Faro vai alojar famílias necessitadas e sem-abrigo em Centro de Emergência Social

MAPS é o promotor do projeto

Fábio Simão, presidente do MAPS – Foto: Bárbara Caetano | Sul Informação

«Se já era urgente, agora é emergente». Faro vai ter um Centro de Alojamento de Emergência Social, com uma capacidade total de 49 camas. O projeto, da responsabilidade do MAPS, nascerá em dois edifícios devolutos da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Algarve (DRAPAlg), no Patacão, e vem dar resposta a uma necessidade há muito identificada. 

A Câmara de Faro foi palco, esta quinta-feira, 18 de Junho, da assinatura de um protocolo de cooperação entre o Município e o MAPS – Movimento de Apoio à Problemática da Sida.

Os dois edifícios, pertencentes à DRAPAlg, foram cedidos ao MAPS, o grande promotor do projeto. A Câmara de Faro, por sua vez, vai pagar a renda mensal, de cerca de 3 mil euros.

O Centro de Alojamento de Emergência Social do Algarve, que será o primeiro da região, terá uma capacidade máxima de 49 camas, 20 de alojamento temporário, de três meses, no âmbito de um protocolo com a Segurança Social, e 5 de alojamento de emergência, cedidas à Câmara de Faro, mas cujo número não é fixo.

 

 

As restantes ainda não estão atribuídas e, segundo Fábio Simão, presidente do MAPS, «qualquer município que esteja disponível pode entrar em contacto». «Existindo financiamento, o nosso objetivo é ter lotação cheia», disse.

Este centro vai poder alojar tanto pessoas sem-abrigo, como famílias em situação vulnerável ou pessoas que foram alvo de despejos. Haverá, inclusive, 4 quartos concebidos para acolher famílias.

O centro terá 17 quartos, duas salas de estar, balneários, refeitório, gabinetes técnicos, bem como uma sala para formação profissional.

«O objetivo é que nenhuma pessoa fique mais de 24 horas na rua. Infelizmente, sabemos que este projeto, por si, nunca será suficiente, mas será um princípio e esse é o nosso objetivo. Quem sabe, poderemos ser aqui um ponto de referência, com uma forma de trabalho que seja multiplicada e que se espalhe por outros concelhos do Algarve», explicou Fábio Simão, presidente do MAPS, aos jornalistas.

Depois de ter começado em Agosto de 2017, todo este projeto teve, hoje, um passo importante. Ainda assim, falta o essencial: avançar com as obras necessárias nos dois edifícios, visivelmente degradados.

«Estamos a arrancar na medida das possibilidades. Agora, estamos a criar tudo para preparar a vedação do espaço», enquadrou Fábio Simão.

As obras estão orçamentadas em cerca de 500 mil euros, um «valor longe da realidade» do MAPS. «Vamos recorrer muito ao voluntariado e, principalmente, o nosso objetivo é o mecenato na aquisição de materiais de construção. Outra ideia é podermos comprar a preço de custo», explicou.

 

 

Por agora, já há «algumas respostas» positivas de empresas, mas «menos do que esperávamos».

«Estamos a lutar por isso. Temos enviado muitos e-mails e esperamos também que nos seja talvez possível visitar as próprias fábricas para apresentar o projeto e pedir um apoio mais direto», disse.

A ideia é só uma: permitir «fazer a obra o mais rapidamente possível».

«Sempre tivemos o desejo de abrir até ao final do ano: sempre tivemos essa meta. Toda a gente me diz que é impossível, mas eu ainda não perdi a esperança. Temos muita vontade, tenho uma equipa muito motivada e pronta a ajudar», acrescentou.

Numa altura em que a pandemia da Covid-19 já está a ter os seus efeitos também a nível económico, esta iniciativa, de apoio a quem mais precisa, ganha ainda mais significado.

«Este projeto não tem a ver com a pandemia, mas esta situação pode incrementar a necessidade de ajuda. O nosso desejo era que começasse a funcionar amanhã, mas vai levar ainda algum tempo», explicou Rogério Bacalhau, presidente da Câmara de Faro.

Quanto «à problemática dos sem-abrigo», o autarca disse que esta «é mesmo uma problemática» e que, no seu concelho, «se agravou nos últimos tempos».

De acordo com Rogério Bacalhau, aos «cerca de 30» sem-abrigo que já estavam antes referenciados, somam-se agora «mais 22».

 

 

Alguns são do concelho de Faro, outros «deslocaram-se para cá porque tiveram conhecimento das ajudas», disse. O autarca garantiu que todos serão apoiados, desde que assim o desejem.

Margarida Flores, diretora do Centro Distrital de Faro da Segurança Social, também marcou presença na apresentação deste projeto, manifestando a sua alegria por esta iniciativa.

«Hoje é um dia particularmente feliz para mim», disse. A responsável garantiu ainda «todo o apoio» da Segurança Social ao projeto, não esquecendo o papel «fulcral» da autarquia.

Pedro Valadas Monteiro, diretor regional de Agricultura e Pescas do Algarve, também expressou a sua satisfação por este «processo complicado» já ter conseguido chegar «a este ponto».

É que, concluiu o autarca Rogério Bacalhau, apesar de nascer em Faro, este Centro é uma «mais valia para o Algarve».

Quem quiser ajudar o MAPS neste projeto, pode entrar em contacto através do 289 887 190.

 

 

 

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