A importância da Atividade Física em tempos de Pandemia

É decisivo que, antes de mais, cada um de nós retire prazer da atividade física que escolhe praticar

Evidências científicas reconhecidamente robustas têm demonstrado que a prática regular de atividade física está associada de forma preventiva às mais variadas causas de mortalidade.

Não obstante, diversos estudos recentes têm mostrado que uma larga maioria dos portugueses refere não praticar atividade física de forma sistemática e orientada para a obtenção de um determinado objetivo.

Exemplificando, a percentagem de portugueses que frequentam ginásios e health clubs está ainda longe da média encontrada noutros países, apesar de, nos últimos anos, se ter verificado um enorme crescimento neste setor, quer no que diz respeito ao número de clubes, quer no que concerne ao número e qualidade dos profissionais de exercício físico.

Nos tempos difíceis que atravessamos, devido à pandemia de Covid-19, os referidos ginásios e health clubs encerraram as suas portas temporariamente e o confinamento a que todos fomos sujeitos poderá ter tido um impacto significativo a vários níveis, não só no que se refere à condição física, mas também no que respeita à saúde mental e aos aspetos emocionais.

Atualmente, apesar dos cuidados que ainda devemos ter, parece que estão reunidas algumas condições para voltarmos paulatinamente a uma nova normalidade.

Quer em casa, quer ao ar livre (o chamado “green exercise”), quer nos ginásios e health clubs que já adotaram as medidas de segurança necessárias exigidas pelas autoridades de saúde (recentemente foi publicado um estudo a nível internacional a confirmar que os ginásios e health clubs são locais seguros para a prática de exercício físico), é determinante que os portugueses reiniciem ou comecem a contemplar a prática de exercício físico por motivos de saúde, designadamente por questões emocionais.

Mais do que ganhar massa muscular ou perder gordura, cada vez parece ser mais relevante o papel do exercício físico nas funções cognitivas e na regulação das emoções.

Sabemos que diversas hormonas contribuem decisivamente para a referida regulação durante e após a prática de exercício físico. A seretonina é, por exemplo, a molécula da felicidade, na medida em que regula o sono e está relacionada com alterações de humor e depressão.

A dopamina é considerada a molécula da motivação, na medida em que o seu défice gera desmotivação para agir, provocando falta de ânimo, vontade de realizar tarefas diversas influenciando diretamente o humor, atenção e aprendizagem.

Nesta medida, mais do que estar muito motivado, é necessário que cada um de nós esteja bem motivado. Teorias do foro da Psicologia do Exercício têm apontado a motivação intrínseca como algo a privilegiar.

Portanto, é decisivo que, antes de mais, cada um de nós retire prazer da atividade física que escolhe praticar, aumente a sua perceção de competência e tenha o adequado suporte de familiares, pares e profissionais mediante as relações interpessoais estabelecidas em cada contexto.

Bons treinos! Mais Felicidade! Mais Saúde!

 

Autor: Rui Batalau é Doutorado em Atividade Física e Saúde e diretor da licenciatura em Gestão do Desporto do ISMAT- Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes

 

 


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