Sete jovens imigrantes já fazem parte da «família portimonense»

«Temos de estar de braços abertos para estas pessoas, com um olhar igual para todos»

«Se para vocês este é um dia feliz, para nós também o é. Queremos que estudem aqui, que cresçam aqui, que vivam aqui e que se sintam, independentemente das nacionalidades, parte integrante da nossa comunidade». Foi assim que Isabel Oneto, secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna, se dirigiu a sete jovens imigrantes, alunos em Portimão, que já têm títulos de residência em Portugal. 

Arthur Lago, Bernardo Lima, Júlia Lima, Carlos Gomes (todos brasileiros) e os irmãos Andreia, Christian e Sabrina Cretu, da Moldávia, viveram, esta quarta-feira, 29 de Maio, uma tarde diferente, no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Portimão.

Todos são jovens imigrantes, nascidos longe de Portugal, mas, desde ontem, também são cidadãos reconhecidos do nosso país. Passam «a fazer parte da família portimonense», como disse Isilda Gomes, presidente da Câmara de Portimão.

«A comunidade já vos recebeu, mas hoje é um dia importante porque formalizamos o vínculo que já têm. Queremos continuar a valorizar cada ser humano que vive entre nós», disse, por sua vez, a secretária de Estado Adjunta e da Administração Interna.

No seu discurso, Isabel Oneto dirigiu-se mesmo, por várias vezes, aos jovens e crianças imigrantes, alunos dos Agrupamentos de Escolas da Bemposta e Júdice Fialho, que ocuparam os lugares da frente.

 

 

«Temos de estar de braços abertos para estas pessoas, com um olhar igual para todos», defendeu.

A atribuição destes títulos de residência realizou-se no âmbito do projeto “O SEF vai à escola” que faz parte dos Contratos Locais de Segurança, iniciativa do Governo que tem como objetivo, por exemplo, a redução de atividades criminosas e de comportamentos considerados antissociais.

Não é nada, porém, que Carlos Gomes, há mais de um ano em Portugal, sinta. «Tenho sido muito bem recebido pelos professores, que me ajudam, e pelos colegas», disse ao Sul Informação.

Acompanhado pela mãe, o jovem brasileiro, a frequentar o 6º ano, não tem dúvidas: «este foi um dia importante». Porquê? «Sinto mais igualdade depois de receber este título», acrescentou.

Para Isilda Gomes, Portimão é, «sem margem para dúvidas, uma cidade multicultural».

«Recebemos muitos imigrantes e é importante que sintam que fazem parte também da nossa sociedade», considerou, em declarações ao Sul Informação. 

«Eu tenho a certeza que, provavelmente, alguns deles não sabem ainda a importância que tem o cartão que hoje receberam, mas é determinante na forma como vão passar a viver daqui para o futuro. Passam a ser nossos concidadãos e isto é extremamente importante», acrescentou.

 

 

É que, para a autarca, Portimão «precisa destes imigrantes». «Além das crianças, há os pais, a família. Todos precisam de sentir que fazem parte desta sociedade. A democracia impõe que sejamos capazes de fazer esta integração», disse.

Ainda assim, certo é que nem sempre esta coexistência é fácil. Por exemplo, não muito longe do Algarve, na freguesia de São Teotónio, concelho de Odemira, já começam a surgir problemas entre locais e imigrantes.

Mas, em Portimão, tudo «é pacífico».

«Temos feito um trabalho de grande proximidade com estes cidadãos e não temos focos problemáticos. Nada. Há mesmo associações que se têm dedicado também a este trabalho. A inclusão tem sido fácil. Por isso é que recebemos tantos!», garantiu Isilda Gomes.

A família Cretu serve de exemplo: são cinco pessoas que emigraram da Moldávia há cerca de um ano para viver em Portimão. André e Diana são os pais. Andreia, Christian e Sabrina, os filhos, que receberam os títulos de residência.

No final, a mãe era o espelho da felicidade dos cinco. «É mais um passo. Portugal é bem melhor para eles», disse ao Sul Informação, com um dos filhos ao colo.

 

 

A entrega destes sete títulos de residência foi (apenas) o primeiro passo de um processo que vai continuar. É que Portimão tem, segundo um relatório da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares, 111 alunos estrangeiros sem a sua situação regularizada.

«Muito em breve», garantiu Isilda Gomes, serão entregues «mais 18 títulos de residência», mas o objetivo é, mesmo, chegar a todos: aos 111.

«Este foi um sinal que quisemos dar. Os primeiros estão entregues, mas queremos mais. Temos de ter consciência de que precisamos destas pessoas. Que sejamos capazes de lhes dar o melhor que temos para que sintam que este país também é deles», concluiu.

 

Fotos: Pedro Lemos | Sul Informação

 

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