Bebé morre após grávida ser transferida para Lisboa por falta de incubadoras em Faro

CHUA nega qualquer falha

Foto: Pablo Sabater | Sul Informação (arquivo)

Uma grávida em situação de risco foi transferida, a 2 de Agosto, do Hospital de Faro para o Amadora-Sintra por falta de incubadoras no hospital algarvio. O bebé prematuro acabou por morrer, minutos depois do parto, que ocorreu na manhã seguinte, segundo noticia o Correio da Manhã.

Contactada pelo Sul Informação, fonte da administração do Centro Hospitalar Universitário do Algarve (CHUA) negou qualquer falha, garantindo que «foram seguidos todos os procedimentos normais nestes casos». «Os médicos consideraram que a senhora devia ser transferida, porque não tínhamos incubadoras disponíveis. Foi transferida dentro da rede de referenciação, para o hospital mais próximo com disponibilidade, que era o Amadora-Sintra».

A unidade de Faro do CHUA tem 10 incubadoras na sua unidade de Neonatologia. Mas, segundo a fonte hospitalar, «há alturas em que as incubadoras estão cheias, pelo que temos que enviar as grávidas para a rede de referenciação».

Em resposta oficial às questões colocadas, o CHUA informou que, naquele dia, o serviço de Neonatologia do hospital de Faro «encontrava-se com a sua capacidade de internamento lotada, pelo que a grávida foi encaminhada, em condições de segurança e monitorização adequadas», para o Amadora-Sintra.

Segundo o Correio da Manhã, os médicos consideraram que a grávida, uma mulher de 23 anos, tinha sintomas de pré-eclâmpsia, o que colocava em risco a mãe e o bebé, Por isso, decidiram que teriam de provocar um parto prematuro.

Só que, com as incubadoras do hospital de Faro todas ocupadas, a mulher teve de ser transportada, de ambulância, para o hospital Amadora-Sintra, a 290 quilómetros.

Ainda segundo o jornal Correio da Manhã, o parto ocorreu, por cesariana, no dia seguinte, a 3 de Agosto, mas o bebé acabou por morrer.

Quem já reagiu a mais este caso foi o deputado do PSD Cristóvão Norte, que defende, em comunicado enviado às redações, que «o falecimento de bebé tem que ser investigado».

O parlamentar algarvio considera que as «mães e bebés estão todos os dias em risco no Algarve».

Cristóvão Norte exige que o Ministério da Saúde ordene «a abertura de um inquérito e apurar responsabilidades. A grávida ficou várias horas à espera de ambulância, o serviço não tem espaço nem incubadoras suficientes, é tudo mau de mais para ser verdade. Assim, têm que se transferir grávidas para muito longe, o que em casos destes aumenta exponencialmente os riscos para grávidas e bebés. Várias pessoas, nas quais me incluo, têm alertado para isto. O Governo nada fez».

«O Algarve sofre uma hemorragia na saúde, que não é nova, mas que se agrava, não estanca. Estes episódios são cada vez mais comuns, um inaceitável novo normal, que não é pior porque há muitos profissionais que se empenham de forma extraordinária», conclui o deputado.

Há um mês, a 7 de Julho, uma outra mulher, grávida de 28 semanas, teve de ser transferida, de madrugada, de Portimão para Évora por «falta de resposta nas unidades do Algarve». Neste caso, apesar dos incómodos e dos riscos, tudo acabou por correr bem.

 

 

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