Assembleia Municipal aprova proposta do PAN contra podas abusivas em Faro

Só o PCP se absteve na votação

Foto: PAN Algarve, publicada no Facebook

A Assembleia Municipal (AM) de Faro aprovou, na reunião de 26 de Fevereiro, uma recomendação do PAN (Pessoas-Animais-Natureza) que pede o fim das podas de rolagem – ou seja, abusivas – que eliminam «a maior parte dos benefícios» que uma árvore oferece em «termos ambientais, estéticos e de conforto». 

Esta situação tem estado na ordem do dia, devido às recentes podas feitas no Jardim da Alameda, em Faro.

A proposta do PAN foi a última a ser apresentada, numa Assembleia Municipal que já terminou de madrugada, contando com votos a favor do PSD, CDS, PPM, MPT, PS e Bloco de Esquerda. Já o PCP absteve-se.

No documento, a que o Sul Informação teve acesso, o PAN recomenda que «se utilizem os métodos adequados de poda segundo os princípios de corte», bem como que se «podem as árvores de forma correta e regularmente, garantindo que a beleza e naturalidade características de cada espécie se mantém inalterada, (uma poda bem feita remove apenas entre 1/3 a metade da copa da árvore)».

É que estas podas de rolagem são, na prática, «cortes abusivos de árvores, de ramos de grande diâmetro, deixando apenas alguns cotos ou pernadas estruturais muito reduzidas e em alguns casos só mesmo o tronco, abaixo da copa», salienta a proposta apresentada por Paulo Baptista, deputado municipal do PAN.

Assim, as árvores deixam de «criar sombra para proteção dos raios solares, passam a contribuir para o aumento da temperatura dos espaços abrigados e envolventes, tornam o ambiente mais árido e poluído e deixam de absorver CO2 (um dos gases responsáveis pelo efeito de estufa) e de libertar oxigénio», explica o PAN.

Este partido político, na recomendação que apresentou, quer, ainda, que «seja realizado um estudo alargado sobre o número de árvores à responsabilidade do município, identificando a sua georreferenciação, espécie e estado fitossanitário, comunicando posteriormente os resultados à população num prazo ideal de seis meses a partir da data de hoje. Os resultados devem então manter-se disponíveis para consulta física e virtual em permanência através do site da Câmara de Faro»

Jardim da Alameda – Foto: Pablo Sabater | Sul Informação

Ao Sul Informação, Paulo Baptista, deputado do PAN na Assembleia Municipal de Faro, disse que, «mesmo sabendo que as recomendações da AM não têm um poder vinculativo, esta foi votada positivamente pelos grupos municipais que apoiam o executivo e revelam a vontade da maioria dos partidos legitimamente eleitos para representar os farenses e os superiores interesses do município».

«Sabemos que este tipo de podas está a acontecer um pouco por todo o Algarve. Espero que esta deliberação da AM sirva também para que Faro afirme a sua capitalidade através do bom exemplo sobre as melhores práticas na proteção do seu património ambiental», considerou.

A Câmara de Faro já veio a público também dar a sua visão sobre o assunto. «Temos tentado sempre proceder a estes trabalhos de manutenção sem recorrer a podas de rolagem/radicais», considerou a autarquia, em nota de imprensa.

«A Câmara Municipal só procede à poda das árvores que são da sua responsabilidade (localizadas em espaço público) e sempre mediante parecer técnico emitido pelos serviços, procurando promover a saúde das espécies tratadas e evitar que troncos, ramagens e galhos secos e partidos possam cair na via pública e atingir automóveis e pedestres», diz ainda.

No caso específico da Alameda João de Deus, a Câmara considera que «muitas das árvores tratadas encontram-se extremamente envelhecidas, suscetíveis às intempéries, à doença e a apresentar podridão. Outras foram sendo, ao longo de muitos anos, objeto de desrama sistemática, o que provocou a subida da copa bem como da altura de inserção dos ramos no tronco. Procurando evitar o abate destes exemplares, os serviços têm procedido a uma poda de redução substancial das copas para conter os riscos de queda de ramos – salvaguardando a integridade de pessoas e bens».

«Apesar dos constrangimentos do parque arbóreo, procuramos diariamente levar a cabo os trabalhos de manutenção, tecnicamente corretos e necessários para a segurança dos cidadãos e da dignificação da imagem da nossa cidade e concelho. Reiteramos que, previamente planificadas pelos serviços municipais, todas estas operações realizadas são normais e necessárias em qualquer mata urbana e irão prosseguir para que esta se desenvolva equilibradamente e possa ser usufruída na plenitude pelos munícipe», conclui a nota da Câmara de Faro.

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