Congresso internacional debate futuro da alimentação na Universidade do Algarve

«Esperamos que este congresso desperte o interesse dos jovens por este ramo da engenharia», refere a presidente da Comissão Organizadora

«Neste momento já se fala muito sobre a grande incógnita que paira sobre a humanidade: conseguiremos ter alimentos disponíveis para todos por volta de 2050?». Este será um dos principais temas debatidos no CIBIA – XII Congresso Ibero-americano de Engenharia de Alimentos, a realizar-se de 1 a 4 de Julho, no Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve, no Campus da Penha, em Faro. 

Tendo como mote “Challenging Food Engineering as a Driver Towards Sustainable Food Processing“, o CIBIA 2019 será o primeiro congresso realizado depois de a Sociedade Ibero-americana de Engenharia dos Alimentos (SIBIA) ter sido formalmente apresentada, em Outubro de 2017, em Valparaíso (Chile).

Em entrevista ao Sul Informação, a professora Margarida Vieira, presidente da comissão organizadora do CIBIA, disse que este será um congresso «com os olhos no futuro» que abordará essa grande incógnita da possível falta de alimentos.

«Devido a este problema, começou-se a falar em sustentabilidade dos alimentos e este congresso tinha forçosamente que abordar essa temática», explicou. 

Os principais temas em debate também vão estar relacionados com o estudo de novos processos de conservação de alimentos sustentáveis, que envolvem menos energia e menos calor, afetando menos as suas propriedades físico-químicas, nutricionais e sensoriais.

São exemplos destes novos processos, a alta pressão, o processamento por impulsos elétricos ou mesmo as embalagens ativas e o desenvolvimento de forma sustentável de novos alimentos, sobretudo com base na valorização de desperdícios da indústria alimentar, com o objetivo de se conseguir “desperdícios de alimentos zero”.

«No ano passado falou-se muito disso, por ser o ano do Desperdício Zero, e temos de tentar caminhar nesse sentido», disse a professora Margarida Vieira ao nosso jornal.

Nesta equação, o papel da indústria alimentar também é importante. «Temos que a ensinar a produzir alimentos cada vez com mais qualidade, conservando com processos que não afetem negativamente a saúde do consumidor e utilizando os alimentos como promotores da nossa saúde», referiu.

«Também se beneficia com os processos de conservação que prolongam o tempo de vida útil dos alimentos frescos. O aumento de conhecimento na área alimentar pode ser utilizado para o desenvolvimento de alimentos inovadores e adaptados a consumidores com necessidades alimentares específicas», acrescentou.

 

Margarida Vieira

 

Para esta iniciativa são esperados cerca de 400 participantes e os peritos mais importantes no ramo da Engenharia Alimentar do mundo ibero-americano. A iniciativa terá várias lições plenárias.

Dos oradores convidados, quatro são portugueses: Isabel Ferreira (Instituto Politécnico de Bragança), Ondina Afonso (Sonae), António Vicente (Universidade do Minho) e Jorge Saraiva (Universidade de Aveiro).

Os restantes são José María Lagaron (Universidade Politécnica de Valência), António Valero Dias (Universidade de Córdova), José Aguilera (Universidade Pontifícia Católica, Chile), Gustavo Barbosa-Cánovas (Universidade de Washington State) e Paul Singh (Universidade da Califórnia).

Prevê-se a existência de 112 comunicações orais e 380 comunicações em painel (posters). Serão atribuídos prémios às duas melhores comunicações orais e em painel.

Os autores das melhores comunicações serão convidados a publicar o seu trabalho em publicações internacionais com revisão por pares tais como o Food Engineering Series, o Journal of Food Process Engineering e o Journal of Food Engineering.

Ao longo dos quatro dias do evento haverá ainda oportunidade para os participantes interagirem, comunicarem e estabelecerem parcerias que permitam potenciar o desenvolvimento do conhecimento.

Por sua vez, a equipa do Departamento de Engenharia Alimentar da Universidade do Algarve vai aproveitar para dar a conhecer o que se faz nesta área de estudo.

A conferência contemplará ainda um workshop orientado pela Ordem dos Engenheiros sobre a importância das associações profissionais no exercício da Engenharia Alimentar no mundo ibero-americano.

Este congresso tem, na visão da professora Margarida Vieira, um outro condão.

«Esperamos que desperte o interesse dos jovens por este ramo da engenharia. Precisamos de mais gente a estudar Engenharia Alimentar no nosso país. Destes, haverá depois uma percentagem que irá trabalhar na industria alimentar e outros que permanecerão nas universidades e centros de investigação a produzir conhecimento, crucial para o desenvolvimento da indústria alimentar, que é a segunda maior em Portugal tendo em conta o volume de negócios gerado», concluiu. 

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