Ali perto, o diretor Carlos Ferreira continuava empenhado em manter a entrada ordeira dos alunos. «Bora, malta nova!», exclamava. Aos pais mais nervosos, que se prolongavam em cumprimentos de despedida, ia deixando palavras de conforto: «vá tranquila! Nós cuidamos deles».

Para que tudo corresse bem, houve, nesta segunda-feira, o primeiro dia de aulas para muitos alunos, a ajuda preciosa da GNR.

 

 

«Nós estamos a desenvolver a operação “Regresso às Aulas” e uma das missões que temos, enquanto GNR, é garantir que este retomar das aulas presenciais decorre em segurança nesta época especial que vivemos», explica o capitão Pedro Fernandes, ao Sul Informação. 

A GNR esteve a ordenar o trânsito que, por vezes, «era caótico» à entrada destas escolas.

«Houve um grande empenhamento da parte deste Agrupamento de escolas e um pré-planeamento para que tudo corresse bem. Queremos evitar os grandes aglomerados à porta das escolas, por exemplo. Aqui há difíceis acessos e com a nossa intervenção é mais fácil coordenar», acrescenta o capitão Pedro Fernandes.

Mesmo em termos logísticos, a escola parece ter tudo bem agilizado. À entrada da EB 2,3, há uma professora que pergunta, a cada aluno, de que ano é. Quem é do 5º, 6º e 8º vai para um lado; o 9º para outro.

Já os alunos dos 7º e 8º anos apenas têm aulas à tarde.

«Temos esses horários faseados, o que facilita muito. As refeições são o pior, mas temos três horas dedicadas só para isso. O nosso lema este ano é a segurança. Isso é o principal. A nossa ideia, nestes primeiros dias, é ensinar as novas regras de maneira a nos protegermos todos. Não podemos dizer que a escola é 100% segura, mas é o mais segura possível. Isso garanto», diz o diretor Carlos Ferreira.

Ainda assim, parece haver a resistência de alguns alunos. De máscara, à qual «já está complemente habituado», Alexandre Antão encaminha-se para a entrada.

Vai para o 6º ano e, apesar das «algumas saudades» da escola e dos amigos, também mostra resistência a este regresso. Com o aumento de casos de Covid-19 que se tem assistido, esta reabertura «não faz grande sentido», defende.

 

O diretor Carlos Ferreira

 

Mas nem todos pensam assim. O diretor do Agrupamento conta uma história ocorrida há minutos. «Ainda agora, alguns alunos me diziam: “Epá! Não vínhamos à escola desde Março”. Mesmo entre os professores, há esse sentimento».

O esquema usado para a entrada das alunos poderá «precisar de alguns ajustes», mas a metodologia não será alterada.

«Queremos as pessoas o mínimo de tempo na escola, reduzindo, ao máximo, os contactos. É certo que temos algumas necessidades a nível do pessoal auxiliar porque os mecanismos de higienização são rigorosos, o número de tarefas é maior, mas é muito importante que os pais tenham também a compreensão de que estamos a fazer tudo. Que não tenham ansiedade porque, todos juntos, vamos conseguir», diz.

Depois de todos alunos da EB 2,3 terem entrado, foi a vez de começarem a chegar, perto das 8h15, as crianças da Escola Básica, do 1º ao 4º ano.

A fila para a entrada forma-se, as regras de distanciamento cumprem-se, mas nos encarregados de educação e alunos, o receio mistura-se com a esperança de um ano letivo em segurança.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

 

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