Atum ajuda a “pescar” turistas no Algarve

Projeto a nível europeu está a promover uma Rota do Atum que passa pelo Algarve

A pesca do atum já não tem a importância social de outros tempos no Algarve, mas está a ganhar importância turística. A Tuna Route (Rota do Atum), um projeto europeu que junta vários países do Mediterrâneo, “passa” pela região algarvia juntando, numa plataforma online, várias ofertas turísticas ligadas à pesca do atum que podem ser reservadas e experimentadas pelos turistas.

Em Portugal, o projeto está a ser desenvolvido pela Universidade do Algarve, através do CRIA – Divisão de Empreendedorismo e Transferência de Tecnologia, que está a procurar potenciar o envolvimento de empresas de turismo náutico, restauração, ou alojamento, que possam integrar esta rota.

Luís Pereira, coordenador científico do projeto, explicou ao Sul Informação que a Tuna Route «surgiu a partir da identificação de uma oportunidade, que passa por valorizar recursos culturais que existem relacionados com atum na zona do Mediterrâneo. Com base nessa história, queremos criar uma rota de turismo náutico sobre o atum. Foi um feito trabalho de identificação dos ativos associados com o atum, quer no Algarve, quer Mediterrâneo e, com base nisso, foi desenhada uma rota com dois itinerários: Algarve-Cadiz (Espanha) e outro na zona da Sicilia (Itália)».

Luís Pereira

Além deste trabalho de levantamento, «foi desenvolvido um sistema de informação, que pretende reunir todos os stakeholders relacionados com o atum, seja a nível do alojamento, da restauração, dos eventos, das atrações ou até das compras e, nessa plataforma, estamos a reunir a oferta, para que o turista possa ver o que existe e fazer a reserva da atividade turística».

No Algarve, para já, é possível reservar expedições em barco à vela, atividades de sensibilização e conservação ambiental e ainda a atividade “Cataplana com Todos: Do mercado até à mesa”, da Tertúlia Algarvia.

O objetivo é que a oferta seja «diversificada» e que aumente. «O projeto tem mais seis meses de duração, termina no final do ano. E estamos a tentar envolver o maior número de stakeholders. Os stakeholders só têm a ganhar, porque todo o trabalho está a ser feito pela equipa multidisciplinar de diversos países europeus. Estamos a dar uma possibilidade aos empresários destas regiões de promoverem os seus negócios associando-se à rota», acrescentou Luís Pereira.

O projeto iniciou-se em Janeiro de 2018 e, depois de uma fase de estudo e desenvolvimento, agora está a ser feito «trabalho de divulgação e promoção para reunir o maior número de empresários».

Foi num veleiro que pode ser reservado para fazer a rota entre o Algarve e Cadiz, para «mostrar que é possível fomentar o turismo náutico a nível internacional», que o Sul Informação navegou, na Ria Formosa, juntamente com Federico Cardone.

O espanhol explicou ao nosso jornal que este projeto «pretende unificar as zonas europeias onde o atum foi importante a nível social e económico, criando um branding comum para fazer da Europa um destino mundial relacionado com o atum».

Para já, além do Algarve, estão envolvidas as regiões de Cadiz, as Ilhas Baleares – que estão no consórcio, porque são uma «referência a nível mundial no turismo náutico e queremos beber da sua experiência» – Sardenha, Carloforte e Sicília.

No entanto, para o futuro, esta Rota do Atum até pode vir a ser alargada ao Norte de África. «Este projeto é financiado pelo Fundo Europeu Costeiro, e esta convocatória é só para países membros da UE, mas estamos a pensar apresentar um projeto ao European Neighbourhood Instrument, para que, mantendo estes países, adicionemos países do Norte de África também».

Federico Cardone explicou que «a ideia é que a Europa seja uma referência mundial. Toda a gente conhece o atum, mas há muita história envolvida na sua pesca. A ideia é que qualquer asiático ou australiano venha à Europa e passe por Cadiz, Olhão, Sicilia… e, em dez dias, comprando um pacote turístico, possa conhecer toda a história do atum».

A Tuna Route é um projeto financiado pela União Europeia, através do Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pescas.

Fotos: Rodrigo Damasceno | Sul Informação

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