Dezembro, o mês do cavalo alado por cima das nossas cabeças

O Inverno começa a 22 de Dezembro

O céu à volta do Zénite por volta das 20h30 do dia 4 de Dezembro (ou por volta das 19h30 do dia 20 de dezembro), com indicação da posição da galáxia de Andrómeda. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis /Stellarium)

Durante o último mês de 2019, há para ver: planetas ao anoitecer, planetas ao amanhecer, planetas a trocar de posição, uma galáxia e um cavalo alado “por cima das nossas cabeças”, uma chuva de meteoros (que mal se vai ver) e ainda o solstício.

Dia 4, a Lua está em quarto crescente. Nesse dia, se em locais com céus escuros olharem para o zénite (ponto por cima das nossas cabeças), por volta das 20h30 (ou por volta das 19h30 mais para o fim do mês), vão poder ver a galáxia de Andrómeda.

A galáxia de Andrómeda é o único objeto visível no céu a olho nu que não pertence à nossa galáxia. Está a cerca de 2,5 milhões de anos-luz de distância, por isso estamos a ver a luz que esta galáxia emitiu há 2,5 milhões de anos, ou seja, na altura em que os australopitecos ainda andavam sobre a Terra.

Andrómeda está na constelação com o mesmo nome, mas, para a encontrar, primeiro é preciso localizar o quadrado do Pégaso. A par dos unicórnios, este cavalo alado é provavelmente dos animais mitológicos mais conhecidos. Na mitologia grega, Belerofonte cavalgou o Pégaso para matar a monstruosa besta Quimera. Mais tarde, tentou usá-lo para ascender ao lar dos deuses, o Monte Olimpo, mas Zeus enviou uma vespa para provocar a sua queda.

Entre os dias 11 e 13, vamos poder ver dois planetas a trocar de posição, ao anoitecer, pois Vénus está em rota ascendente no céu e a ver-se durante cada vez mais tempo. Nestes dias, vamos ver Vénus a passar para cima de Saturno, com os dois planetas a passarem a apenas 2 graus um do outro.

Dia 12, chega a lua cheia e, apenas dois dias depois, haverá o pico da chuva de meteoros das Geminíadas. Infelizmente, apesar de ser das chuvas de meteoros mais intensas do ano, esta vai ser largamente “apagada” pela Lua quase cheia na constelação de Gémeos, o local do radiante (ponto de onde parecem emanar os meteoros) desta chuva.

Mesmo assim, em locais com céu escuros, basta tapar a Lua com a mão e será possível ver até 20 meteoros por hora, depois da meia-noite.

Dia 19, a Lua está em quarto minguante e dia 22, às 04:19 ocorre o solstício de Inverno.

Se estiver bom tempo, esta é a melhor noite de observação do ano, pois é a noite mais longa do ano! O Sol no Porto nasce às 7h57 e a põe-se às 17h09, com o dia a durar 9 horas e 12 minutos.

Em Bragança, o dia dura 9h08min (das 7h51 às 16h59), em Coimbra 9h18min (das 7h53 às 17h11), em Lisboa 9h28min (das 7h51 às 17h19), em Faro 9h37min (das 7h42 às 17h19).

Já no arquipélago dos Açores (Ponta Delgada), o dia dura 9h33min (das 7h55 às 17h28), enquanto na Madeira (Funchal), o dia dura 10 horas certas (das 8h06 às 18h06).

No dia 23, a Lua num minguante quase em nova passa a 4 graus de Marte, ao amanhecer e no dia 26 atinge a fase de lua nova. No dia seguinte, um finíssimo crescente da Lua passa a 3 graus do planeta Saturno, ao anoitecer. E no dia 28, o fino crescente da Lua estará a 5 graus do planeta Vénus.

Festas felizes e um “vinte vinte” com muita astronomia!

 

O céu virado a Sudoeste, com as posições dos planetas Vénus e Saturno, entre os dias 9 e 14 de Dezembro. (Imagem: Ricardo Cardoso Reis/Stellarium)

 

Autor: Ricardo Cardoso Reis (Planetário do Porto e Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço)

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